Novamente prego.
Novamente pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
Outra vez dezembro.
Outra vez sem via.
Outra vez sou membro
Dessa confraria.
Vou aos cemitérios.
Vou às catacumbas.
Voo nos mistérios.
Desço em meio às tumbas.
Artes têm segredos.
Artes têm magias.
Ao perder pros medos
Perdem-se alegrias.
Sem as minhas manhas,
Sem você, perdida,
Sangram as tamanhas
Espirais da vida.
Ou é só um remédio,
Ou só o precipício.
Ouço em tom de tédio:
Vício? Vai pro hospício.
Mas se você disse:
'Meu, eu sou feliz --'
Minha cretinice
Não pediu nem bis.
Outra vez um prego.
Outra vez na pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
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FODÁSTICO,IVAN!!!!
ResponderExcluirNão poderia traduzir melhor o meu próprio sentimento! Obrigada Ivan!
ResponderExcluirVc é foda Ivan!!..
ResponderExcluirGrato às visitas: a casa é vossa...
ResponderExcluirmuito musical ivan
ResponderExcluirabs
r.w.
Sem dúvida, é um de seus poemas mais bonitos, Ivan.
ResponderExcluirEnquanto estofo, é o próprio corvo descendo sobre a tumba da memória.
Enquanto matéria, nem preciso falar do rítimo e afins, e destaco aqui de passagem só os ornatos: "Vou / Voo, Sem as / (senh'as), Ou só / Ouço", que garantem a sua assinatura.
Abraço,
Wagner