sexta-feira, agosto 01, 2008

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio...

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
sabe que a linguagem presta pra isso mesmo:
fingir de morto assim feito um cachorro,
ensaiar sinceridade que no fim é só disfarce,
querer falar de tudo e mal extrair
de si um versinho simples.

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
queria versos bons mas se saiu com estes
(podia ter desempenhado melhor, talvez uma quadrinha,
algo do tipo:
"Aqui dentro do meu intrincado crânio
tem um poeta morto que soluça
e age como se beneficiasse urânio
amortizando alguma crise russa.")

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
tenta manter seu blog atualizado
(mas só posterga, esquece, nem dá bola),
não tem passado muito bem disposto,
e solta um uivo quase fraco e mal composto
só porque hoje começou o mês de agosto.

6 comentários:

  1. Anônimo9:25 PM

    ah, essas deliciosas rimas sinuosas.

    ResponderExcluir
  2. muito bom, ivan.
    quiral é um tipo de molécula de uma mesma substância que, apesar da simetria com as outras, não têm a capacidade de se sobrepor a elas.
    o último verso saiu meio torto, mas vou arrumando com o tempo. beijão.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo8:39 AM

    mas por q morto? poeta bom é poeta morto dentro do teu intrincado crâniooooooOoooOOOooo...

    quando que a gente diz o poeta está morto, acho que é um dia parecido com aquele em que o hamlet vê o fantasma do pai...

    ResponderExcluir
  4. Anônimo8:40 AM

    as interrogações que faltaram e mais um


    n.

    =/

    ResponderExcluir
  5. Anônimo8:40 AM

    as interrogações que faltaram e mais um


    n.

    =/

    ResponderExcluir
  6. Anônimo2:49 PM

    O poeta vivo dentro do seu refinado crânio...

    ResponderExcluir