quinta-feira, abril 04, 2013

O MACHISTE & A EFEMINISTA

I

Era um sonho num consultório dentário,
Dantesco, extravagau, alucinário:

Numa poltrona não namoradeira,
A Efeminista aguardava, à beira

De um ataque de nervos, a sua vez;
O Machiste, também dali velho freguês,

Folheava uma revista fiu-fiu-menina,
Em busca de consolo a sua triste sina.

Entreolhavam-se, de instante a instante,
Amor de fábula, muito inconstante,

Enquanto lá dentro, sentada na cadeira
Quase elétrica do dentista, uma confreira

Submetia-se a um tratamento de canal:
Esperemos que a história não acabe mal.

II

Ninguém suspeitava que o dentista
Era uma orangotanga sofrendo da vista.


ijs

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