sábado, agosto 30, 2014

COM VOTOS E MAIS VOTOS DE MUITOS ANOS DE VIDA, NESTA OCASIÃO POLÍTICA E ALÉM DE QUALQUER CRÍTICA, IVAN JUSTEN SANTANA PARABENIZA SUA AMADA FAENA COM ESTE DIDÁTICO POEMA:

*
Sou clássico nas horas de te orar;
Barroco, quando vou te requestar;
Fico árcade pra ao campo te levar;
Romântico por te romantizar;

Por ti converto-me ao Parnasianismo
E digo sim aos símbolos do abismo;
Faço poesia até naturalista
E sigo além se você atura a lista:

notou? mudei de tu para você --
e agora no verso livre do modernismo
pode ser até que eu me livre de qualquer -ismo

e passe a um
CONCERTO
CONCRETO

NO TORCE-retorce dos versos --

ou então
viro um poeta marginal
e largo

e ainda volto
a ser estreito:
porque só por você eu tomo jeito
e ainda te dou esse poema de aniversário
fazendo essa cena
de brinquedo, sem medo
e com brilho
pra minha linda
Faena
Figueiredo
Rossilho


IJS

*

terça-feira, agosto 26, 2014

VERSINHOS DA TIA BETH

(poema original de Elizabeth Bishop, feito para Lota de Macedo Soares, conforme mostra o filme Flores raras, de Bruno Barreto:)

Close, close all night
the lovers keep.
They turn together
in their sleep.
Close as two pages
in a book
that read each other
in the dark.
Each knows all
the other knows,
learned by heart
from head to toes.


(versão brasileira de Ivan Justen Santana, para Faena Figueiredo Rossilho, que lhe chamou a atenção ao filme e ao poema:)

Perto, perto, a noite
toda o casal passa,
e até no sono esse
casal se enlaça.
Perto feito folhas
da mesma edição
ambas se lendo
na escuridão.
Ambas se testam
e obtêm nota dez,
sabendo-se de cor
da cabeça aos pés.

*

domingo, agosto 24, 2014

AOS SETENTA ANOS DE PAULO LEMINSKI FILHO

*
morte mais vivida: adense-a

vida nunca amortecida sempre urgência e

viva mais um fim de adolescência!


ijs
*

sexta-feira, agosto 22, 2014

AO MEU FILHO IAN (E AO EMILIANO PERNETA E AO ADOLPHO WERNECK)

*
Busquei pra um Tiranossauro
a ilusão duma riminha
que não fosse apenas minha
mas de cada dinossauro.

Sim, também das Maiassauras,
cuidadoras dos filhinhos:
todos tempos e caminhos
já merecem ter as auras

deste poema meio ingênuo.
Príncipe grande ou pequeno,
pouco importa de onde for,

todo início é uma criança,
e mesmo sofrendo de ânsia
toda rima é por amor.


ijs
*

terça-feira, agosto 12, 2014

AMOR & VELHO VERSO

(além de a toda a humanidade, à Faena Figueiredo Rossilho)

Passam caravanas,
cães latem e mordem,
surge uma nova ordem,
novos povos doidivanas,
e no mar os polvos
desenvolvem mais tentáculos
e linguagens e seus sustentáculos
despontam, morrem, nascem,
ingressam noutras áureas decadências
e amor e velho verso vão seguindo eternos.

Modernos, ancestrais, os mesmos
nos princípios eram o verbo,
e eis a escravidão,
e eis uns dois ou três
vivendo o que acham um vidão,
e eis a humanidade agindo feito besta,
e algum lirismo, e algum realismo,
e outra guerra, e outra religião,
e outros cortes
noutros ternos
e amor e velho verso vão seguindo eternos.

Nenhumas novidades,
museus contemporâneos,
paixões se achando amor,
extinções em massa, jogos olímpicos,
distrações fenomenais, traições sutis,
o mundo vai girando, os rios correndo,
paraísos imutáveis são reformados,
tudo perde o sentido,
grandes são os desertos,
grandes são os invernos,
grandes ardem os infernos,
grandes os sentimentos
maternos e paternos,
e as teorizações
e as práticas de artistas tão ternos,
e os romances, e as peças, e os contos,
e os filmes, e as exposições,
e os etcéteras, e sim, tudo é tão chato,
tudo tudo tudo já catalogado
como naqueles nossos caquéticos cadernos
e amor e velho verso vão seguindo eternos.

Mas não mais
ou nem não mais
e só que não
por nunca menos
pois talvez embora então
alguéns alguma vez
fermentarão uns ancestrais vinhos falernos
enquanto
amor e velho verso vão seguindo eternos.

ijs
*