sábado, fevereiro 16, 2013

QUEM SABE EU

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Quem sabe eu
ainda sou
aquele piazinho
cdf e bagunceiro
que usaria plágio
depois cópia elaborada
depois paródia pós-estilizada.

Quem sabe eu ainda
sou aquele adolescentezinho
que foi piá de prédio
mas também piá de bairro
depois músico esqueitista
burro que o pai pensava artista.

Eu não peço a deuses nenhuns
nem que todos me achem ateu
judeu comunista vagau vigarista
piá pançudo sem nem
um pouco de malandragem:

sim: também não conheço a verdade.

Fale pra mim quem você é
e eu te digo
sem vontade
que a vontade
é o preço mais barato
a pagar pela fé.

ijs

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sexta-feira, fevereiro 15, 2013

PARA IANTHE


{BYRON, dedicatória do épico A Peregrinação de Childe Harold}
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    Não nas paisagens onde andei vagando,
    Bem que a Beleza seja lá sem par,
    Nem nas visões ao coração mostrando
    Formas que este suspira só em sonhar,
    Nada de Vero e Mago a te igualar:
    Tendo te visto, buscarei em vão
    Pintar teus charmes vários a piscar—
    Aos que não te observam, meu verso é anão;
Aos que te podem ver, quais rimas bastarão?

    Ah! possas tu ser sempre o que agora és,
    Seguindo um despontar tão promissor—
    Tão bela e pura da cabeça aos pés,
    Na terra a imagem sem asas do Amor,
    E ingênua além do esperado a uma flor!
    Sem dúvida a que agora cerca em muros
    Teus verdes anos, grata ao resplendor
    Contempla os arcos—teus anos futuros—
Iridescentes sobre os céus claros e escuros.

    Fada jovem do Poente! — tenho a sorte
    De superar em dobro os anos teus;
    Meus olhos te olham sem querer consorte,
    Notando que despontas rumo aos céus;
    Feliz, a ti nunca darei o adeus;
    E mais feliz, enquanto corações
    Mais jovens sangrem pelo amor do teu,
    Escaparei ileso de teus dons,
Mesmo que volte sempre o Amor às aflições.

    Ah! que os teus olhos loucos das Gazelas,
    De brilhos bravos, bela timidez
    A conquistar e a provocar sequelas,
    Leiam meus versos e lhes cedam vez,
    Sorrindo a quem em vão te quer talvez—
    Pudesse eu ser mais do que teu amigo:
    Aceita então, ó Moça, sem porquês;
    Teu jovem ser assim ser meu perigo,
E dá a minha coroa um Lírio sem castigo.

    Assim teu nome esteja aqui entrançado;
    E sempre que olhos bons nos venham ler
    Teu nome, Ianthe, aqui sacramentado
    Será o primeiro a ler, sempre a reter:
    Meus dias já contados—reste haver
    Este tributo te atraído à Lira
    De quem te sagra a mais bela de ver—
    O que mais desejar eu poderia?
Se não pôde a Esperança, a Amizade exigia.



{vb:ijs:2013}
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quinta-feira, fevereiro 07, 2013

PARA UMA CERTA CANDIDATA A NORTE-AMERICANA:

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Dum chapéu meu sobrou só a caixa.
De outra paixão, nem sobrenome.
Do caratê sobra esta faixa—
Da humanidade, a flor e a fome.
Dos meus carinhos sobro em todos:
Meus próprios céus são meus infernos.
Eu tenho modos: ostrogodos.
Eu tenho meios: pós-modernos.
Dos sentimentos nos compomos.
Reescrevo então um parnasiano,
Pois onde estamos sempre há pomos
E o nosso amor é tão cigano.
__Nós combinamos sem talvez
__Feito este sonetilho inglês.

[de ijs a ffr]

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sábado, fevereiro 02, 2013

MARMOTA JOYCE YEMANJÁ CURITIBA


Outra vez é o dois de fevereiro.
Outra vez é o dia da marmota.
Outra vez James Joyce, inzoneiro,
Sopra vela e quase ninguém nota.

Hoje é também dia de Iemanjá.
O calorzão faz mais lerda a lesma.
Tantas frases feitas manjo já.
Curitiba nunca é mais a mesma.

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