sexta-feira, março 09, 2007

Passo de número quatro (sem sacanagem: essa talvez seja a primeira e portanto melhor versão...)

OS PASSOS

Filhos do meu silêncio amante,
Teus passos santos e pausados,
Para o meu leito vigilante
Caminham mudos e gelados.

Que bons que são, vulto divino,
Puro ser, teus passos contidos!
Deuses! os bens do meu destino
Me vêm sobre esses pés despidos.

Se trazes, nos lábios risonhos,
Para saciar o seu desejo,
Ao habitante dos meus sonhos
O alimento feliz de um beijo,

Retarda essa atitude terna,
Ser ou não ser, dom com que faço
Da vida a tua espera eterna,
E do coração o teu passo.

Tradução de Guilherme de Almeida

3 comentários:

  1. Eu também tentei traduzir esse poema.
    ...
    Pros felinos: pegadas.

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  2. Anônimo11:22 PM

    Ivan, esta é minha segunda postagem em teu blog, agora com a inequívoca mão estendida.
    Visita, pois, o meu blog:
    www.rodolfojaruga.blogspot.com

    Um abraço, Rodolfo.


    OS PASSOS

    Os teus passos,
    (crias são de meu silêncio)
    santa e lentamente compassados,
    passeiam mudos e gelados
    e anseiam
    vir ao leito a que pertence
    a minha insônia.

    Persona serena,
    sombra diva,
    quão suaves são teus passos
    tão pacíficos! Deuses, quiçá.
    E os dons que adivinho,
    todos vêm a mim
    por estes pés desvestidos.

    Se por acaso
    por teus lábios
    apressados
    tu preparas
    aprazer
    com farto beijo
    alimentário
    o habitador
    de meus desejos,

    retarda este teu ato tão terno,
    delícia de ser e de não ser ainda,
    porque vivi apenas a esperá-lo
    e este meu peito não mais era que teus passos.

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