Então,
ultrapassei o meu aniversário de 32 anos quase despercebidos: eu, o aniversário e os 32 anos.
Os presentes vieram depois: quinta-feira passada, livre de obrigações, fui ver a MORDIDA, cheio de mixed emotions pra saber quem seria capaz de substituir minha pequena ídola máxima Tati Lemos nos vocais.
Assisti antes ao Charme Chulo, uma banda de quem eu pensava que “o nome é melhor que a banda”, depois de ter visto só uma apresentação.
Percebi que evoluíram, estão bem ensaiados: gostei, mas nada que chegue próximo da adoração que nutro pela MORDIDA.
Cujo show foi muito muito, com a garota Isis (nome perfeito pruma Garota Esotérica) fazendo um belo batismo de fogo, na minha opinião suspeitíssima de fanático mordido.
O caso é que passei quase o show inteiro grudado boca a boca numa linda garotinha ruiva que o coelhinho da páscoa trouxe pra mim (aniversário atrasado) e lá no fundo do tumulto emotivo e dos catos ouvi a garota Isis mandar muito bem assim:
(...)
só nunca esqueça
não é por mal
o mal que eu te faço não é por mal
o mal que eu te faço
não te peço resposta
não entrego as minhas chaves
sem querer pisei no teu lado mais frágil
[esse é um trecho crucial: Isis foi bem tecnicamente, mas me fez lembrar que a interpretação da Tati era mais dramática: flutuava, desafinava ironicamente pra acentuar FRÁÁÁGIL...]
só nunca esqueça
não é por mal
o mal que eu te faço não é por mal
o mal que eu te faço
É a mensagem perfeita pra mim mesmo, já que só consigo fazer mal pra mim, mas não é por mal.
Outra coisa legal de contar aqui foram os filmes que eu vi, enquanto o festival de teatro comia solto...
A DAMA DE SHANGAI
Orson Welles e Rita Hayworth (loira e de cabelo curto)
HIROSHIMA MON AMOUR
de Alain Resnais
roteiro de Marguerite Duras
na verdade esse eu vou ver agora: amanhã eu conto como foi...
segunda-feira, março 28, 2005
quarta-feira, março 23, 2005
outros tombos
*
a avalanche preparou sua queda
arquitetou a mudança da paisagem
não deixou pedra sobre pedra
num ruído infernal sem frase
o abismo, sentindo-se traído
mergulhou em profunda depressão
"este é um vale por mim desconhecido
não domino mais quem cai ou não"
"caia em si" disse a avalanche
o abismo se olhou de cima a baixo
e descobrindo seu próprio alcance
saltou "por você me esborracho"
a avalanche duvidou de início
mas já rolava em outro precipício
Marcos Prado
a avalanche preparou sua queda
arquitetou a mudança da paisagem
não deixou pedra sobre pedra
num ruído infernal sem frase
o abismo, sentindo-se traído
mergulhou em profunda depressão
"este é um vale por mim desconhecido
não domino mais quem cai ou não"
"caia em si" disse a avalanche
o abismo se olhou de cima a baixo
e descobrindo seu próprio alcance
saltou "por você me esborracho"
a avalanche duvidou de início
mas já rolava em outro precipício
Marcos Prado
segunda-feira, março 21, 2005
MINHAS SETE QUEDAS
*
minha primeira queda
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
Paulo Leminski
minha primeira queda
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
Paulo Leminski
sábado, março 19, 2005
Interrompemos nossa programação normal
*
Que ninguém fique até o fim
pra ver se essas linhas vão desabar:
desabafar foi como consegui sair,
ferido da beleza desse olhar.
Cada olho teve que revezar
o que as telas não puderam vazar:
as lágrimas que todas elas vêm
levando e ainda vão levar.
Mas, depois de ler seu jornal,
minha arte se refez em bem e mal,
e a vida voltou àquela tão banal
educação sentimental:
antes que o amor te amorteça,
tua chama densa ainda me despreza
com presteza, frágil, presa
no inimaginável final:
meus nervos que se retesem,
tua carne aflora à pele,
treme e termina assim:
a jovem Liz Taylor chama o velho
Dean:
James Dean:
carbonizado no carro vermelho,
vestido da velha calça de brim,
sem vencer a beleza
mas prestes a
Que ninguém fique até o fim
pra ver se essas linhas vão desabar:
desabafar foi como consegui sair,
ferido da beleza desse olhar.
