sexta-feira, maio 06, 2011

RECONHECENDO...

RECONHECENDO O MARASMO E O PEDANTISMO ORA REINANTES NESTE SEU BLOGUE-HOSPÍCIO PORÉM AINDA HUMILDE-TUGÚRIO-POÉTICO, IVAN ENSAIA UMA TERZA RIMA COMO FORMA DE RETORNO AO PASSADO, EM BUSCA DE TEMAS PERDIDOS NUM JÁ LONGÍNQUO ANO DE DOIS MIL E OITO...

Tá. O clima aqui ficou meio pedante.
Assim, sem mais, pra não perder a mão,
vou ensaiar de novo um metro dantes

utilizado neste blogue tão
pouquinho frequentado ultimamente.
É que a terzina então, certa ocasião,

serviu tanto a um pseudovate inclemente
que quis me desfechar golpe fatal,
quanto ao contra-argumento meu, al dente,

tentando replicar com bem o mal.
Enfim, talvez melhor nem fosse mais
lembrar aquele combate sacal,

de lances bons e maus e outros que tais,
mas isso é só à guisa de introdução.
O fato é que, relendo obras gerais,

me veio novamente esta intenção
de iluminar outras minas escuras,
que o não serão na cor de distinção,

mas sim como se em versiluminuras
pudesse eu combinar agoras mesmos
a passados dantescos e às futuras

gerações de leitores e de textos,
e então de novo provocasse o novo,
ou seja, o encantamento sem pretextos

(e sempre em textos), seja em forma de ovo
de Colombo, ou qualquer outro descoco,
conforme versaram que faço. Chovo,

sim, eu admito, chovo mais um pouco
num molhado mal olhado e pior visto,
e a métrica escapou. Perdoem o louco

manobrando acentos com tons sinistros,
de antitécnica versificatória
que tropeça em ectlipses, pés, sons, ritmos,

e já negligencia a própria história,
deixa de lado, pendurado, o assunto,
posando como cabra expiatória.

Mas se você chegou até aqui, junto
comigo, me compreendendo, merece
que eu seja mais sucinto. Assim, pergunto:

você acredita que poesia é prece?
E esses quarenta versos anteriores?
Quis compô-los como se o fossem. É, e se

me interpretarem falsas minhas flores
das rimas que oferto com fé e esforço,
se acharem que elas não traduzem dores,

amores, horrores, saibam que torço
mais pro mistério que pro ceticismo.
Nas asas do mistério, no seu dorso

a poesia sobrevoa o abismo.
E neste intuito-prece-verso-anarco-
organizado assim no metro cismo

sem cinismo um sismo pra traçar arco
envolvendo tudo e todos, quem amo
e quem sequer odeio, em mesmo barco,

barco insano como assim também o chamo.
E assim também chegamos num momento
bom pra acabar. Não funcionou meu plano.

Valeu a tentativa: sopro ao vento.
Se você continua aqui, assopre-o:
é apenas um impulso ao pensamento,

feito em suspiro mas sem moto próprio.
Moveu-o, ou me moveu, como partida
de ida bêbada e de retorno sóbrio,

alguma inspiração de nossa vida.
*

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