PARA INEZ
1.
Não, não sorrias
a meu cenho,
Que eu já sorrir posso mais não:
E os Céus evitem
que tu venhas
Chorar alegremente em vão.
2.
Perguntas qual
secreta dor
Suporto sobre a Juventude?
E queres, vã,
saber sabor
De ardor que tu curar não podes?
3.
Não é o amor,
tampouco é o ódio,
Ou parcas honras de Ambição,
Que deixam podre
este meu pódio,
E me dispersam na amplidão:
4.
É o tal cansaço
que desponta
De todos que já ouvi e já vi:
A Beleza me
desaponta;
Teus olhos são sem charme a mim.
5.
É o tal eterno
tédio fundo
Que o Judeu Errante aturava;
Que nada vê a
não ser a tumba,
Mas vive agitação escrava.
6.
Que Exílio de si
mesmo existe?
A Zonas mais e mais remotas,
E inda assim me
persegue o chiste –
Na Mente o Demo toma notas.
7.
Mas outros parecem gozar,
Saboreando o que
larguei;
Ah, possam inda
assim sonhar
Sem acordar como acordei!
8.
Por tantos
climas vai meu fado,
Com tantas maldições e dores,
Que meu alívio é
este ditado:
“Venha o que vier, já estive em piores.”
9.
Mas quais piores? Nem perguntes –
Por piedade aqui
te abstenhas:
Sorria – as
peças jamais juntes
Do peito
humano: Inferno e brenhas.
versão brasileira: Ivan Justen Santana
versão brasileira: Ivan Justen Santana
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