Nesta trilha estreita de poeta
fujo às vezes da quadrilha.
Mas se aqui não largo
nem alargo a redondilha,
levo pouco perigo à meta.
Mesmo em métrica correta,
me escapa na onda a quilha
e a bola que vai redonda
volta quadrada da forquilha.
Então chega de embromação:
meu verso tem que ser mais
que minha conflagração,
e hoje tive uma sacação
além das rosas do Guimarães
e de seus pães e opiniães,
pra lá do seu bezerro erroso
e do meu estudo de Dario Vellozo.
Acompanhe a maravilha:
se a consciência é a mãe,
a realização será a neta
se a imaginação for filha.
Conclusão com arrepio:
a terceira margem do rio
está ali na beira da ilha.
*
quinta-feira, julho 07, 2011
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4 comentários:
neste caso, a terceira margem do rio é a margem da página.
Caríssimo Justen
Sinto-me pecadoramente orgulhoso de tua bardice.
Alvíssaras bardo!
Valeu, Edilson -
uma vez conversei sobre a misteriosa terceira margem do rio com aquele um nosso camarada Marcos Prado, e não me lembro se foi ele ou fui eu quem atentou à opção de que a terceira margem poderia ser também a margem de uma canoa no rio -
a interpretação do Madeira (a margem da página) é também enriquecedora - por extensão, a margem da tela do computador, e as margens dos olhares...
Fico grato pela visita, Edilson:
embevecem-me igualmente, no fundo das vísceras, as vossas alvíssaras!
bela sacada, ivan. existe metonímia melhor do que a canoa para aquela supensão (flutuação) da vida?
a terceira margem do rio é também a margem da canoa.
essa imagem roseana é uma das mais ricas da literatura brasileira. ela é física, metafísica, sobrenatural, metalinguística...
no fim das contas, acho que dá pra se valer do próprio guimarães rosa: a terceira margem é dentro da gente.
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