terça-feira, abril 26, 2011

TESTAMENTO DO MAU PERDEDOR

Solto o silêncio preso na garganta
sob este olhar severo de Cervantes:
em metade de mim o sacripanta
e o resto desde pois dobrou-se ao antes.

Enrolo a língua poética no espeto
(irreflexão que nem será mais minha);
não vou colecionar mais um soneto;
fico só com mais uminha quadrinha.

Vontade de embeber-me neste ar cênico
e impronunciar-me amargo ao filho meu:
o futebol, nosso rito ecumênico,
um dia todo inferno será seu.
*

Um comentário:

Anônimo disse...

atleticano, obviamente.
e o pior: frestão tem tudo pra ganhar a copa do brasil.

minhas condolências,
madeira.

ps - ficou ótima a chave de ouro da porta do inferno