sexta-feira, dezembro 31, 2004

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(solução da forca na postagem anterior: S O N E T O)


Não foi normal minha partida da inimiga:
Fui assoado lá de dentro num tal tranco
Que logo ao ser evacuado da barriga
Caí direto no primeiro cueiro branco.

De tão sensível, essa fralda imaculada
Se contraiu toda com asco, náusea, engulho:
Cruel e criminosamente atormentada
A fralda triste perdeu todo o seu orgulho.

Quando cresci tornei-me um célebre escritor
E pela fama de criar o verbo horror
Dos peçonhentos eu fui proclamado rei.

Mas os meus versos riparófilos e vis
Foram mais belos, mais sinceros e gentis
Que as inqualificáveis gentes que encontrei.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

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Que nojo dessa métrica perfeita:
O gosto dessa péssima poesia,
Sem graça, labiríntica e vazia,
Desperta-me uma náusea que rejeita.

Se a rima entorta e nunca se endireita,
Convém não requentar a média fria.
Emendar demanda profilaxia:
Palavras passam cólera e maleita.

O verso só se acerta no terceto:
O abstruso torna-se algo de concreto
Se o concerto desconcerta-se abstrato.

Minha setra etcetera este soneto:
Exijo que o exegeta conte certo
E se entender que passe a andar de quatro.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Com certeza já morreu (Papai Noel)

Muito bem:

ninguém percebeu, mas a postagem anterior foi postada apenas por postar: não teve graça e mereceu passar batida sem nenhum comentário.

Mas esta aqui é um pedido de socorro: você, uma das poucas pessoas que me lê, está convidado(a) a levantar minha auto-estima, deixando um comentário edificante aqui.

Tipo assim: nossa, você escreve muito muito bem, já está na minha lista de favoritos, passa lá no meu blog também, bjaum...

A contagem regressiva já começou: se até o ano que vem esta postagem não atingir dez comentários eu vou entrar em greve de blog.

Me desculpem a crocodilagem, mas eu preciso ir ali chorar um pouquinho...

Adeus.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Desculpem a nossa falha

estivemos fora do ar por motivos de ordem cardíaca:


SÃO GONÇALO URGENTE: após o enfarte sofrido ao final da última rodada do brasileirão, a equipe de redatores do blog Delírio (aplaudindo com os pés) convalesce na cidade, longe da torcida curitibana.

A idéia é conseguir postar até a véspera do natal, sem mencionar o natal, pra não ter que dar nenhum presente.

Voltamos agora com nossa programação normal.

Não haverá mais interrupções.

domingo, dezembro 19, 2004

Momentos de tensão

A disputa de penalidades máximas terminou.

Placar: Postagens 10 x 6 Comentários.

Agora é tempo de aplaudir o delírio com a planta dos pés:

(está lançado o desafio:
é um número perigoso,
mas hoje, excepcionalmente,
podem tentar fazer isso em casa)

estamos a uma hora das partidas decisivas:

se você não sabe quais são,

não há mais tempo pra explicar:

a próxima postagem será no meio-tempo,

quando restará apenas mais uma meia-vida.


*bate os tambores*



quinta-feira, dezembro 16, 2004

A vida sem graça

Terça à noite enchi a caveira de álcool.
Ontem passei o dia na horizontal.
Foi aniversário do finado poeta Marcos Prado:
completaria 43 anos o desgracido.
Aí vai um inédito em comemoração.
A autoria deste poema está em litígio.


Todo durão é frio,
com o coração de gelo.
Mas basta uma vil
de sangue quente
e coração ardente
para derretê-lo.

domingo, dezembro 12, 2004

Coração engolido por uma baleia

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Meu time rubro-negro perdeu.

O telefone continua surdo e mudo.

Nenhum contato meu está online.


Agora só resta sair pra ver se tem um fusca gelo ali na esquina.

Enquanto isso, fiquem com um poeminha deprimente:



tristeza profunda:

um tapinha nas costas

do corcunda


Marcos Prado

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Atendendo a pedidos

(a série Teletubbie das variações para Escravos de Jó é dedicada especialmente à minha filha Rubinha, que me ensinou a gostar de Bing e Bong também)

Barrigas com telinhas fazem Tinky, Tinky, Wink

Lalinhas com Lalinhas fazem lá li, lá li, lá

Os Teles com os Tubbies fazem Dipsy, Dipsy, Poh


***

Ginastas com ginastas fazem flique, flique, flac

Relógios com transtornos fazem tique, tique, tac

Walt Disneys com Walt Disneys fazem Mickey, Mickey, Mouse

Bin Ladens com Bin Ladens fazem Bushy, Bushy, War

Estragas com prazeres fazem nãna, nina, não


E os Looneys com os Tunes fazem por enquanto é só

quarta-feira, dezembro 08, 2004

8 de Dezembro de 2004 forever

Muito bom, muito bem: vocês pediram e vão levar.
Mas não hoje:
hoje é dia de celebrações:
24 anos do assassinato de John Lennon;
61 anos bem vividos e morridos de Jim Morrison.

