segunda-feira, agosto 08, 2011

Mais um do Emiliano

FLORA

Ontem eu me encontrei contigo, ó primavera,
Os lábios a sorrir, como uma flor vermelha,
Tu trazias na mão a clássica corbelha,
E na fronte ideal uma coroa de hera.

Em derredor de ti, loucamente, passava
Um turbilhão febril de raparigas, quase
Nuas, veladas só por um sendal de gaze,
Mais leve do que o som que Zéfiro soprava...


Emiliano Perneta (Ilusão, 1911)

3 comentários:

  1. As raparigas numa gaze leve,
    O som do sopro quase mais que breve,
    Hoje eu as vejo e o ouço: som, nudez,

    Loucamente ao redor da primavera,
    Da flor vermelha que será, e é, e era,
    Numa ilusão de quem sabe talvez...

    Ivan Justen Santana (Um sim em si, 2011)

    Postando

    ResponderExcluir
  2. Mesmo com a mudança do alaxandrino pro déca, ficou muito bom, Ivan. Mantém a sobriedade lírica e as imagens belas toda vida.

    ResponderExcluir
  3. Wagner:

    valeu a leitura sensível - e a percepção da mudança métrica -

    quanto a isso, confesso que atentei apenas à produção dos decassílabos - mas a meu favor defendo que acabou ficando "bentrovato" -

    não pretendi que fosse o que Emiliano teria feito, nem o que eu teria feito tentando ser ele -

    foi, quero crer, o que acabei fazendo inspirado na sugestividade do poema (que deixa os eventuais tercetos - ou alguma continuação - em branco -

    as minhas reticências, no fim, também são sugestões de que sobrou muito a dizer, ou pelo menos a imaginar, ainda...

    ResponderExcluir