quarta-feira, junho 16, 2010

Em celebração ao Bloomsday:

*
SUPEREGO EM REDONDILHA

Meu prezado e caro Ivan:
tua inspiração é vã;

larga mão de ser pedante,
pois ninguém abrigou Dante;

e não sejas cabotino:
ninguém lê Tomás de Aquino;

vê se não desce o sarrafo:
é: ninguém decifra Safo;

nenhum épico é um idílio:
ninguém quer rever Vergílio;

isto não saiu em vídeo:
ninguém assistiu Ovídio;

sim, é amargo o shake: inspira:

ninguém interpreta Shakespeare;

duplamente o caso é vil:
ninguém viu quem foi o Will;

sem Camões nem bem te espantes:
ninguém ri mais com Cervantes;

larga todos estes poetas:
ninguém curte tais estetas;

na poesia há quem se arrisque:
mas ninguém relê Leminski;

bem trovato não é vero:
quem (ninguém!) recorda Homero?

Pata de asno só dá coice:
afinal ninguém leu Joyce;

assim, enfim, tu também:
Ivan, teu nome é Ninguém.

4 comentários:

  1. Anônimo11:41 AM

    haha!


    Mooooointo boooooown!
    Ninguém, hein?
    Esse poema deve arregalar o Polifemo!
    Quem tem um olho... errei!


    :)


    n.

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  2. Gostei!

    [Bacana a imagem, não?]

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  3. ora, ora... me senti um pouco ofendida. Mas é meu ego, ah este meu super mega hiperego... enfim.
    A carapuça não serviu em mim.

    Leio Tomás de Aquino, amo os poemas da Safo, aprecio as éclogas de Virgílio, a Metamorfose de Ovídio, as obras magistrais de Shakespeare (incluindo os sonetos), treli Lemiski várias vezes, e te leio e releio e mantenho minha paixão pela poesia viva graças muito a você. Por isso, deixa disso caro Ivan, que tua inspiração é tudo, menos vã.

    Um beijo chiliquento da Panda!

    Gianna! Seu quadrinho ficou lindo enfeitando minha cozinha!!!!!!!!!

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  4. Ora ora digo eu, Panda!

    Não permita que seu super-hiper-mega-ego assim se ofenda -

    você deve saber que este poema é irônico, e contudo, não obstantemente, fique zen:
    se isso lhe faz bem,
    saiba que (também)
    seu nome é Ninguém.

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