Cada olho teve que revezar
o que as telas não puderam vazar:
as lágrimas que todas elas vêm
levando e ainda vão levar.
Mas, depois de ler seu jornal,
minha arte se refez em bem e mal,
e a vida voltou àquela tão banal
educação sentimental:
antes que o amor te amorteça,
tua chama densa ainda me despreza
com presteza, frágil, presa
no inimaginável final:
meus nervos que se retesem,
tua carne aflora à pele,
treme e termina assim:
a jovem Liz Taylor chama o velho
Dean:
James Dean:
carbonizado no carro vermelho,
vestido da velha calça de brim,
sem vencer a beleza
mas prestes a
sexta-feira, março 18, 2005
quinta-feira, março 17, 2005
quarta-feira, março 16, 2005
segunda-feira, março 14, 2005
quarta-feira, março 09, 2005
Desopilando com uma prosa bem fiada
Então, tá:
A quem interessar possa:
hoje o meu inferno astral mostrou sua face mais cruel: eu acordei atrasado, bebi dez limões do bem e fiz a careta mais horripilante do universo, chamei um táxi, entrei no táxi: o motorista fez que ia pegar o viaduto, mas pegou a Engenheiros Rebouças, trânsito, calor, aí finalmente o carro chegou, estacionou, dézão pagou a corrida (R$10,20 no taxímetro), e quando fui fechar a porta do carro (estou com tique-nervoso de fechar portas de carro, vocês nem sabe[m] porque) o dedão da mão direita quase ficou preso, levou uma espremida da porta, e eu passei o dia mal utilizando a mão do dedão doído, doido como sempre e mandando bênçãos pro mundo inteiro.
É bom voltar ao estilo blog, eu quase esqueci que sabia fazer isso, mas é melhor não me soltar nem confessar muito.
Pra poesia nunca falta assunto:
vamos dançar um xote junto?
A quem interessar possa:
hoje o meu inferno astral mostrou sua face mais cruel: eu acordei atrasado, bebi dez limões do bem e fiz a careta mais horripilante do universo, chamei um táxi, entrei no táxi: o motorista fez que ia pegar o viaduto, mas pegou a Engenheiros Rebouças, trânsito, calor, aí finalmente o carro chegou, estacionou, dézão pagou a corrida (R$10,20 no taxímetro), e quando fui fechar a porta do carro (estou com tique-nervoso de fechar portas de carro, vocês nem sabe[m] porque) o dedão da mão direita quase ficou preso, levou uma espremida da porta, e eu passei o dia mal utilizando a mão do dedão doído, doido como sempre e mandando bênçãos pro mundo inteiro.
É bom voltar ao estilo blog, eu quase esqueci que sabia fazer isso, mas é melhor não me soltar nem confessar muito.
Pra poesia nunca falta assunto:
vamos dançar um xote junto?
segunda-feira, março 07, 2005
AMODORRA
*
DA MODORRA AO AMOR
Vida reduzida ao tédio.
Contemplação sem o templo.
Tempo escasso que não passa.
Rima pobre que contemplo.
Risada incontrolável estalada
no velório do finado iniciado.
Tropeção pelos degraus da escada.
Primeiro beijo do amor acabado.
Todas as coisas que eu procuro,
créditos e débitos sem juro,
cenas sem cinema nem novela:
apanhei a mão dela: quase fria
e um abraço abraçado de alegria
desabrochou feito flor amarela
DA MODORRA AO AMOR
Vida reduzida ao tédio.
Contemplação sem o templo.
Tempo escasso que não passa.
Rima pobre que contemplo.
Risada incontrolável estalada
no velório do finado iniciado.
Tropeção pelos degraus da escada.
Primeiro beijo do amor acabado.
Todas as coisas que eu procuro,
créditos e débitos sem juro,
cenas sem cinema nem novela:
apanhei a mão dela: quase fria
e um abraço abraçado de alegria
desabrochou feito flor amarela
quarta-feira, março 02, 2005
Parado na paródia
*
POEMA DE SETE CORES TODAS DA MESMA COR
quando nasci
um pintor torto
desses que cortam as orelhas
disse
vai tinta!
ser guache na vida
Ivan
POEMA DE SETE CORES TODAS DA MESMA COR
quando nasci
um pintor torto
desses que cortam as orelhas
disse
vai tinta!
ser guache na vida
Ivan
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