sexta-feira, setembro 17, 2010

no meio

nomeio uma pedra: perda
nomeio aquele prado: pardo
nomeio o poder: podre

nomeio nossas palavras: larvas
nomeio-te a endoderme: der-me
nomeio a ingratidão, esta pantera:
pistilo

assim, do caminho – nipônico dô –
tiro o time (ti e me em que me meti),
doo (de doer) e destilo este nosso (osso)
estilo

*

5 comentários:

  1. A imagem que preencheu a minha imaginação foi a de um malabarista.
    Escolhendo algumas palavras e as jogando para o alto: enquanto três flutuavam, aquelas duas outras, que lhe caiam nas duas mãos se transformavam suaves, e revelavam outros significados.
    O nosso caminho ficou melhor (dô), a dor é a mesma, mas a beleza é bem maior. Abraços.

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  2. ivan, beleza? ,amdei um email pra vc. vao sair aqueles poemas na coyote. veja la na sua caixa de entrada o que precisamos, abraço

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  3. parece uma consequência de estar mal disposto.

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  4. o primeiro verso me lembrou de Drummond

    No meio do caminho

    No meio do caminho tinha uma pedra
    tinha uma pedra no meio do caminho
    tinha uma pedra
    no meio do caminho tinha uma pedra.

    Nunca me esquecerei desse acontecimento
    na vida de minhas retinas tão fatigadas.
    Nunca me esquecerei que no meio do caminho
    tinha uma pedra
    tinha uma pedra no meio do caminho
    no meio do caminho tinha uma pedra


    En Revista de Antropofagia, 1928
    Incluido en Alguma poesia (1930)

    CDA



    ... poder: podre...
    palavras: larvas...


    muito boa a construção

    salve a poesia!

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  5. que delícia. gostei de te ler.

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