segunda-feira, outubro 30, 2006

O tempo é imblogável:

eis uma verdade:

eu poderia ter blogado sobre as vitórias históricas contra o nacional de montevidéu (a do dia 25, 4! x 1 na Arena, foi com direito a banho de bola e gol antológico...

eu poderia blogar sobre sábado à tarde, quando, em companhia de pantera Graziela e da onça Paola, vimos o CAP golear os paranitinhos por 4! x 0 (com direito a outro gol de parar o jogo e cumprimentar o craque, com felicitações extensivas ao time teu... :P

E sobre sábado à noite? Um Halloween inesquecível, pra preparar o espetáculo de amanhã: e ontem, em diálogo no Bar do Torto, confessei para duas bruxas o encontro que tive com a Princesa das Fadas Azuis: eu estava caracterizado como um Bruce Wayne de araque, e ela me desmascarou como o Oberon que sei mimicrizar: aqui está um trechinho da saborosíssima conversa, entreouvida pelos duendes enquanto bruxas e soldados sacudiam na pista:

Princesa: - Não me apetece o Funk carioca...
Eu: - Tampouco a mim..
...
*explosão conjunta de gargalhadas*

segunda-feira, outubro 23, 2006

Sangue Forte

Aceitar o legado da nossa raça:
apesar dos pés na jaca
e mesmo com toda a jaça
que a humanidade nos trouxe debaixo do braço,
essa nhaca,
essa porra espalhada no meio da praça:

tudo isso, sim,
tudo isso eu abraço,
eu até mesmo assim,
quase feliz e talvez quase escasso,

aceito,
cheio do bom e do velho mau jeito,
não importa o tempo que faça,
eu sei que um dia é meu dia
e outro é da caça.

Bem: depois desses versinhos meio mixolídios, uma prosa em tom maior pra celebrar tudo que um atleticano de nascença deve ainda passar um bom tempo celebrando:

representamos o Brasil na Sul-Americana, e representamos bem, e foda-se que os paulistas ignoram (já que os timinhos deles tomaram goleadas vexaminosas) nós fomos FÓDA, derrotamos o nacional de montevidéu em seu próprio chão (jogando o segundo tempo com um a menos) e estamos prestes a sacramentar a vaga numa semi-final, enquanto

o campeonato brasileirinho já está decidido, os vermes riquinhos paulistinhas do sãopaulinho bambi vão justificar os rios de dinheiro que ganharam roubando no último mundialzinho caça-níqueis, com apoio do repelente ricardinho teixeirinha - que puta orçamento que têm esses caras, né, enquanto o povo é miserável e passa perrengue, mas futebol é isso aí mesmo...

enfim: sem discurso político: parabéns pro grandessíssimo morumbi de bosta (que estádio mais capenga, né mesmo? não concordam aí, torcida colorada?) e quanto a nós:

Dá-lhe, dá-lhe! Esse foi o jogo da Rodada!:

FURACÃO 4! x 3 fortaleza do ceará

duas viradas numa só partida... grêmio e são paulo fizeram um joguinho sem graça perto da batalha lá no castelão (é isso?): aquilo sim é que foi peleja, prélio, partidaço e putz! (4 pês pra cada gol nosso...)...

Uma última observação bem prosaica: assisti ao rock gol de domingo (vi uns trechos) - como são boçais mesmo, premiaram uns timinhos, tinha uma coxinha coitada e linda que cometeu a grande asneira de dizer que "ainda acredita que o Atlético vai cair" (podia guardar um pouco dessa fé pro time dela, que anda precisando muito mais, não é?) -

e o que foi aquele filho do senador e da ex-prefeita? mostrou que é mesmo um pobre de espírito (apesar de toda a riqueza material)...

Mas chega de mágoa: nossa glória está assegurada - somos atualmente o Melhor Time do Brasil - e vamos com tudo porque (diriam os baianos) só não vai quem já morreu.

E mais não digo, que quem não gostou já leu e tomou-lhe um créu.

domingo, outubro 15, 2006

O Rio de Janeiro continua...

indescritível.

Pra dizer o mínimo.

Vou tentar: versinhos mínimos, inescandidos, para delírio do meu grande leitor Rodolfo, um curitibano que sonetiza impecavelmente (foi mal aí, Rodolfo: não contei sílabas nem me esmerei na seleção vocabular da tradução do poema do Borges, mas isso eu comento depois: apareça no porão na próxima terça, que a eloqüência juvenil do bardo aqui vai apavorar novamente por lá:

mas não era isso que eu ia escrever: fecha logo esse parêntese, seu trigre tristram shandyvan...)

Pronto: do Rio eu digo que é realmente uma cidade curvilínea:

fiz agora há pouco uma peregrinação pelos bairros de Botafogo e Flamengo, voltando da Praia Vermelha: nadei lá e não dei em nada, mas tive uma visão do Corcovado e do Redentor: que lindos...

