sábado, junho 30, 2012

NOSSO PRIMEIRO BEIJO

[de IJS a FFR]

foi tenso. E sim, eu adoro um sim,
e sim, nossos sins são do bem,
e sim, eles não são sinsalabins,
mas
sim
sala
bens.

Vem
e vai e vai e vem:
maremotos pervagando os mares,
ondas leviatânicas elevando os oceanos,
submergindo as ilhas, devastando os bos-
ques, desbastando as árvores---
e nós?

Procuramos um só refúgio juntos,
só para modos de o primeiro beijo festejar:
eu e você e você e eu e os nossos assuntos,
a sua nota fá, o meu deslize em I
[sem pingo nem rima, mas agora com par:]

ambos em busca de nosso lugar,

mesmo que hoje este seja apenas
um lar doce bar.

<3

segunda-feira, junho 25, 2012

ENTRE MIM E ELA

entre mim e ela é muito mais que sex
nossa alegria é muito mais que tétrica:
provei-lhe com sabor uva e tex mex
e ela me revelou que eu ronco em métrica

* * * * * * * * * *

quinta-feira, junho 21, 2012

OS AMIGOS

No rapé, no café, e também no vinho,
ao limiar da noite eles se levantam
como as vozes que à distância cantam
sem que se saiba o quê, pelo caminho.

Levemente irmãos de igual destininho,
dióscuros, sombras pálidas, me espantam
as moscas das rotinas, me adiantam
a seguir à tona no redemoinho.

Os mortos falam mais alto: ao ouvido,
e os vivos são mão fraca, teto, jeito,
soma do que é ganho e do que é perdido.

Assim, um dia, sombra em barca cheia,
de tanta ausência abrigará meu peito
essa ternura antiga que os nomeia.


Julio Florencio Cortázar
versão curitibana:
Ivan Justen Santana

quarta-feira, junho 20, 2012

Duas parcerias a seis mãos, neste Bloomsday passado


CANTO MÍTICO

Entre o fato e a dança
Como a criança
Chupeta teta valeta

Cavo sombria bonança
Mal da nau catarineta
No cabo da boa esperança

* * *

EIS EINSTEIN

Na prática, a teoria é relativa:
Somos fruto da engrenagem que nunca para--
Universo em curva---uno verso e cura.

O suco é gástrico---ponta da saliva--
O som só uma nota: a mais rara:
Sol sou luar---realidade pura.


Cristiano Farias
Ivan Justen Santana
Juliano Samways Petroski


Curitiba, Villa Bambu, noite de 16 de junho de 2012.

terça-feira, junho 12, 2012

A TELA TREME BEM DE LEVE

A tela treme bem de leve, porém treme:
tremem com ela a mesa e o teclado--
pronto: acendo um cigarro e logo o apago--
o movimento todo faz uma letra ême:

feito funis em ritmo sincopado
ou feito os seis remos de uma mesma trirreme--
de fato, não adianta comparar, já geme
o fim do quarteto em tom de prelado--

E agora, nos tercetos, quem serei?
Um fã dessas sereias que me encantam?
Ou só mais um naufrágio? Outra manhã?

Ao fim e à nota fá, não sei nem sei.
As outras notas todas já me cantam,
já chegam solfejando: Ivan, Ivan, Ivan...


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sábado, junho 09, 2012

VIRAM MEU CORAÇÃO

Viram meu coração virar por água abaixo.
Ou viram apenas um rim, amigo escuso?
Na caixa dela exatamente não me encaixo:
Uso ou abuso? Abuso ou uso? Uso? Uso.

Viram meu coração saindo aos sete mares.
Seriam mais? Oito? Dezoito? Setecentos?
E quantas seriam as ilhas? E os lugares?
Havia de haver mais: e vieram rebentos.

Viram meu coração depois de três batalhas.
De seis, de nove, dezenove vezes mil:
façam as suas apostas, teçam as mortalhas,
o que ontem sempre foi já vai ao fundo rio.

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domingo, junho 03, 2012

PARA CELEBRAR

Lutando com chuvas, combatendo tempestades,
ao menos um bom banho vou tomar---
decifrando infernos, comovendo Plutos e Hades,
tocando corações de lar em lar.

Batalhas e batalhas e batalhas:
gemendo a Grécia, geme Gibraltar---
cangalhas gralhas tralhas que atrapalhas:
diversas razões para celebrar.

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