(postagem dedicada a Renato Quege, irrestrito leitor de James Joyce)
O poema que apresento aqui foi escrito por James Joyce aos 20 anos de idade, durante sua primeira estadia em Paris, em 1902.
Joyce enviou-o a seu mais prezado amigo de faculdade, John Francis Byrne, em foto-postal, com o título:
Second Part – Openning which tells of the journeyings of the Soul
Segunda Parte – Abertura que fala das jornadas da Alma
Posteriormente o poema foi incluído em Chamber Music (Música de Câmara, 1907), livro de estreia de Joyce, contendo 36 poemas, sendo este o trigésimo-quinto da coleção:
All day I hear the noise of waters
__Making moan,
Sad as the sea-bird is when going
__Forth alone
He hears the winds cry to the waters´
__Monotone.
O dia todo ouço o murmúrio de águas
__Em lamento,
Triste assim como é a gaivota solitária
__Contra o vento
Ouvindo o mar chorando o seu monótono
__Movimento.
The grey winds, the cold winds are blowing
__Where I go.
I hear the noise of many waters
__Far below.
All day, all night, I hear them flowing
__To and fro.
Os ventos frios e cinzentos vêm uivando sobre
__Mim também.
Eu ouço o murmúrio de muitas águas
__Baixo, além.
O dia todo, a noite toda, eu ouço seu eterno
__Vai-e-vem.
James Joyce
Ivan Justen
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3 comentários:
Realmente, incrível.
Não lembro minha conta do google, então vou colocar como anônimo; então, "He hears..." Ele ouve; na sua tradução, não há a contraposição dos sujeitos eu/ele; o que o verso sugere é o contraponto eu/ele... note bem! Beijo!
Isa
O contraponto está tanto na ambiguidade
[quem é que está "ouvindo o mar chorando o seu monótono movimento"?
A gaivota (he) e o eu-lírico (I)]
quanto na simples comparação [eu ... assim como é a gaivota] -
agradeço o comentário e a leitura.
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