terça-feira, junho 28, 2011

NADA – OU QUASE ATÉ UMA ARTE POÉTICA


mal
lar
me
li
vre

não vejo mais aquela que num bar me caça
na nossa carne triste uma frágil barcaça
assiste a um fim de missa ao capitão fracassa
e não sobrou poção nesta cabaça escassa

procuro um leito de procusto que revele
até onde se lê neste verso vela ou pele
se foi nela uma tela a bela cela dele

um paralelo entre bacante de biquíni
e tosca execução da tosca a toscanini

num filme de fellini refilmado em rimini

um símbolo de sim tropeçando num toco
bolando um bolo simbolista com ovo oco

coadjuvando um zebu e um gnu e um urubu
para picar o pé de um mestre do kung fu
surge a convocação ao nu de uma surucucu

coloco um lírio em fundo verde e reverdece
só quero ver se sóbria a barca sobe ou desce
nesta maré crescente um livro sobrenada
nele acrescento só o que livro sobre nada

*

segunda-feira, junho 27, 2011

ORBITAIS

(composto sob inspirações dialógicas de Sandra AdrianaRoberto Prado e Alberto Centurião)

uma lua azul no zênite
desliza

uma lua negra no nadir
desluza

enquanto isso
nebulosamente

outro satélite colapsa
numa elipse de eclipse
*

domingo, junho 26, 2011

NÓS, AS CRIANÇAS DESTE MILÊNIO

(para Monica Berger, Sérgio Viralobos e Sandra Adriana Fasolo)

Nós, as crianças deste milênio
temos dez, vinte, trinta, quarenta,
cinquenta e até cento e poucos anos.

Estamos nesta terra a passeio?
Tem vezes que é isso que aparenta.
Tem vezes que assim nos enganamos.

Aqui neste país meio cheio,
a língua que falamos ostenta
estranhezas em seus muitos planos.

Mas isso não é só aqui. É um veio
que toda língua pensa que inventa
nas babélicas fusões de humanos.

Tal fala falamos, pois também o
falar nos refere a gente, imensa
variação dos tratos cotidianos.

Portanto, a gente, as crianças deste
milênio (notem que os calendários,
quais línguas, tampouco servem todos)

ainda estamos em tempos de peste,
em tempos de desajustes vários.
Notamos quanto nos faltam modos,

quanto falta um respeito que preste
a todos. Sujamos o lugar, e os
saberes que temos são só dos

poucos que pensam que sabem. Neste
cenário, entre impossíveis cenários,
desengatando-nos dos engodos,

se é possível salvar o que reste,
talvez só esta percepção aclare os
fatos, raspe os restos, passe os rodos:

a humanidade ainda engatinha.
Debatemo-nos, bichos dispersos,
filhotes disputando algum prêmio.

Nossa arte? Até que ela é bonitinha.
No meio dos pesadelos: gestos.
No meio da massa rude: gênios.

Religiões, ciências vêm como vinha
comovente a inocência. Imersos,
valores suplicam oxigênio

na atmosfera humana que definha.
Mas sejam ensaios estes restos.
Seja tudo isto parte do treino.

Seja aqui só o início da linha
por mais horizontes e universos
além destes quarenta e seis versos

a nós, crianças deste milênio.

* * *

quarta-feira, junho 22, 2011

SE LITERATURA FOSSE CRIME (E NÃO É?)

(inspirado por uma observação de Ricardo Pozzo e um questionamento de Lívia Lakomy)

Todo literato é um tipo manso (ou Manson?) de sociopata.

Portanto:

se James Joyce é um Jesse James,
William Faulkner é um Billy The Kid,
e Jack Kerouac, o Estripador.

Guimarães Rosa é um Lampião.
Dalton Trevisan, um Bandido da Luz Vermelha.
Paulo Leminski, um Monge da Lapa.

E você, Ivan?

