quinta-feira, janeiro 24, 2013

"Temos que estudar Dylan e noite!" [eu, ontem à noite...]

ROMANCE EM DURANGO
(Romance in Durango -- Bob Dylan -- vb: IJS)

Pimenta vermelha no sol de torrar
Poeira na minha cara e na capa
Eu e Madalena fugindo pra lá
Acho que dessa a gente escapa

Vendi o violão pro filho do padeiro
Por umas migalhas e um mocó
Mas já arranjo outro instrumento
E na estrada pra ela eu toco

No llores, mi querida
Dios nos vigila
O cavalo logo nos leva a Durango
Agarrame, mi vida
Logo o deserto vai acabar
Logo você vai dançar o fandango

Passando a ruína asteca e nossos fantasmas
Cascos feito castanholas batendo no tom
À noite eu sonho sinos pelas torres pasmas
E então vejo o rosto em sangue de Ramón

Fui eu quem atirou nele na cantina?
Foi minha mão na arma a disparar
Vamos lá fugir, minha Madalena
Os cães ladram e o passado morto está

No llores, mi querida
Dios nos vigila
O cavalo logo nos leva a Durango
Agarrame, mi vida
Logo o deserto vai acabar
Logo você vai dançar o fandango

Numa tourada sentaremos à sombra
Veremos o jovem toureiro por lá, só
Beberemos tequila onde os nossos avós
Trilharam com Pancho Villa até Torreón

O padre recitará em seu velho tomo
Naquela igrejinha lá daquele bairro
Eu com botas novas e brinco de ouro
Você com diamantes no vestido branco

O caminho é longo mas o fim é ali
A fiesta até já começa bem animada
A face de Deus já surgiu, eu vi
Com seus olhos de serpente de obsidiana

No llores, mi querida
Dios nos vigila
O cavalo logo nos levará a Durango
Agarrame, mi vida
Logo o deserto acabará
Logo você dançará o fandango

Foi um trovão esse som que eu ouvi?
Minha cabeça vibra e só dói se eu respiro
Não diga mais nada e sente aqui
Pelo jeito é meu fim, tomei um tiro

Madalena, rápido, pegue a arma
Veja nas colinas aquele reflexo
Mire direitinho, minha pequena alma
Desta noite não passamos, pelo jeito

No llores, mi querida
Dios nos vigila
O cavalo logo nos leva a Durango
Agarrame, mi vida
Logo o deserto vai acabar
Logo você vai dançar o fandango

...

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