sábado, junho 09, 2007

Nossos Williams são mais Butlers, nossos Yeats muito mais Yeats... Mas gentis como eles são, agradecem a edição...

THE PITY OF LOVE
A PIEDADE DO AMOR

A Pity beyond all telling

Piedade além da verve
Is hid in the heart of Love:
Oculta-se em peito de Amor:
The folk who are buying and selling,
Gente que compra e que vende,
The clouds on their journey above,
Nuvens do vento ao sabor,
The cold wet winds ever blowing,
Ventos soprando pra sempre,
And the shadowy hazel grove
E o sombrio bosque marrom
Where mouse-grey waters are flowing,
Onde as águas cinzas seguem,
Threaten the head that I love.
Ameaçam meu amor.

***

THE SORROW OF LOVE
A TRISTEZA DO AMOR

The brawling of a sparrow in the eaves,
The brilliant moon and all the milky sky,
And all that famous harmony of leaves,
Had blotted out man's image and his cry.

O bulir dum pardal pelas beiradas,
O brilho da lua e o lácteo céu infinito,
E toda a famosa harmonia das floradas,
Mancharam a imagem humana e seu grito.

A girl arose that had red mournful lips
And seemed the greatness of the world in tears,
Doomed like Odysseus and the labouring ships
And proud as Priam murdered with his peers;
Uma garota ergueu-se rubros lábios enlutados
E parecia a grandeza do mundo em lágrimas,
Condenada como Ulisses e os navios danados
E audaz qual Príamo caindo com seus pares;

Arose, and on the instant clamorous eaves,
A climbing moon upon an empty sky,
And all that lamentation of the leaves,
Could but compose man's image and his cry.
Ergueu-se, e presto as clamorosas beiradas,
Uma lua escaladora sobre um céu infinito,
E toda aquela lamentação das floradas,
Não compunham a imagem humana e seu grito.


William Butler Yeats
Ivan Justen Santana

***

Essas duas versões brasileiras de Yeats são dedicadas à admirável Araiê, a qual solicitou-me uma boa tradução do THE SORROW OF LOVE, num comentário bem anterior neste blog.

Ela colocou nesse comentário o texto primitivo do poema, publicado pela primeira vez em 1892 (uma tradução bem ruinzinha dessa primeira versão, mas com notas bem detalhadas, pode ser vista aqui.)

Roman Jakobson dedicou um ensaio inteiro a esse poema de Yeats e as transformações nele operadas. Algo parecido pode ser lido aqui: eu recomendo amplamente...

Nota: agradeço a retificação necessária, porque realmente nenhum Yeats é mais Yeats que o verdadeiro Yeats...

3 comentários:

Giuliano Gimenez disse...

Gostaria de ler a sua tradução do poema "Vamos tocar aquela". é possível?

Anônimo disse...

Mordida nada, hombre, atabalhoada!
Agora, esses Yeats são covardia. Vou ali morrer de invejinha branca, rs

Araiê disse...

Valeu Ivan!!!!Grata!
Vou posta-lo no meu blog. Por onde andas hombre????beijos