Você foi um projeto de Maníaco do Parque
(enquanto amestrava-se no campus da USP)
mas agora você virou um tipo de Dexter
(o do seriado, não o do desenho)
apavorando a cultura curitibana
com o sobrenome artístico de Justen Santana.
*

segunda-feira, junho 20, 2011

I HEAR AN ARMY... (será um exército de leitores de James Joyce?)

[poema XXXVI de Chamber Music (1907),
livro de estreia de James Joyce]

__I hear an army charging upon the land,
And the thunder of horses plunging, foam about their knees:
__Arrogant, in black armour, behind them stand,
Disdaining the reins, with fluttering whips, the charioteers.
__Eu ouço uma tropa atacando por sobre a terra,
E o tropel de cavalos precipitando-se, espuma aos joelhos:
__Arrogantes, em couraça negra, atrás se encerram,
Desdenhando as rédeas, chicotes ao vento, os cocheiros.

__They cry unto the night their battle-name:
I moan in sleep when I hear afar their whirling laughter.
__They cleave the gloom of dreams, a blinding flame,
Clanging, clanging upon the heart as upon an anvil.
__Eles gritam noite adentro seu bordão de batalha:
Eu gemo em sono quando ouço ao longe o gargalhar que roda.
__Eles rompem a bruma dos sonhos, flama que aparvalha,
Retinindo, retinindo no peito qual numa bigorna.

__They come shaking in triumph their long, green hair:
They come out of the sea and run shouting by the shore.
__My heart, have you no wisdom thus to despair?
My love, my love, my love, why have you left me alone?
__Eles vêm tremulando em triunfo seu verde, longo cabelo:
Emergem do mar e correm berrando, trazendo desastre.
__Meu coração, falta-te prudência para o desespero?
Meu amor, meu amor, meu amor, por que me abandonaste?

Tradutor abandonado: Ivan Justen Santana
*

domingo, junho 19, 2011

SONETÃO TÃO ANTIGO QUE JÁ ESTÁ QUASE CONTEMPORÂNEO

Quase procrastinando pra amanhã
tudo que eu tinha que fazer anteontem,
vou tocando minha vida de Ivan
antes que as horas-peças me desmontem.
Não, não, eu não nasci lá na Bahia
e nunca vi mucama nem feitor:
meu troco máximo na travessia
é só um salário mínimo de amor.
Portanto vou sair torcendo muito
que uma onça beba inteira minha mágoa.
Mas se eu não chorar um tufão grau médio,
qualquer copo dágua será fortuito.
Prometo que assim prometeico alago a
terra a vista, a vinho, a vodka ou a tédio.
*

sexta-feira, junho 17, 2011

Clash of translatitans (ou kléche oftrans leitortaitans) (ou classe de tradutortos)

(postagem dedicada ao Adriano Scandolara, pela derrota que me infligiu no Concurso de Tradução Bloomsday, da Ateliê Editorial)

parágrafos 4 e 5 do Finnegans Wake de James Joyce. Nessa minha reimaginação a seguir, convido os leitores a me verem como um dos "Maláquios Enxacuecas", sendo que o posto de "Solnesstre Finnegan" foi devidamente conquistado pelo Adriano: honras à tradução dele, que merece ser curtida por todos clicando aqui.

