Hoje dois eventos que ocorrem esta noite me chamaram a textualizar.
Em São Paulo, inaugura-se uma ocupação-exposição da obra de Paulo Leminski, por iniciativa e esforços de Ademir Assunção - maiores detalhes aqui.
Aqui em Curitiba, o jornalista Luiz Claudio Oliveira lança livro sobre a revista Joaquim e seu conspícuo fundador, Dalton Trevisan - outras informações aqui.
Esses acontecimentos me lembraram (e não sei por que) de um poema de Emiliano Perneta, mais especificamente de um verso-risada dele. Fui procurá-lo nesta vasta e áspera rede de silício e não achei.
Ponto para os livros que dormem nas bibliotecas, e que desencavarei pra reproduzir o poema nesta postagem, se possível ainda hoje.
E há mais um acontecimento pra celebrar as nossas letras (se me permitem esta expressão arcaica, e se não permitem vão lá ver se tem um fusca gelo na esquina...) -
Alice Ruiz ganhou o Jabuti de poesia deste ano.
Assim, eu por mim já estou exausto de vergonha reprimida pra não me sentir no mínimo ufano e orgulhoso por ser um escrevinhador curitibano...
(acréscimo em primeiro de outubro:)
O lançamento do livro do Luiz Claudio foi ótimo, e não tenho nenhuma dúvida de que a inauguração da ocupação Leminski em SP também foi uma noitada excelente.
Então aqui vai o poema do Emiliano Perneta que lembrei ontem: acho que lembrei desse poema por conta da radicalidade de versos publicados aqui na "província" em 1911. São versos pra modernista nenhum achar antiquados, e antecipam até mesmo um soneto-retrô do Marcos Prado.
Apesar de encarnarem a voz da morte, leio ironicamente nesses versos uma prova de vida. A transcrição vai especialmente dedicada à Nara (que repostou esta singela postagem e tenho certeza de que vai curtir o poema), com um salve também à Alice Ruiz e a todos os poetas e artistas que tiveram a dúbia sorte e o precioso azar de nascer-viver-morrer no estado do Paraná...
D. MORTE
entrando num albergue:
– Mãe, que és tão pobre e não tens leite,
Ó dor crescente! ó lua cheia!
Vida – candeia sem azeite,
Olha-me, vê, não sou tão feia!
_____Pé ante pé,
_____Queres? olé!
Glacial, esguia, num momento,
Eu entro, sopro essa candeia...
_____Queres? olá!
Quem foi? quem foi?
_____– O norte, o vento...
Ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Emiliano Perneta (Ilusão, 1911)
Perfeita tua lembrança do Emiliano em relação ao soneto do Marcos Prado.
ResponderExcluirUm marco, sem dúvida, na poesia paranaense. Não foi à toa que ele foi eleito príncipe dos poetas paranaenses. Se tem versos ruins? Quem não os tem?
Se a vida fosse feita só de obras primas, que maravilha seria viver...
Abração
Thadeu
Esse poema é de Morte, hein!
ResponderExcluir:P
n.
Também me ufano inda mais agora, longe!
ResponderExcluirE você com seus versos ivânicos também vai longe...
Longe já foi uma palavra mais legal pra mim, agora me lembra launge.
Mas enfim! Três vivas para Alice, Luís Claudio e Emiliano.
E também para o Tadeu, pra você e pro anônimo.
Beijos,
Pândala.