segunda-feira, dezembro 14, 2009

COMO UM DYLAN DEPOIS DO OUTRO...

– Isso não é coisa que se Dylan,
mas eu adylanmito: sou um dylantante
e curto Cobain ficar me fazendo de Bob...
Afinal, Dylan-me com quem Thomas
e Roberte-ei quem és...

– Argh, Ivan! Não faça aZimmerman...

– Tá bom, então, já que like a rolling estou,
juro que este é o último dos trocadylans...



[E aqui vai mais um Dylan (di)vertido a vocês:]


AMOR MENOS ZERO / INFINITO
(LOVE MINUS ZERO/NO LIMIT)

O meu amor, ela fala silenciosamente,
sem ideais, pacificamente,
não precisa ser abertamente fiel.
Igual ao gelo, igual ao fogo ela fala–
tem pessoas que fazem um escarcéu:
rosas, promessas, bilhetes,
e o meu amor, ela ri em ramalhetes–
paqueradores não podem comprá-la.

Nos pontos de ônibus e nas lojas de conveniência
as pessoas se enchem mutuamente a paciência,
leem livros, repetem poetas,
tiram conclusões em excesso.
Alguns falam como se fossem profetas
e o meu amor, ela delicadamente anota:
–nenhum sucesso é mais que a derrota
e a derrota não é nenhum sucesso.

O romântico chora e se descabela,
a madame acende uma vela–
nas promoções da cavalaria
até os peões amargam desilusões.
Estátuas feitas com palitinhos
desabam umas sobre as outras.
Meu amor pisca e nem se incomoda,
ela sabe demais pra achar as razões.

A ponte à meia-noite balança,
o médico rural vagueia e se cansa,
a sobrinha do banqueiro busca o sublime,
esperando reis magos virem presenteá-la.
O vento uiva como um crime.
A noite é fria e o dia, chuvoso.
E meu amor, ela é como um corvo
de asa quebrada pousado na minha sala.


Bob Dylan
Versão brasileira: Ivan Justen Santana

4 comentários:

polacodabarreirinha disse...

Eita, Ivan! Belíssimo.
Quanto à introdução, eu sempre digo que é bem melhor um pouquinho de macarrão do que um porrão de macaquinho.

FMAN disse...

Ivan, associação imediata: "Quero ser Jonh Malkovich". Só que ao contrário. Imagino o Dylan encontrando uma espécie de Aleph com defeito, entrando por ele e surgindo...pasmem! em sua cabeça. E aí é aquela história, você solto e maluco por aí, falando Dylan, Dylan, Dylan!
No mais, ainda espero pela sua (indubitavelmente boa) versão ainda não feita de "Subterranean Homesick Blues".
Abraços

Panda Lemon disse...

Querido Ivan!

Ouvi Dylan a tarde inteira e adivinha se não lembrei de vc! Tá, também lembrei da Mallu Magalhães, mas ah.

Boas festas e um 2010 cheio de saúde, sorte, sucesso, e que cada dia lhe sirva de inspiração para muitos apreciáveis versos ivanísticos!

Um beijo da sua fã!

Marilda Confortin disse...

Grande Ivan! Dylan tudo.
Um ótimo e inspirador 2010 pra você.