quarta-feira, outubro 04, 2006

Entramos em Outubro:

é mês de Sylvia

e ela, selvagem, reclama sua presença -

então,

dedicando novamente à minha amada,

(eu não me canso de olhar... não vou paraar...)

aí está uma versão para The Sleepers

poema composto num mês de Outubro,

numa "colônia de férias para artistas"

(Yaddo, 1959) - ela e Ted

estavam just married...


DORMENTES

Mapa algum traça a rua
Onde tal par de dormentes está.
Perdemos desse mapa o rastro.
Deitam-se como debaixo d´água,
Numa luz azul, imutável,
A porta-janela entreaberta

Cortinada de renda amarela.
Através das fendas estreitas
Odores de terra úmida sobem.
A lesma deixa um rastro prateado;
Densos matagais cercam a casa.
Prestamos um olhar pra trás.

Entre pétalas pálidas feito a morte
E folhas firmes em suas formas
Dormem, boca a boca.
Uma neblina branca vem subindo.
As narininhas verdes respiram,
E reviram-se no seu sono.

Despejados daquela morna cama
Somos um sonho que eles sonham.
Suas pálpebras detêm a sombra.
Dano algum lhes pode vir.
Fazemos o molde em nossas peles
E deslizamos noutro tempo.


Sylvia Plath
Versão Brasileira:

Ivan Justen Santana

Um comentário:

Priscila Manhães disse...

Estava pensando nisso outro dia, faz tempo que não postamos nenhum poema dela.
Obrigada.
Meus beijos