Eu queria a vida sempre assim se você estivesse perto de mim:
...
...

Enfim: volto pra Curitiba em uma hora:
amanhã é dia de trabalho -
deixo aqui, deste fabuloso Cyber Gol, no Flamengo (que hoje ganhou, não?)
um agradecimento a pessoas que se revelaram óptimas no evento de Sábado,
no Castelinho (atual Espaço Cultural Oduvaldo Vianna Filho):

Elisa, Ieda, Sidnei, João Paulo Cuenca (e sua respeitosa respectiva - esqueci o nome, desculpem...), Henrique, Marcelo Moutinho e sua digníssima (também esqueci, eta, desmemoriado), Robson, Sônia, enfim:

pude participar dum evento excelente, um café literário sobre o mononstruosíssimo escriptor máximo chamdo João Antonio, e saúdo especialmente o Professor Alcmeno e a Ieda (de novo, porque ela foi mesmo óptima na organização da Malagueta, Perus e no Bacanaço...)...

Pronto: o Rio de Janeiro é um lugar onde me sinto em casa (eu sou um Ráuli - Haole, para as iníntimas lá do Hawaii... - mas já não me considero mais um alemão perdido na cidade maravilhosa...)

Alô, torcida do Flamengo - alô, garotada carioca - alô, elenco da ópera A Flauta Mágica: foram momentos de altíssima qualidade artística: o Teatro Municipal é MUITO FÓDA, com toda a sua arquitetura (gostei especialmente dos vitrais com as musas...

termino sem fechar os parênteses - foi uma grande viagem...

Até amanhã, até já, até logo

quinta-feira, outubro 12, 2006

Mais um périplo carioca

Hoje é dia das crianças, todo mundo sabe...

Mas as coisas que ninguém ainda sabe e quem ler isso agora vai saber são muito foda (eu disse FÓDA):

- vim ao Rio de Janeiro, estou no Flamengo (e já antecipando a torcida rubro-negra para o clássico de domingo contra o pobre corinthians... Urubus e gambás vão se estranhar feio no Maraca, e quem sabe este curitibano compareça pra eventualmente apartar quaisquer animadversões...)

- o negócio mesmo é que a coisa ficou totalmente supercarioca pro meu lado:
senão vejamos: (senta que lá vem a prosa poética...)

"caminhando contra o vento num sol de quase novembro eu tinha o pão-de-açúcar à minha frente e fui parar no mausoléu de Estácio de Sá, que tem forma de pirâmide (o mausoléu, não o estácio) no limite entre a praia do Flamengo e a enseada de Botafogo e por ali eu subi numa Mangueira pra colher da forma mais primitiva (sacudindo os galhos) quatro mangas que eram duma cor muito verde e rosa..."

Mas o melhor momento do dia talvez tenha sido antes, e merece negrito e tinta vermelha, me deparei com o guitarrista dos Titãs, Sr. Antonio Belotto (Mr. Mader, lá para as negas dele - putz, que brincadeira mais sem graça, enfim...) junto com Mr. Charles Gavin, sendo que Mr. Belotto acabou se despedindo de mim com um "Falou, Mestre" que realmente me deixou ferido de imortal egomania: eu não caibo mais em mim, definitivamente, apesar do amor estar me pinçando as entranhas com lentidão crucial...

Tá: essa postagem acabou - amanhã tem mais...

quarta-feira, outubro 04, 2006

Entramos em Outubro:

é mês de Sylvia

e ela, selvagem, reclama sua presença -

então,

dedicando novamente à minha amada,

(eu não me canso de olhar... não vou paraar...)

aí está uma versão para The Sleepers

poema composto num mês de Outubro,

numa "colônia de férias para artistas"

(Yaddo, 1959) - ela e Ted

estavam just married...


DORMENTES

Mapa algum traça a rua
Onde tal par de dormentes está.
Perdemos desse mapa o rastro.
Deitam-se como debaixo d´água,
Numa luz azul, imutável,
A porta-janela entreaberta

Cortinada de renda amarela.
Através das fendas estreitas
Odores de terra úmida sobem.
A lesma deixa um rastro prateado;
Densos matagais cercam a casa.
Prestamos um olhar pra trás.

Entre pétalas pálidas feito a morte
E folhas firmes em suas formas
Dormem, boca a boca.
Uma neblina branca vem subindo.
As narininhas verdes respiram,
E reviram-se no seu sono.

Despejados daquela morna cama
Somos um sonho que eles sonham.
Suas pálpebras detêm a sombra.
Dano algum lhes pode vir.
Fazemos o molde em nossas peles
E deslizamos noutro tempo.


Sylvia Plath
Versão Brasileira:

Ivan Justen Santana