I
Era um sonho num consultório dentário,
Dantesco, extravagau, alucinário:
Numa poltrona não namoradeira,
A Efeminista aguardava, à beira
De um ataque de nervos, a sua vez;
O Machiste, também dali velho freguês,
Folheava uma revista fiu-fiu-menina,
Em busca de consolo a sua triste sina.
Entreolhavam-se, de instante a instante,
Amor de fábula, muito inconstante,
Enquanto lá dentro, sentada na cadeira
Quase elétrica do dentista, uma confreira
Submetia-se a um tratamento de canal:
Esperemos que a história não acabe mal.
II
Ninguém suspeitava que o dentista
Era uma orangotanga sofrendo da vista.
ijs
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