quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Ou antes: por que eu seria pior (ou melhor) tradutor que Fernando Pessoa (ou quem mais chegar)?

*
ÚLTIMA ROSA ESTIVAL

Última rosa estival
Sozinha desabrocha;
As amáveis colegas
Jazem qual rocha;
Nenhuma outra rosa
Sequer em botão
Reflete o rubor,
Rebate o rumor.

Não te largo, rara!
No caule, de vela;
Se as amáveis dormem
Vai! Dorme com elas.
Gentil já disperso
As folhas na cama
Onde as coleguinhas
Jazem sem aroma.

Possa eu te seguir
Se amizades sequem
E do anel do Amor
As gemas despenquem.
Se os peitos pulsantes
De todas se forem,
Alguém viveria
Num mundo sem flores?


Thomas Moore (1779 - 1852)
Ivan Justen Santana (1973 - )

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quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Por que Fernando Pessoa é melhor (pior) tradutor que eu.

*
A ÚLTIMA ROSA DO VERÃO

É a última rosa
Do verão, sozinha;
Nenhuma outra resta
Formosa e vizinha,
Nenhuma irmã sua
Ou botão de rosa
Responde aos suspiros
Que exala, formosa.

Não quero deixar-te
Sozinha a florir:
Tuas irmãs dormem,
Vai também dormir.
Por isso eis que espalho
Tuas folhas no chão,
Onde as irmãs tuas
Já mortas estão.

Tão breve eu vá quando
Os que amo fugirem,
E do anel do amor
As joias caírem.
Caídos os que ama
No sono profundo,
Quem habitaria
Sozinho este mundo?

Tradução: Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13/06/1888 – 30/11/1935)

Colo abaixo a versão brasileira que fiz (foi postada aqui em 19/02/2011), deste poema

'TIS THE LAST ROSE OF SUMMER
de Thomas Moore (Dublin, 28/05/1779 – Wiltshire (UK), 25/02/1852)

A ÚLTIMA ROSA DO VERÃO

Eis a última rosa do verão
Deixada a desabrochar sozinha;
Todas suas adoráveis amigas
Feneceram no fim da estação;
Pétala alguma da sua espécie,
Botão nenhum a brotar por perto
Reflete o rubro que lhe aparece,
Repete ao suspiro o rumor certo.

“Eu não deixarei você sozinha
Secando em caule sem mais ninguém;
Co’as adoráveis adormecidas
Você já pode ir dormir também.”
Então gentil eu disperso assim
Pétalas rubras na cama morna
Onde as amigas lá do jardim
Jazem já mortas e sem aroma.

Tão logo eu possa, sigo seu rastro,
Quando amizades forem ao chão;
Do anel brilhante do Amor tão vasto
Os diamantes também se vão.
Quando murchar o peito distante
E seu dileto também se for,
Quem vai restar, último habitante
De um mundo escuro e desolador?
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'TIS THE LAST ROSE OF SUMMER

'Tis the last rose of summer,
 Left blooming alone;
 All her lovely companions
 Are faded and gone;
 No flower of her kindred,
 No rosebud is nigh,
 To reflect back her blushes,
 Or give sigh for sigh.

I'll not leave thee, thou lone one!
 To pine on the stem;
 Since the lovely are sleeping,
 Go, sleep thou with them.
 Thus kindly I scatter,
 Thy leaves o'er the bed,
 Where thy mates of the Garden
 Lie scentless and dead.

So soon may I follow,
 When friendships decay,
 And from Love's shining circle
 The gems drop away.
 When true hearts lie withered,
 And fond ones are flown,
 Oh! who would inhabit
 This bleak world alone?

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terça-feira, fevereiro 09, 2016

MADRUGADA, NOVE DE FEVEREIRO

}de ijs a ffr{


Sem você

é tudo triste

e a alegria

até existe

porque surge

vez em quando

só pra me dizer:

calma! ela já volta

e eu fico assim

só na paquera

dela (você) mesma

só tentando só

mantê-la solta

em si consigo

juntos nós.



Nós sem nada

que a paixão

não morda:

górdios

nesta besta fera

desta festa flora

deste amor pantera

desta terça-feira

gorda.

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quarta-feira, fevereiro 03, 2016

BI OGRA FIA

*
Minha voz
não é minha voz.

Vós
sois quem tem uma voz
(se nem sempre avós)
e sabeis dos pronomes
e das conjugações.

eu
a gente
nós

não sei
não sabe
não sabemos

se
quer
ar
ti
cu
lar
sons

trons
ou



os
bons

tons

:

que dirá escrever poesia

que dirá publicar minha
ou da gente
ou nossa

bi
ogra
fia

.

ijs
__