terça-feira, junho 26, 2007

Loquax Wonka novamente... E feliz aniversário...


Hoje, no Wonka Bar (ali na Trajano Reis, todo mundo sabe onde), voltarei a atacar com minha eloqüência juvenil, auxiliado pela minha querida banda, os Dublês de Dublin.
Hoje também é aniversário da Zoe: e eu fiz essa postagem com tanto atraso que espero que pelo menos uma alma viva tome conhecimento e apareça lá hoje...

terça-feira, junho 19, 2007

O Sonho, de Henri Rousseau...


Yadwigha dans un beau rêve
s'étant endormie doucement
entendait les sons d'une musette
dont jouait un charmeur bien pensant.
Pendant que la lune reflète
sur les fleurs, les arbres verdoyants,
les fauves serpents prêtent l'oreille
aux airs gais de l'instrument.


Yadwigha em belo sonho

cochilava docemente

escutando os sons da flauta

que tocava um feiticeiro

enquanto a lua refletia

sobre rios e arbustos verdes

as serpentes dando ouvidos

a essas árias tão alegres


versão brasileira: Ivan Justen Santana

quarta-feira, junho 13, 2007

BLOOMSDAY NESTE SÁBADO, NÃO PERDAM! (se perderem não tem perdão...)






Neste dia 16 de junho,
o próximo Sábado,
às 16 horas,
na sede do Centro Paranaense Feminino de Cultura
(Rua Visconde do Rio Branco, 1717 – fone 3232-8123),
acontecerá a palestra:

Diálogos em torno do Ulysses:
Joyce x Shakespeare - Dalton x Leminski

com o professor de literatura Ivan Justen Santana
(eu mesmo, em pessoa).

Em seguida, apresentação de pré-estréia da dupla curitibana

Dublês de Dublin

executando composições próprias e a folclórica Finnegans Wake , canção que serviu de inspiração para Joyce em seu romance mais radical e inovador.

A entrada é franca e quem estiver presente ganhará de presente o texto original da canção e a magnífica versão brasileira, adubada pelos estapafúrdios e dubilíngües Dubladores dos Dribles (outro dos codinomes desta dupla tão dúbia...)...


Faça como Marylin Monroe e leia o Ulysses brincando...

sábado, junho 09, 2007

Nossos Williams são mais Butlers, nossos Yeats muito mais Yeats... Mas gentis como eles são, agradecem a edição...

THE PITY OF LOVE
A PIEDADE DO AMOR

A Pity beyond all telling

Piedade além da verve
Is hid in the heart of Love:
Oculta-se em peito de Amor:
The folk who are buying and selling,
Gente que compra e que vende,
The clouds on their journey above,
Nuvens do vento ao sabor,
The cold wet winds ever blowing,
Ventos soprando pra sempre,
And the shadowy hazel grove
E o sombrio bosque marrom
Where mouse-grey waters are flowing,
Onde as águas cinzas seguem,
Threaten the head that I love.
Ameaçam meu amor.

***

THE SORROW OF LOVE
A TRISTEZA DO AMOR

The brawling of a sparrow in the eaves,
The brilliant moon and all the milky sky,
And all that famous harmony of leaves,
Had blotted out man's image and his cry.

O bulir dum pardal pelas beiradas,
O brilho da lua e o lácteo céu infinito,
E toda a famosa harmonia das floradas,
Mancharam a imagem humana e seu grito.

A girl arose that had red mournful lips
And seemed the greatness of the world in tears,
Doomed like Odysseus and the labouring ships
And proud as Priam murdered with his peers;
Uma garota ergueu-se rubros lábios enlutados
E parecia a grandeza do mundo em lágrimas,
Condenada como Ulisses e os navios danados
E audaz qual Príamo caindo com seus pares;

Arose, and on the instant clamorous eaves,
A climbing moon upon an empty sky,
And all that lamentation of the leaves,
Could but compose man's image and his cry.
Ergueu-se, e presto as clamorosas beiradas,
Uma lua escaladora sobre um céu infinito,
E toda aquela lamentação das floradas,
Não compunham a imagem humana e seu grito.


William Butler Yeats
Ivan Justen Santana

***

Essas duas versões brasileiras de Yeats são dedicadas à admirável Araiê, a qual solicitou-me uma boa tradução do THE SORROW OF LOVE, num comentário bem anterior neste blog.

Ela colocou nesse comentário o texto primitivo do poema, publicado pela primeira vez em 1892 (uma tradução bem ruinzinha dessa primeira versão, mas com notas bem detalhadas, pode ser vista aqui.)

Roman Jakobson dedicou um ensaio inteiro a esse poema de Yeats e as transformações nele operadas. Algo parecido pode ser lido aqui: eu recomendo amplamente...

Nota: agradeço a retificação necessária, porque realmente nenhum Yeats é mais Yeats que o verdadeiro Yeats...

segunda-feira, junho 04, 2007

Enquanto a filhinha não vem...

Full Moon and Little Frieda
Lua Cheia e Pequena Frieda

A cool small evening shrunk to a dog bark and the clank of a bucket-
Uma tardinha fria encolheu a um latido de cão e o estalo de um balde-

And you listening.
A spider´s web, tense for the dew´s touch.
A pail lifted, still and brimming - mirror
To tempt a first star to a tremor.
E você escutando.
Uma teia de aranha, tensa com o toque do sereno.
Um vaso erguido, parado e quase transbordando - espelho
A tentar uma primeira estrela a um tremor.

Cows are going home in the lane there, looping the hedges with their warm wreaths of breath-
A dark river of blood, many boulders,
Balancing unspilled milk.
Vacas já vão indo para casa no caminho acolá, circulando as ramagens com suas mornas coroas de bafo-
Um rio escuro de sangue, muito pedregoso,
Equilibrando leite não-derramado.

“Moon!’ you cry suddenly, ‘Moon! Moon!’
– Lua! você grita subitamente: Lua! Lua!

The moon has stepped back like an artist gazing amazed at a work
That points at him amazed.
A lua deu um passo atrás como um artista mirando maravilhado uma obra
Que aponta para ele maravilhada.


Ted Hughes
Versãozinha brasileirinha:
Ivan Justen, o tradutorzinho-problema.