Que confrontos aqui de intenções fregen tensões, ostragodeuses humordaçam peixingodeuses! Bréqueq Quéqueq Quéqueq Quéqueq! Cóaks Cóaks Cóaks! Ualu Ualu Ualu! Quaouauh! Onde os sequases Baldelérios ainda saem assassinalar Maláquios Enxacuecas e os Verdonos catapeitam as camibalísticas fora do Semterroyce de Cabo CaHbEcê. Aziagaios e bumeringuestres. Prole d’áurea, valei-me homedo! Sanglórios, salvai! Armas apelam a larmas, apalermando. Guilhogatilhotina: a paga, a paga. Que amassetetes casuais, que arcaymuros aéreos e crivados! Que mepropõetestantes sinduzidas por que tegotetabsolvos! Que vero tato pelos belcabelos delas com que voz canudora de falso esauluço! Ó: houve, houve como esparracachou-se em pó o pai dos fornicacionistas mas, (Ó meus raios fúlgidos e corpo!) como pendãostendeu-se augusto firmamento o signocéu de macio anúncio! Mas era iz? Issol de? Outreram ermãs? Os carvos antigalhos agora jazem na turfa entre tanto inda adãolmos saltam onde se deitam as cinzevas. Tumbai se menosquereis, erguer-vos devereis: e nenhum tãopronto trará tampouco a pharsa sob a atual circonstância a um secular acerto fimfênix.
Solnesstre Finnegan, o da Mão Gagueja, grãopedreiro dos livres, vivia na mais larga via imarginável em seu candelar muilalonge para cassítios eras antes de juízes josuézes nos darem números ou Helvítico cometer deuteronômio (um dia fermenteontem ele sterneamente enfstixou a catesta num tonel para aswiftir ao futuro de seus fados mas nem a desretirara quando, pelo poder de moisés, a água tonelada evaporiu-se e todas as gênejas tiveram êxodos o que mostra o pentateucado chapa que ele era!) e durante muiscos e múisculos anos ímpares este homem de cochocimento edifícios amontou prédico supra prédico no Vilarejo de Pinguiço sôbolos bancos aos riventes beirinhos. Ele dentinha tiquinha espozéquia Aninha udenda criarturrinha. Cônseus calbelos nas mões encaçapava tuas partesnela. Frequemente bálbulo, mitradiante, envergando avistosa trolha e o macacão marfinado que ele habitacularmente gozotava, como Harum Childérico Eovoberto ele caliculava por multiplicáveis o altitudo e maltitudo até que vaivisse à nitiluz alcoótica duond’era nata, a túvola cabeçonda d’outros dias a erguer-se em desvestida maizonaria (joypermita!), uma uaralha de um arranhassalvo da mais tórrea envergrandura, irlangerando-se de quase a nada e celescalando cimos e laia, hierarquitectictactiptopáltico, com uma sarça ardente entope do babeltopo e com laurons o’tolos sapando acima e tombaldes d’beckets teando abaixo.
James Joyce
versão caída em desgraça: Ivan Justen Santana

quarta-feira, junho 15, 2011

ECCE PUER

Quatro gerações Joyce:
retrato de John Joyce (pai do escritor), James Joyce,
Giorgio (o filho) e Stephen (o neto)
em foto de Gisèle Freund.
(fonte: Letras in.verso e re.verso)

(em agradecimentomenagem ao Rodrigo Madeira, poeta-tradutor-irmão-brother-in-arms, e dedicando esta postagem também a meu pai, Rui Antonio Santana, hoje aniversariante:)

ECCE PUER

Do passado escuro
Um menino nasce;
Alegre e sofrido
Meu peito desfaz-se.

Tranquilo no berço
O vivo, à vontade;
Seus olhos que os abram
Amor e piedade!

Nova vida o vidro
Respirada embaça;
O que antes nem era
Como veio passa.

Um velho se foi:
Descansa um menino.
Ó pai renegado,
Perdoa teu filho!

James Joyce
trad.: rodrigo madeira

ECCE PUER

Of the dark past
A child is born;
With joy and grief
My heart is torn.

Calm in his cradle
The living lies.
May love and mercy
Unclose his eyes!

Young life is breathed
On the glass;
The world that was not
Comes to pass.

A child is sleeping:
An old man gone.
O, father forsaken,
Forgive your son!

