No Jardin des Plantes, Paris
O olhar, de tanto passar pelas grades
gastou-se: não está preso a mais nada.
A ela, só existem mil grades, e atrás de
mil grades o seu mundo todo acaba.
O ritmo macio do seu movimento
forte, em círculos cada vez menores,
é uma dança de energia até um centro
onde jazem suas vontades enormes.
Raramente ela descerra em silêncio
o véu da pupila – e a imagem vivaz
adentra a mansidão do corpo tenso,
cai no coração e se desfaz.
Rainer Maria Rilke
Versão felina brasileira
(reescovando os pelos da pantera
numa singela homenagem a Monica Berger:)
Ivan Justen Santana
sexta-feira, setembro 23, 2011
quarta-feira, setembro 21, 2011
Diálogo automático consigo mesmo
"Olá, Ivan, como foi a apresentação musical dos Dublês de Dublin?"
"O show foi muito bom, Ivan. Foi quase excelente mesmo. Obrigado por se interessar em saber."
"E como vai o doutorado, Ivan? Passou bem nas matérias do primeiro semestre?"
"Ainda não sei das notas, Ivan, mas acho que não fiz feio."
"E a família, Ivan? Como vai?"
"Faça um favor a nós dois, Ivan: vá dormir, e só volte aqui quando tiver algo de bom pra postar, valeu?"
"Valeu, Ivan, boa noite."
"Boa noite."
...
"O show foi muito bom, Ivan. Foi quase excelente mesmo. Obrigado por se interessar em saber."
"E como vai o doutorado, Ivan? Passou bem nas matérias do primeiro semestre?"
"Ainda não sei das notas, Ivan, mas acho que não fiz feio."
"E a família, Ivan? Como vai?"
"Faça um favor a nós dois, Ivan: vá dormir, e só volte aqui quando tiver algo de bom pra postar, valeu?"
"Valeu, Ivan, boa noite."
"Boa noite."
...
quarta-feira, setembro 14, 2011
sábado, setembro 10, 2011
DECLARADO O DIA IVÂNICO DESCARADO DESCARACTERIZADO
Hoje não era pra ser um Dia Ivânico
(pra quem não sabe o que é isso: clique aqui)
mas como no ano passado o Dia Ivânico
(8/9/10) passou em branco, eis que aqui
está declarado o Dia Ivânico Descarado Descaracterizado:
Dez do Nove do Onze:
como um gonzo que gonze,
como um guizo à guisa de gaze,
ou só esses versos passando de fase,
feito em casa um caso do casal de coisa que nem me case:
RASTROS DOS ASTROS DE SISTROS SINISTROS DAQUELES DESASTRES JAMAIS VISTOS DESDE OS SETEMBROS PRETÉRITOS PASSADOS (Ou: POEMA QUE NÃO DEVIA TER TÍTULO)
Minha pedra tem artistas.
Tem enxames de turistas.
Não permitam que alguém chame
nossa classe assim de Lóki,
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame.
Minha pedra não é a perda
de quem fume a pedra-merda,
de quem caia a mesma queda,
ou quem ri da lesma surda
das que zombam ui que meda:
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame,
nossa classe tem estoque
além do bem velho róque,
posta a chama ou seu vexame:
a quem cale ou a quem ame.
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(pra quem não sabe o que é isso: clique aqui)
mas como no ano passado o Dia Ivânico
(8/9/10) passou em branco, eis que aqui
está declarado o Dia Ivânico Descarado Descaracterizado:
Dez do Nove do Onze:
como um gonzo que gonze,
como um guizo à guisa de gaze,
ou só esses versos passando de fase,
feito em casa um caso do casal de coisa que nem me case:
RASTROS DOS ASTROS DE SISTROS SINISTROS DAQUELES DESASTRES JAMAIS VISTOS DESDE OS SETEMBROS PRETÉRITOS PASSADOS (Ou: POEMA QUE NÃO DEVIA TER TÍTULO)
Minha pedra tem artistas.
Tem enxames de turistas.
Não permitam que alguém chame
nossa classe assim de Lóki,
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame.
Minha pedra não é a perda
de quem fume a pedra-merda,
de quem caia a mesma queda,
ou quem ri da lesma surda
das que zombam ui que meda:
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame,
nossa classe tem estoque
além do bem velho róque,
posta a chama ou seu vexame:
a quem cale ou a quem ame.
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segunda-feira, setembro 05, 2011
AO IAN NADOLNY ROLAND JUSTEN SANTANA, NO MOMENTO EM QUE FAZ 8 MESES E 8 DIAS
O maior dilema
não é fazer ou não fazer
para você ou para a sua mãe
um primeiro ou mais um poema.
O maior dilema
é mais que só ser ou sequer
nem ser quem perca ou ganhe
ou grite ou chore ou sofra ou gema.
Dilemas totais
mais fundamentais
que mamães e papais:
isso existe?
Talvez as razões
de ao tentar ser bons
tocarmos tantos sons
num tom triste.
não é fazer ou não fazer
para você ou para a sua mãe
um primeiro ou mais um poema.
O maior dilema
é mais que só ser ou sequer
nem ser quem perca ou ganhe
ou grite ou chore ou sofra ou gema.
Dilemas totais
mais fundamentais
que mamães e papais:
isso existe?
Talvez as razões
de ao tentar ser bons
tocarmos tantos sons
num tom triste.
(Foto: Gianna Roland)
quinta-feira, setembro 01, 2011
O CORUJÃO & A GATINHA
________I
O Corujão e a Gatinha foram pro mar,__Num belo dum barquinho bem verdinho,
Levaram muito mel, e dinheiro a granel,
__Empacotado em cédulas de cinco.
O Corujão via as estrelas com ardor,
__E cantava com seu violãozinho,
“Ó minha adorável Gatinha! Ó meu amor,
__Ó Gatinha do meu coraçãozinho,
____Zinho,
____Zinho!
Ó Gatinha do meu coraçãozinho!”
________II
E a Gatinha ao Corujão: “Você é cortesão! __Que doce essa canção que você fez!
Ó vamos já casar! Em boa hora e lugar:
__Porém o que fazer quanto aos anéis?”
Navegaram em calmaria, um ano e um dia,
__Às terras onde a planta Bonga tem raiz
E lá numa vereda um Porco tinha venda
__Com anéis no final do seu nariz,
____Nariz,
____Nariz,
Com anéis no final do seu nariz.
________III
“Caro porco janota, aceita alguma nota __Por tais anéis?” Disse o Porco: “Eu aceito.”
E então os compraram e a seguir se casaram
__Declarados pelo Peru, o Prefeito.
Jantaram araruta, e fatias de fruta,
__Que comeram com uma colher nua;
De mãos dadas, em par, pela beira do mar,
__Cantaram e dançaram à luz da lua,
____Da lua,
____Da lua,
Cantaram e dançaram à luz da lua.
corujice original: Edward Lear (1812-1888)
[clique aqui pra ver o texto fonte]
gatimanha tradutória: Ivan Justen Santana
Imagem surrupiada do site storynory.com,
(na verdade é uma colorização da ilustração
do próprio Edward Lear, mas não contem pra ninguém).
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