segunda-feira, setembro 29, 2008

Depois duma viagem a Londrina...

Depois duma viagem a Londrina
(fui pro Londrix, festar literatura),
me animo a fazer uso da terzina –

talvez eu ilumine a mina escura
na qual chafurda um “vate” possuído
pela nhaca macaca da chatura.

Tal “vate” se acha o máximo: embebido
nos mucos e melecas do seu ego,
surgiu regurgitando por aqui. Do

pico da sua empáfia expressou: “pego
as fezes que tu fazes, Ivan Justen,
e faço delas peças do meu lego”.

Por mais que tais peçonhas não se ajustem
ao ovo de colombo (um simples tema:
não foi composto a fim de que se assustem),

o “vate” despertou ao som de: “gema”.
E então começa um desafio de verve:
eu, questionando as rimas, o problema

do gol de mão, o ritmo que não serve
no metro de arranjos mal ajambrados,
enquanto o sangue corre, queima, ferve;

e o “vate”, inflando, aprimora os brados,
afia as garras nos meus gumes, sobe
a aposta, cria um blogue. Desdobrados

os comentários, outras vozes sobre
as obras tentam provocar mais briga.
O “vate” atinge um tom que se quer “nobre”,

mostrando até que ponto ele se obriga
em sua “primeira grande resposta” –
pra mim, o desgraçado duma figa

tinha feito assim uma grande bosta.
Com três haicais soltei-lhe um peteleco,
e, em sacrifício, pus minha alma exposta –

fantasma irônico, rimando em eco:
achei sinistro o alerta de soberba,
talvez porque eu também sinta que peco...

A coisa ficou toda mais acerba,
perdi minha paciência com uns danos
a versos pro Batista: pô, que merda!

– são versos que já têm mais de dez anos...
Agora o “vate” investe em dois pseudônimos,
mira Thadeu e Béco: cai de enganos –

fascina-se por elogios anônimos?
Fácil, bem fácil: quer fazer “faxina
em Curitiba” o tonto com os encômios!

Porém, na fúria fútil e assassina
mancha a cidade em vez de celebrá-la,
sucumbe a um sádico prazer, e mina

as próprias fontes, paladino mala!
Vieste aqui celebrar meu enterro,
mas minha voz, mesmo em surto, não cala:

Bocágil, tu és o tolo, teu é o erro:
acuso os golpes – mas naquela terza rima
(à qual reconheceram: obra-prima)

a certa altura a tua voz ficou serena -
e a minha, agora, já largando a forma fixa,
pela emoção que sempre triunfa nas arenas,

propõe-te a trégua das sublimes canções líricas...

14 comentários:

  1. Anônimo9:28 PM

    Perfeito! Restou ao Bocágil, a lição de humildade, reconhecer os poetas da cidade. Se bem que, certeza, ao nos provocar já nos concede a realeza.

    Gregório de Campos

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  2. Anônimo10:36 PM

    Ivan, rimar é fácil, rimar no metro é que é difícil. A maioria vc engana, mas não todo mundo. Esses versos tão capengas, tem de 9, tem de 10, tem de 11 e até de 12. Melhor é dar uma revisadinha...

    Otávioi.

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  3. Anônimo11:32 PM

    sem pianos de borracha

    giulianquase.

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  4. Anônimo10:02 AM

    Isso aí meu gato, manda bala, você é ótimo!

    Bisou, G.

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  5. Anônimo11:43 AM

    Ivan, uma coisa é certa, o cara te fez escrever como vc nunca escreveu...

    S.N.

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  6. Otávioi:

    rimei no metro até o arremate, no qual a emoção provoca a quebra da forma fixa - e os versos vazam para mais sílabas -
    nenhum verso tem 9.

    Melhor é dar uma revisadinha na sua avaliação capenga, que se detém na questão da forma.

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  7. Anônimo6:49 PM

    caro amigo ivan, sequer suponho os motivos da briga aqui do meu quarto tão ensolarado na manhãs e não menos gelado ao entardecer, mas não posso permitir que passe batido poema assim perfeito formalmente e diverdito em seu tema, que delícia ler em voz alta deixando a língua sapatear nas sílabas tônicas e nas rimas bem achadas, sem contar a elegância dos versos finais, vai o forte abraço do leprevost.

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  8. Anônimo9:29 AM

    Realmente este poema ficou genial.
    Cara, você é foda!

    Abrax,

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  9. Agradeço ao Lepre e ao Giuliano -
    curtiram e apoiaram: valeu!

    Quanto ao comentário de S.N. (Sem Nome?) - é só dar uma olhada nos meus arquivos - especialmente Abril 2008 - tem uma terzina por lá, e o Otávioi pode ir conferir o metro e as rimas daquela também...

    Já a G. não vai perder por aguardar as próximas postagens...

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  10. Anônimo9:41 AM

    ei, ivan, é sempre uma honra e um aprendizado passar por aqui.

    giulianoquase.

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  11. Anônimo9:35 AM

    Mal posso esperar para receber
    seus lindos poemas líricos...
    Bisous (mordre), G.

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  12. puxa, ivan, incrível!
    os três versos finais são o que há.

    e danem-se esses caras que ficam SÓ contando sílabas. o metro, o metro. porra, são compradores de tecido por acaso?

    abç,
    rodrigo madeira.

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  13. Olá, alguém assinou "otávioi" aí,
    e como eu já tinha comentado neste blog (q acompanho) antes, quero dizer q não sou eu. Apesar de eu não ser o único "otávio" no mundo, e da pessoa ter assinado com um "i" no final, resolvi - num momento de egocentrismo talvez - resguardar a minha integridade.

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