sábado, setembro 29, 2007

outro poema felino?

La rêve du jaguar
The jaguar´s dream
O sonho do jaguar

Sous les noirs acajous, les lianes en fleur,
Beneath the dark mahoganies, creepers in flower
Sob os negros acajus, as lianas em flor,
Dans l'air lourd, immobile et saturé de mouches,
Hang in the heavy, motionless, fly-filled air,
Num ar pesado, imóvel e saturado de moscas,
Pendent, et, s'enroulant en bas parmi les souches,
Twining among the tree-stumps, falling where,

Pendem, e, enrolando-se entre os troncos,
Bercent le perroquet splendide et querelleur,
They cradle the brilliant parrot, the quarreller,
Ninam o papagaio esplêndido e palrador,
L'araignée au dos jaune et les singes farouches.
The wild monkeys, spiders with yellow hair.
A aranha de dorso amarelo e os macacos loucos.
C'est là que le tueur de boeufs et de chevaux,
There the wearied, ominous horse-killer,
É ali que o matador de bois e de cavalos,
Le long des vieux troncs morts à l'écorce moussue,
The ox-slayer, returns with a steady tread,
Ao longo dos velhos caules de cascas musgosas,
Sinistre et fatigué, revient à pas égaux.
Over the dead mossy trunks of old timber.
Sinistro e fatigado, retorna em passo regular.
Il va, frottant ses reins musculeux qu'il bossue;
Stretching, arching his muscular loins, a breath
Ele segue, alongando suas ancas musculosas;
Et, du mufle béant par la soif alourdi,
From his gaping muzzle heavy with thirst
E, da mandíbula aberta pela sede agravante,
Un souffle rauque et bref, d'une brusque secousse,
Issues with a sudden shock, quick and harsh,
Um sopro rouco e breve, num brusco arranco,
Trouble les grands lézards, chauds des feux de midi,
And great lizards warm from the noon heat stir,
Assusta os grandes lagartos, quentes do meio-dia,
Dont la fuite étincelle à travers l'herbe rousse.
Then vanish gleaming through the tawny grass.
Cuja fuga cintila através das ervas rubras.
En un creux du bois sombre interdit au soleil
He sinks down; stretched out on a level stone,
Num nicho interdito ao sol na floresta sombria
Il s'affaisse, allongé sur quelque roche plate;
Cleans his paw with a broad lick of his tongue
Ele se esgueira, esticado numa rocha mais plana;
D'un large coup de langue il se lustre la patte;
Veiled from the sun in a hollow of the forest,
Com um golpe largo da língua lustra a pata;
Il cligne ses yeux d'or hébétés de sommeil;
Blinks golden eyes dull with sleepiness;
Pisca os olhos dourados abestalhados de sono;
Et, dans l'illusion de ses forces inertes,
And, as his inert forces, in imagination
E, na ilusão de suas forças inertes,
Faisant mouvoir sa queue et frissonner ses flancs,
Make his tail flicker and his flanks quiver,
Movendo a cauda e sacudindo os flancos,
Il rêve qu'au milieu des plantations vertes,
Dreams himself deep in some green plantation,
Ele sonha que em meio às plantações verdes,
Il enfonce d'un bond ses ongles ruisselants
Leaping, and plunging dripping claws forever
Crava com um só bote suas unhas rutilantes
Dans la chair des taureaux effarés et beuglants.
Into bullocks' flesh as they bellow and shiver.
Na carne dos touros estupefatos e lancinantes.

Leconte de Lisle
A.S.Kline
Ivan Justen Santana

6 comentários:

Priscila Manhães disse...

Ei... o poema do Hughes é bem parecido este, não é?

Priscila Manhães disse...

As cores, as linhas... estão bem felinas. Está bem bonito.

Ivan disse...

Na verdade esse poema remete ao Estival, de Rúben Darío, que termina com um tigre sonhando em comer crianças loiras e tenras.

O jaguar do Hughes (tem dois poemas) está na jaula do zoológico.

Priscila Manhães disse...

Sim, é verdade... Fui ler Dário, de novo, que é a coisa mais linda.

Só conheço um (poema) jaguar do Hughes.

polacodabarreirinha disse...

Belíssimo trabalho, Ivan.

Ivan disse...

Valeu, Thadeu.