sexta-feira, fevereiro 15, 2013

PARA IANTHE


{BYRON, dedicatória do épico A Peregrinação de Childe Harold}
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    Não nas paisagens onde andei vagando,
    Bem que a Beleza seja lá sem par,
    Nem nas visões ao coração mostrando
    Formas que este suspira só em sonhar,
    Nada de Vero e Mago a te igualar:
    Tendo te visto, buscarei em vão
    Pintar teus charmes vários a piscar—
    Aos que não te observam, meu verso é anão;
Aos que te podem ver, quais rimas bastarão?

    Ah! possas tu ser sempre o que agora és,
    Seguindo um despontar tão promissor—
    Tão bela e pura da cabeça aos pés,
    Na terra a imagem sem asas do Amor,
    E ingênua além do esperado a uma flor!
    Sem dúvida a que agora cerca em muros
    Teus verdes anos, grata ao resplendor
    Contempla os arcos—teus anos futuros—
Iridescentes sobre os céus claros e escuros.

    Fada jovem do Poente! — tenho a sorte
    De superar em dobro os anos teus;
    Meus olhos te olham sem querer consorte,
    Notando que despontas rumo aos céus;
    Feliz, a ti nunca darei o adeus;
    E mais feliz, enquanto corações
    Mais jovens sangrem pelo amor do teu,
    Escaparei ileso de teus dons,
Mesmo que volte sempre o Amor às aflições.

    Ah! que os teus olhos loucos das Gazelas,
    De brilhos bravos, bela timidez
    A conquistar e a provocar sequelas,
    Leiam meus versos e lhes cedam vez,
    Sorrindo a quem em vão te quer talvez—
    Pudesse eu ser mais do que teu amigo:
    Aceita então, ó Moça, sem porquês;
    Teu jovem ser assim ser meu perigo,
E dá a minha coroa um Lírio sem castigo.

    Assim teu nome esteja aqui entrançado;
    E sempre que olhos bons nos venham ler
    Teu nome, Ianthe, aqui sacramentado
    Será o primeiro a ler, sempre a reter:
    Meus dias já contados—reste haver
    Este tributo te atraído à Lira
    De quem te sagra a mais bela de ver—
    O que mais desejar eu poderia?
Se não pôde a Esperança, a Amizade exigia.



{vb:ijs:2013}
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Um comentário:

Anônimo disse...

Bem Massa!
Tu já ouvistes a versão do Shoenberg pra "Ode to Napoleon"?

http://www.youtube.com/watch?v=Vcp2QBQjWtg

"(...)
Byron composed his ode on April 10, 1814, the day after Napoleon's resignation, and had it published anonymously. Originally in sixteen verses, Byron's publisher later asked for an additional three, which Byron supplied, including the closing homage to George Washington. Byron's impassioned barrage was directed not only against Napoleon but toward every dictatorship.(etc,)"


abraço!
glerm