(ou POR QUE NUNCA FIZERAM UM ACRÓSTICO AO LEMINSKI?)
por pior ou melhor
mais ou menos que
quente
eu requente
rerrequente
ou rerrerrequente
levou sessenta e seis anos
até que
talveliz
ficasse pronta
essa sopa rala
instantaneamente
terça-feira, agosto 24, 2010
quinta-feira, agosto 12, 2010
Finalmente uma loucura absolutely begins:
Eis pois volvendo ao velho estilo inglês
Revelo à vera um verso sempre jovem:
Rimas as quais já enjoaram joões vocês
São estas quetais e outra vez comovem.
Se vespas vivem mais, menos um mês,
Fica um ou no ou, e ou mais as chuvas chovem.
Enxovalhantementissimanão:
A gosto do freguês francês e todas vão.
For um quisto de Keats, paira em pira de Byron,
Achei Shelley e soube que Blake na urna de Burns
Se fez de Ossian entre os todos e tantos Ossians:
Porém do pomar dos românticos só sobraram romãs.
Revelo à vera um verso sempre jovem:
Rimas as quais já enjoaram joões vocês
São estas quetais e outra vez comovem.
Se vespas vivem mais, menos um mês,
Fica um ou no ou, e ou mais as chuvas chovem.
Enxovalhantementissimanão:
A gosto do freguês francês e todas vão.
For um quisto de Keats, paira em pira de Byron,
Achei Shelley e soube que Blake na urna de Burns
Se fez de Ossian entre os todos e tantos Ossians:
Porém do pomar dos românticos só sobraram romãs.
sexta-feira, agosto 06, 2010
Ontem à noite. Sem sorvete.
Sonhei um sonho sonhado por um sonhador onírico:
cenário: bar-vagão-restaurante,
de nome-fantasia Parangolé,
sito à rua Clotário Portugal
(otário no Torto é Gal?),
onde sempre tinha um louco da família
acorrentado no porão
(ou seria no sótão? Mistério...) – ...
O bar-vagão-restaurante vibra
como um gigantesco forno de micro-ondas
ligado.
Dois personagens dialogam:
cura-prosador e poeta-barbeiro:
– Mas comé que aqueles concretistas tiveram a pachorra
de querer dar por encerrado o ciclo histórico do verso?
– Manha...
– O quê?
– Manha: “tiveram a manha”.
É assim que se diz, atualmente. Reformule.
– Tá: mas comé que aqueles concretistas tiveram a manha
de querer dar por encerrado o ciclo histórico do verso? –
indaga o poeta-barbeiro.
– É que não sabiam necas de nádegas de etimologia –
replica o cura-prosador:
– Soubessem que verso tem esse nome
porque sempre volta, e volta sempre,
não passavam um vexame desses.
– Necas de nádegas, certeza!
No instante em que o poeta-barbeiro diz “nádegas”,
uma freguesa de largas ancas e polpudas nádegas
adentra o recinto e senta-se numa banqueta,
diante do balcão.
O cura-prosador começa a socar uma bronha
(alá Leopold Bloom na praia às seis da tarde)
e o poeta-barbeiro, atocontínuo,
emenda outro assunto,
pra tentar disfarçar o tesão
que também o acomete:
– Caralhus! Você viu o novo livro da Assionara?
Com sorvete! Puerra: a Nara é poda pra baralho,
sindudalguma!
O cura-prosador sacode a cabeça
(também por consequência
de seus outros sacolejos, “secretos”)
e obtempera:
– Pois é. Ela é. Sinduda!
Mas, então, por que, por que você,
você não foi, não foi no lançamento,
do Amanhã. Com sorvete! Por quê?
– Caralhus! É que eu tava doente,
de cama, com febre,
e também tava com aquela fome,
fome de Knut Hamsun...
– Pelo menos, pelo menos,
não era de Charles Manson!
Os dois se cagam de rir da piada sem graça,
enquanto a freguesa, imóvel, polpudancálida
aguarda a chegada da barwoman,
a qual se recusa a comparecer ao sonho,
pois não tinha cachê,
tampouco suspiros.
Nem sequer sorvete.
cenário: bar-vagão-restaurante,
de nome-fantasia Parangolé,
sito à rua Clotário Portugal
(otário no Torto é Gal?),
onde sempre tinha um louco da família
acorrentado no porão
(ou seria no sótão? Mistério...) – ...
O bar-vagão-restaurante vibra
como um gigantesco forno de micro-ondas
ligado.
Dois personagens dialogam:
cura-prosador e poeta-barbeiro:
– Mas comé que aqueles concretistas tiveram a pachorra
de querer dar por encerrado o ciclo histórico do verso?
– Manha...
– O quê?
– Manha: “tiveram a manha”.
É assim que se diz, atualmente. Reformule.
– Tá: mas comé que aqueles concretistas tiveram a manha
de querer dar por encerrado o ciclo histórico do verso? –
indaga o poeta-barbeiro.
– É que não sabiam necas de nádegas de etimologia –
replica o cura-prosador:
– Soubessem que verso tem esse nome
porque sempre volta, e volta sempre,
não passavam um vexame desses.
– Necas de nádegas, certeza!
No instante em que o poeta-barbeiro diz “nádegas”,
uma freguesa de largas ancas e polpudas nádegas
adentra o recinto e senta-se numa banqueta,
diante do balcão.
O cura-prosador começa a socar uma bronha
(alá Leopold Bloom na praia às seis da tarde)
e o poeta-barbeiro, atocontínuo,
emenda outro assunto,
pra tentar disfarçar o tesão
que também o acomete:
– Caralhus! Você viu o novo livro da Assionara?
Com sorvete! Puerra: a Nara é poda pra baralho,
sindudalguma!
O cura-prosador sacode a cabeça
(também por consequência
de seus outros sacolejos, “secretos”)
e obtempera:
– Pois é. Ela é. Sinduda!
Mas, então, por que, por que você,
você não foi, não foi no lançamento,
do Amanhã. Com sorvete! Por quê?
– Caralhus! É que eu tava doente,
de cama, com febre,
e também tava com aquela fome,
fome de Knut Hamsun...
– Pelo menos, pelo menos,
não era de Charles Manson!
Os dois se cagam de rir da piada sem graça,
enquanto a freguesa, imóvel, polpudancálida
aguarda a chegada da barwoman,
a qual se recusa a comparecer ao sonho,
pois não tinha cachê,
tampouco suspiros.
Nem sequer sorvete.
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