* ecce puer (é um menino!) foi escrito em 1932, ano em que nasceu o neto e morreu o pai de james joyce.

sexta-feira, junho 10, 2011

BLOOMSDAYS (and night!) EM CURITIBA

De segunda a quinta-feira da semana que vem!
Saibam quando, onde, que horas, o que, e com quem:

Programações do Bloomsday 2011 em Curitiba

13/06 (segunda-feira) – Reitoria da UFPR – Ed. D. Pedro I, Anfiteatro 100
16h15 – Palestra Bloom & Molly
Profa. Dra. Luci Collin (Cadeira 14 da Academia Feminina de Letras do Paraná)
Encerramento do Curso de Extensão Semânticas do Amor (UFPR)
Evento Especial da Segunda no Centro, do Centro Paranaense Feminino de Cultura
Entrada franca

14/06 (terça-feira) – Livrarias Curitiba – Shopping Estação
19h30 – Palestra A literatura e as artes na obra de James Joyce
Prof. Guilherme Gontijo Flores (UFPR)
Entrada franca

14, 15 e 16/06 (de terça a quinta-feira)
Auditório da Biblioteca Pública do Paraná
BLOOMSDAY CONEXÃO CURITIBA
Organização e promoção: Museu da Imagem e do Som – MIS
e Biblioteca Pública do Paraná
Sempre às 19h, palestras e filmes, com entrada franca
Exibição dos filmes Os vivos e os mortos (14/06), Bloom (15/06) e Alucinação de Ulisses (16/06)
Relançamento do livro A pau a pedra a fogo a pique: dez estudos sobre a obra de Paulo Leminski (org. Prof. Dr. Marcelo Sandmann – UFPR), editado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná
(14/06) Palestra A narrativa "Os Mortos" no texto de Joyce e na tela de Houston
Profa. Dra. Brunilda Reichmann (Uniandrade)
(15/06) Palestra James Paulo Joyce Leminski
Ivan Justen Santana (Doutorando UFPR)
(16/06) Leitura dramática de Giacomo Joyce
com Helena Portella, sob direção de Octavio Camargo

14/06 (terça-feira) – Wonka Bar (Trajano Reis, 326)
22h – BLOOMSnight! na Wonkademia
Celebração joyciana com Ivan Justen Santana e convidados
Entrada: R$ 3,00

16/06 (quinta-feira) – Reitoria da UFPR – Ed. D. Pedro I – Anfiteatro 1100
15hBloomsday na Reitoria
Ato variado com récitas, leituras comentadas e leitura dramática (participações de Sabrina Lopes, Límerson Morales, Léo Glück, Márcia Tirapelli, Gleuza Salomon, Marília Kubota, Homero Gomes, Ivan Justen Santana)
Entrada franca

