sábado, julho 10, 2010

EM AQUE, EQUE, IQUE, OQUE, UQUE

Releitura dum soneto de Antônio José da Silva (Rio de Janeiro, 8 de maio de 1705 - Lisboa, 19 de outubro de 1739), conhecido como o Judeu, poeta e dramaturgo de sucesso, condenado pelo Santo Ofício e queimado vivo.


jogou o amor comigo um toque roque
mas no meu taco não é mais cacique
cem vezes lhe tangi com tal repique
que os ouvidos tapou ao som do toque

na batalha ao amor restou-lhe o choque
em trunfo de fineza pus-lhe aplique
e a vênus renegada que se explique
brindando-me com dama de reboque

projetem-se das opções todo um leque
senão me acham aqui burro e basbaque
furando outro estepe do calhambeque

descubra-se então dama sem dar traque
ou novamente encetarei no muque
esta mercedes que só guia fuque

2 comentários:

  1. Ivanzito,

    tu tienes la referencia?
    puede mo pasar?

    aquelabraço bem ilhado

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  2. Prezado Giuliano:

    recolhi (e retrabalhei) o soneto do Antônio José da Silva na Antologia do Humorismo e Sátira, organizada por R. Magalhães Junior e publicada pela Bloch.

    (Aqui tem mais detalhes desse livro, e recomendo a compra:
    http://www.traca.com.br/livro/87876/
    )

    Agora, pesquisei na rede e descobri que o soneto está inserido numa peça-ópera:

    ANFITRIÃO OU JÚPITER E ALCMENA
    Ópera que se representou no Teatro do Bairro Alto de Lisboa, no mês de Maio de 1736.

    http://www.fclar.unesp.br/centrosdeestudos/ojudeu/Anfitriao.pdf

    Dali, recolhi o texto "original", que colo aqui, a seguir, para vosso gáudio (notar que "SARAMAGO" é um personagem da referida peça:)

    SARAMAGO
    Eu era de parecer que sim; e, para que me creias o que digo em prosa, o mesmo te direi em verso, porque, graças a Cupido, tanto sei amar em prosa como em verso; e assim escuta, Corriola, este

    SONETO

    Jogou o amor comigo o toque emboque,
    Mas no taco não teve um só despique;
    Nos centos lhe tangi um tal repique,
    Que os ouvidos tapou ao som do toque.
    Na batalha de amor lhe dei um choque;
    No triunfo da fineza pus-lhe um pique.
    Vénus, arrenegada, que eu embique,
    Deu-me por certa dama um bom remoque.
    Estendeu-se na banca, como um leque;
    No burro se ficou, como um basbaque,
    E as tábulas furou do calambeque;
    Mas deu co ás de copas um tal traque,
    que, à chalupa arrombando-se-lhe o beque,
    na corriola quis que eu desse o baque.

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