nenhum sociólogo
nenhuma cientista política
nem qualquer comentarista pontual
demonstram entender
que porra está acontecendo
exatamente porque não sabem
o que é um movimento anárquico --
a política deles está em conceitos
de esquerda ou direita
e só entendem de fracasso
ou de sucesso
-- pouca gente nota
que nosso mote positivista
carrega os opostos:
caos e regresso--
terça-feira, junho 18, 2013
quinta-feira, junho 06, 2013
Depois do depois de
Depois de garimpar [já tinha feito isso na "vida real"] na rede isso aqui [traduções feitas por Leminski publicadas na revista Remate de Males, da Unicamp], resolvo transcrever um dos poemas, porque deslizaram na transcrição e não respeitaram um "enjambement" [quando um verso continua no outro] -- é uma tradução de um soneto enigmático do italiano Antonio Malatesti (1610-1672), da centúria de sonetos La Sfinge, publicada originalmente em Florença, em 1643. Teorias sobre o significado do poema serão muito bem-vindas nos comentários...
eu vi em terra um homem fazer dona
depois de uma tela ter por terra
e de mostrar, por homem, a terra
sob terra tela e sobre terra dona
não era mais que sombra enfim a dona
mais que sombra e que tela enfim a terra
quem vive de sombra e tela na terra
é quem fazia em tela sombra à dona
tal força com sombras tinha este homem
que transformava dona, terra e tela
no loiro metal que contenta ao homem
quero ver se é possível que uma tela
intrincada, destrinchar saiba um homem
que diga quem a dona, a terra, a tela
Malatesti vertido por Leminski
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eu vi em terra um homem fazer dona
depois de uma tela ter por terra
e de mostrar, por homem, a terra
sob terra tela e sobre terra dona
não era mais que sombra enfim a dona
mais que sombra e que tela enfim a terra
quem vive de sombra e tela na terra
é quem fazia em tela sombra à dona
tal força com sombras tinha este homem
que transformava dona, terra e tela
no loiro metal que contenta ao homem
quero ver se é possível que uma tela
intrincada, destrinchar saiba um homem
que diga quem a dona, a terra, a tela
Malatesti vertido por Leminski
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segunda-feira, junho 03, 2013
A FASE & AS FRASES
de ijs a ffr:
A fase é difícil, como sempre foi e foram de outro modo as outras fases, e as frases demoram ou às vezes nem saem para ver o clima que está fazendo. A poesia engata nos interstícios, dissolve-se nos interlúdios, ou fica com aquela cara do que podia ter sido, porque a fase é difícil, e as frases ainda não se recuperaram das dores de garganta, mas até que às vezes um verso volta a insistir em ser feito. De seu lado, a prosa até que funciona, mas as frases se enrolam ou não se desenrolam, o que se diz e o que deveria ter sido dito às vezes até coincide, mas a fase é... Pois é: talvez nem assim tão difícil, mas é estimulante também só para ver se o ânimo mais singelo volta e completa o que ficou por ser explicado, ou estabelecido, ou só existe sem muitas questões a respeito. E os versos querem ser escritos, mas... Mas vão ter que sair assim mesmo:
Nem o problema da física mais complexa,
nem outra dificuldade insuperável já transposta,
nada resolve uma proposta ainda não proposta,
nenhuma ação ou liberdade ou coisa mais desconvexa:
tudo isso só seria uma mera enrolação
se não fosse mais que importante pra ti e pra mim, assim:
a diferença entre os nãos que só querem ser não
e a palavra simples que nos dizemos um ao outro: sim.
...
A fase é difícil, como sempre foi e foram de outro modo as outras fases, e as frases demoram ou às vezes nem saem para ver o clima que está fazendo. A poesia engata nos interstícios, dissolve-se nos interlúdios, ou fica com aquela cara do que podia ter sido, porque a fase é difícil, e as frases ainda não se recuperaram das dores de garganta, mas até que às vezes um verso volta a insistir em ser feito. De seu lado, a prosa até que funciona, mas as frases se enrolam ou não se desenrolam, o que se diz e o que deveria ter sido dito às vezes até coincide, mas a fase é... Pois é: talvez nem assim tão difícil, mas é estimulante também só para ver se o ânimo mais singelo volta e completa o que ficou por ser explicado, ou estabelecido, ou só existe sem muitas questões a respeito. E os versos querem ser escritos, mas... Mas vão ter que sair assim mesmo:
Nem o problema da física mais complexa,
nem outra dificuldade insuperável já transposta,
nada resolve uma proposta ainda não proposta,
nenhuma ação ou liberdade ou coisa mais desconvexa:
tudo isso só seria uma mera enrolação
se não fosse mais que importante pra ti e pra mim, assim:
a diferença entre os nãos que só querem ser não
e a palavra simples que nos dizemos um ao outro: sim.
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