Para fazer os brindes, um inédito do degas aqui:

E A RIMA SUMIU

ela entrou pela janela do banheiro
sei lá se já era janeiro
talvez fosse quase dezembro
essa rima é óbvio que não lembro

ela veio fugindo da métrica
sua velha madrasta, frígida e tétrica
vestida do pânico que viu na rua
aquela era uma rima a meu ver nua

eu todo estupefato e ela logo ali
de fato no ato não a reconheci
apesar dos dois bicos dos seios duros
a rima não tirou os óculos escuros

quando fui agarrar senti só o vazio
e em vez de sumir ela desapareceu

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Em homenagem aos cinco gols mai lindos de domingo

Cinco variações para a canção-atitude Escravos de Blog:
(vide a postagem A QUEM A POÇA INTERESSAR)
*repetir cada uma indefinidamente:
quem errar cai fora da brincadeira*



discados com discados fazem ligue, ligue, lag


cinéfilos com cinéfilas fazem betty, betty, zorg


roqueiras com pilotos fazem pitty, pitty, stop


gripados com gripinhas fazem vicky, vapo, rub


três craques com três craques fazem cinco, cinco a dois



*fiz uma lista com umas 50 variações,
mas só vou postar se pedirem mais*

sábado, dezembro 04, 2004

Humorável diálogo velho (esse título foi um pênalti pra fora)

(transcrito para a dentista mais linda que eu conheço)

At the Denis
No desdentista

Madam: I have a hallowed tooth that suffer me grately.
Madame: Tenho um dente desses que doem pra diabo.
Sir: Sly down in that legchair Madam and open your gorble wide - your mouse is all but toothless.
Senhor: Decente-se naquela cadeira Madame e abra sua bocarra bem abracadabra - sua cavidade bucólica não deixa de ser dentes.
Madam: Alad! I have but eight tooth remaining (eight tooth left).
Madame: Meudois! Oito dentes me restam (oito dentes e o resto).
Sir: Then you have lost eighty three.
Senhor: Então você perdeu oitenta e três.
Madam: Impossyble.
Madame: Impocível.
Sir: Everydobby knows there are foor decisives two canyons and ten grundies, which make thirsty two in all.
Senhor: Mundotodo sabe que há quatro decisivos dois canoros e dez moleculares, o que faz trinta menos dois ao todo.
Madam: But I have done everything to save my tooth.
Madame: Mas eu fiz tudo para salvar meu dente.
Sir: Perhumps! but to no avague.
Senhor: Talqualvez! mas em vão.
Madam: Ah! why did I not insult you sooner?
Madame: Ah! Por que é que não te xinguei mais cedo?
Sir: To late, it must be now or neville.
Senhor: Tarde desdemais, ou vai ou marta racha.
Madam: You will put it out for me then?
Madame: Quer dizer que vai tirar ele pra mim?
Sir: No, madman, I will excrete it.
Senhor: Não, macadame, vou cagá-lo.
Madam: But that is very painfull.
Madame: Mas isso dói pra burro.
Sir: Let me see it - Crack! there it be madarce.
Senhor: Deixe-me vê-lo - Splash! lá se foi.
Madam: But sir I wished to keep (was anxious to keep) that tooth.
Madame: Mas senhor eu gostaria de continuar (estava louca pra continuar) tendo aquele dente.
Sir: It was all black and moody, and the others are too.
Senhor: Estava todo preto e pronto, e os outros também.
Madam: Mercy - I will have none to eat with soon.
Madame: Obrigada - em breve não vou ter com que comer.
Sir: A free Nasty Heath set is good, and you will look thirty years jungle.
Senhor: Uma dentadura Sorriso Amarelo é boa, e você vai aparecer trinta anos mais morsa.
Madam: (Aside) Thirty year jungle; (Aloud) Sir I am no catholic, pull out all my stumps.
Madame: (à parte) Trinta anos mais morsa; (em voz alta) Senhor não sou nenhuma católica, extraia todos os meus cacos.
Sir: O.K. Gummy.
Senhor: O.K. Dê-mos.

John Lennon - In his own write (1964)
Paulo Leminski - Lennon com sua própria letra (1984)

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Trago-lhe uma Medusa e um Gato

LA MÉDUSE

Méduses, malheureuses têtes
Aux chevelures violettes,
Vous vous plaisez dans les tempêtes,
Et je m´y plais comme vous faites.

A MEDUSA

Medusas, tristes cabeças
Com cabeleiras violetas,
Vocês brincam na voragem,
E me agrada o como agem.

Versão brasileira: Ivan Perseu

LE CHAT

Je souhaite dans ma maison:
Une femme ayant sa raison,
Un chat passant parmi les livres
Des amis en toute saison.
Sans lesquels je ne peux pas vivre.

O GATO

Desejo manter em meu lar:
Uma companheira a pensar,
Andando entre livros um gato,
Bons amigos sempre a passar
Sem os quais viver é ingrato.

tradução: Álvaro Faleiros

textos originais: Guillaume Apollinaire (Bestiário)

NÃO SE META, POESIA (versinhos de bar)

***

a poesia não é nada:
é a luz da estrela refletida
numa poça evaporada


***


a poesia é a cereja no topo do iceberg


***


todas as palavras
cabem no poema

algumas já vêm com asas
outras não têm nenhuma pena


***

versinhos de autoria
(não confirmada)
de Ivan, Francisco e Ludmila

as transcrições semi-alcoolizadas
foram uma cortesia de

ossurtado.blogspot.com

logue e ajude Umma a matar toda a sua Thurman


***


os poetas Francisco e Ludmila
foram gentilmente cedidos pelo

Bar do Torto,
o endereço
do melhor preço
e o pior atendimento:

vem pra cá você também

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Versinhos ludopédicos bastante a propósito

**
A ONZE METROS DA TELEVISÃO

Falta feia na grande área:
quando o trilo do apito decide o
lance, não há nada que separe a
imagem congelada do olho seco no vídeo.

Cobrado impiedosamente:
quem vê não diz que você mal ti-
ra o olho da TV e também sente
o mesmo medo do goleiro diante do pênalti.

***

QUADRA IMPERFEITA NA QUAL SE CONTESTA UM POEMA DE PAULO LEMINSKI QUE VERSA QUE CHUTES DE POETA NÃO LEVAM PERIGO À META

um poeta que ninguém soube donde veio
logo ali no meio do clássico de domingo
entrou em campo pra bater o escanteio
assinalando um belíssimo gol olímpico