terça-feira, junho 07, 2011

EXCELSIOR

The shades of night were falling fast,
As through an Alpine village passed
A youth, who bore, ’mid snow and ice,
A banner with the strange device,
____Excelsior!
As sombras da noite desciam depressa,
E entre gelo e neve um jovem atravessa
Uma vila Alpina, empunhando altivo
Um pendão com este estranho distintivo:
____Excelsior!
His brow was sad; his eye beneath,
Flashed like a falchion from its sheath,
And like a silver clarion rung
The accents of that unknown tongue,
____Excelsior!
Sua fronte é triste; em seu olhar caminha
A faísca de uma espada na bainha,
E como um clarim de prata, vibra a vida
No sotaque de uma língua já esquecida:
____Excelsior!
In happy homes he saw the light
Of household fires gleam warm and bright;
Above, the spectral glaciers shone,
And from his lips escaped a groan,
____Excelsior!
Ele via as luzes de alegres lareiras,
Chamas fulgindo, quentes e hospitaleiras;
No alto, geleiras de resplendor temido,
E dos seus lábios escapava um grunhido:
____Excelsior!
“Try not the Pass!” the old man said;
“Dark lowers the tempest overhead,
The roaring torrent is deep and wide!”
And loud that clarion voice replied,
____Excelsior!
“Não tentes passar desfiladeiro acima!”
Disse o velho; “a tempestade se aproxima,
A tremenda torrente é profunda e brava!”
E uma voz alta qual clarim replicava:
____Excelsior!
“O stay,” the maiden said, “and rest
Thy weary head upon this breast!”
A tear stood in his bright blue eye,
But still he answered, with a sigh,
____Excelsior!
“Ó, fica,” disse a donzela, “e aplaca
Neste meu seio tua cabeça fraca!”
Do olhar brilhante uma lágrima pendeu,
Mas, suspirando fundo, ele respondeu:
____Excelsior!
“Beware the pine-tree’s withered branch!
Beware the awful avalanche!”
This was the peasant’s last Good-night,
A voice replied, far up the height,
____Excelsior!
“Cuida que a sua bandeira não enganche!
Cuida que caia a cabulosa avalanche!”
Assim o camponês deu-lhe a despedida,
E a voz replicou, prosseguindo a subida:
____Excelsior!
At break of day, as heavenward
The pious monks of Saint Bernard
Uttered the oft-repeated prayer,
A voice cried through the startled air,
____Excelsior!
Ao raiar do dia, quando à luz divina
Os monges piedosos da ordem bernardina
Proferiam sua oração costumeira,
Um grito atravessava a cordilheira:
____Excelsior!
A traveller, by the faithful hound,
Half-buried in the snow was found,
Still grasping in his hand of ice
That banner with the strange device,
____Excelsior!
Um viajante, pelo mastim alerta
Foi desenterrado da branca coberta,
Ainda empunhando com seu modo altivo
O pendão daquele estranho distintivo:
____Excelsior!
There in the twilight cold and gray,
Lifeless, but beautiful, he lay,
And from the sky, serene and far,
A voice fell, like a falling star,
____Excelsior!
Ali, sob uma aurora cinzenta e fria,
Ali, inerte, porém belo, ele jazia,
E lá do céu, longínqua e serenamente,
Uma voz caiu como estrela cadente:
____Excelsior!

Henry Wadsworth Longfellow
(Manuscrito datado de 28/9/1841, 3:30 am)
Tradução: Ivan Justen Santana

E aqui vai um problema de xadrez com o tema Excelsior: as sombras da noite caindo são os peões pretos, o velho camponês é o rei branco, a donzela é a dama branca, e o jovem com o pendão é o peão de b2. As brancas jogam e ganham:

Vladimir Korolkov, 1969.
(pista: para ganhar é preciso que o peão suba [Excelsior = mais alto e avante!], e seu destino será fatal no final, assim como no poema...)

domingo, junho 05, 2011

NADA DE OURO PERMANECE

NOTHING GOLD CAN STAY

Nature’s first green is gold,
Her hardest hue to hold.
Her early leaf’s a flower,
But only so an hour.
Then leaf subsides to leaf.
So Eden sank to grief,
So dawn goes down to day.
Nothing gold can stay.

NADA DE OURO PERMANECE

O verde no início é de ouro,
Seu mais difícil tesouro.
Folha nova em flor aflora,
Mas apenas por uma hora.
Depois folhas se sucedem.
Na mágoa naufraga esse Éden,
No dia essa aurora perde-se.
Nada de ouro permanece.

Robert Frost
Ivan Justen Santana

quinta-feira, junho 02, 2011

A ARTE DE TRANSFORMAR ÃO EM RIMA RICA

Não: isso não é mais um versinho meu anão.
É um conseguir dizer um sim com um "ah, não!"

Pois é: é conforme o Cartola em "com os teus pés"
rimando interestrofe o "não serás mais o que és".

E assim fica um negócio a todas as idades
feito as nossas bandas mais bonitas das cidades:

sim, você leu bem, pois eu conheço mais de uma:
em Curitiba há seleções musicais para um paideuma.

Mas aí abusei em termos de conhecimento médio,
então volto a falar em linguagem de piá de prédio:

a rima daquela canção, de oração com coração,
mais que decoração merece condecoração!

Assim, encerro sem erro este poema de vez:
sem enfarte (o que for mar, foi feito à mão

e não é filme de efeito do Emir Kusturica)
descosturei aqui pra vocês

a arte de transformar ão
em rima rica.
*