terça-feira, maio 03, 2005

Pra não falar de futebol

Depois de ter postado no aniversário de Shakespeare, volto a atacar somente agora, desanimado com a campanha do meu time no campeonato brasileiro: dois jogos, duas derrotas, dois gols sofridos, nenhum assinalado.

Mas sem deixar de lado o orgulho paranaense, deixo aqui um soneto de Emiliano Perneta, para o gáudio do público:


DON JUAN

Sensível, como quem podia ser, apenas
Mais vão do que uma sombra, um gesto perpassou,
E logo desse herói, revoltas as melenas,
Brilhava o estranho olhar, que tanto ambicionou...

Era uma confusão. Pálidas e morenas,
Cada qual, cada qual como Deus a formou,
Não foi uma, nem dez, porém foram centenas
As mulheres por quem Don Juan desesperou...

Todas, todas que viu, ele mordeu de beijos,
Enraiveceu de amor, poluiu de desejos,
Tomado de furor, doido de embriaguez...

Um delírio! Porém, Don Juan era um artista,
E portanto, cruel, nervoso, pessimista,
E de resto, o infeliz nunca se satisfez!

Nov. 1903

Emiliano Perneta (1866-1921)

5 comentários:

Mar disse...

Bom.. um torcedor do Atlético não deve gostar muito de falar de futebol mesmo.
Saudações mefistofélicas alvi-verdes.

Araiê disse...

Ei Ivan!
Tudo bem?
Abaixo aos posts futebolísticos! Perde a rima e a metrica do blog... nunca vi o Atletico fazendo parte de um bom poema. rs
Adoro seu blog, você tem escrito cada dia melhor.Eu que tenho que me coçar e começar a escrever mais.
Beijos
Araiê

Ivan disse...
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Ivan disse...

Eba: isso é que é o negócio: comentários de pessoas admiráveis, apesar da fé ludopédica contrária.

Então vou tentar esquecer o ludopédio (está difícil: daqui a duas horas meu time vai tentar fisgar o peixe na vila...) e me coçar pra postar mais e melhor:

na verdade, além de postar, uma grande arte nos blogs é a produção de comentários:

visitem

palavradepantera.blogspot.com

e

admiravelblognovo.blogspot.com

e se encharquem de amor nos comentários das postagens recentes.

Zoe de Camaris disse...

Ivanildo Querido,

Você já escutou falar de um suposto jantar que o Alfred Hitchcock teria oferecido a um seleto grupo de convivas em que só se serviu comida azul?

Haja anil, azul de metileno ... a cebola azul do Saci Pinheiro não existe, até que me provem o contrário e Araça Azul, pelo jeito, só mesmo na cabeça do baiano viajandão.

bezul
Zoe