quinta-feira, outubro 24, 2013

A MÁQUINA DO CU DO MUNDO

(ao Rodrigo Madeira, que inadvertidamente me deu a ideia de, e ao resto da renca toda [eu ia dizer da putarada toda, mas sou um beletrista de respeito e de família, então...)

E como eu não nem a pau humilhasse por
Nenhum lugar incomum mas aquele um mesmo
Lugar qualquer vagamente cu do

Mundo agora nunca mais tão vasto imundo
E sem essa de versar em decassílabos
Rimados que se já veio o Modernismo e

O Concretismo e o Daltonismo e a
Porra toda é sim essas merdas e luzes
Totais são só pra poder botar pra

Foder e usar essas tais todas palavras tabus
Que nem chocam mais ninguém talvez quem sabe
Os beletristas que nem eu ou

Alguns dos meus vários demônios de
Mania ou depressão e as porras todas, enfim,
A máquina do cu do mundo já está

Toda aberta arregaçada rapinada vamos
Lá dialogar com ela desse jeito e
Comentar que agora sim tudo desanda e anda e

Se encaminha: esse poema de merda genial é também
Pra dizer que por exemplo o livro do Pellegrini
Sobre o Leminski é quase mais do mesmo

Quem não soube (ninguém soube) sobre a
Grande bosta e sublimidade do ego amigo
Inimigo enfim de novo é parte e quase nem faz

Parte do problema todo que é fazer
Poesia e agora ligo isso com a merda que
Ocorreu com o livro Ultralyrics do Marcos

Prado que devia estar sendo vendido e distribuído
E aquele bosta e bom escritor bom romancista e
Até razoável poeta daquele Fábio Campana

Não devia ter refugado as condições porque
Não é favor nenhum publicar um poeta de verdade
Foda (muito foda) como foi e é será o Marcos

Prado e pois é que as novas gerações estão
Chegando e se informando e se desinformando
Com as porras todas desses pesadelos pesadédalos

Dos quais tentamos e não conseguimos
Acordar (nem a cor dar) pois sim então eu
Ia dizendo bem no meio da máquina do cu do

Mundo meu eu no espelho e as porras todas
Quais eram mesmo? Ah sim o lance da
Poesia na Bienal de Curitiba -- os lançamentos

Dessa semana que passou (sim estou datando a
Porra do poema e sim eu fui naquele novo shopping
Onde os versos de poetas paranaenses estão lá

Até que venha alguma loja e ocupe o lugar
Onde estão enfeitando e ninguém lê nem sabe
Só acha culto e bonito a poesia local é sim: LOCAL --

Porque enfim a porra toda do
Sistema quer disciplinar a existência da arte e
Não adianta e adianta sim estamos no ponto

Em que as coisas são e não são tranquila
Mente enfim se fosse mesmo pra representar a
Poesia em Curitiba não podiam ter faltado

O Thadeu e o Lepre e o Adriano Smaniotto o
Qual devia estar lá com o poema "A Velha da
Rodoviária" possivelmente o mais emblemático

Dessa nova velha safra desde sempre de
Poetas e poemas se fodendo pra tentar mudar o
Cu do mundo ou mesmo pouco se fodendo

Sim estou queimando mesmo o decoro e a porra
Toda porque é e não é ou não assim
Mesmo a poesia se metendo a Black

Bloc ou só fazendo chuvisco e plic & ploc
Porque a arte tem e foda-se não tem essa missão --
Quem tem no fim muito essa e mais missões

São esses poucos e poucas que controlam a porra
Toda e criam cargos comissionados e puta merda
Não adianta responsabilizar o cara que está lá

Porque meramente cumpre seu papel no jogo mais
Pesado da merda toda mas faz o que consegue
Essas barganhas todas nessas merdas e prosseguem

Mantendo o sistema funcionando que se não
Fosse de outro jeito eu nem não poderia estar
Aqui tentando escrachar e eu mesmo me

Escrachando diante da bosta toda conforme
Ela está posta na mesa de todos mesmo
Quem nem tem mesa diante da qual comer.

E foi só tudo isso que a máquina do cu do mundo me
Disse eu sendo também ela e parte dela e
Envergonhando minha família procurando ser

E não sendo a voz das artes que essa
Renca e eu tentamos ir fazendo e questionando
E postando em blogues e anunciando nessa rede que

De social tem pouco ou quase nada mas
É quase tudo que podemos nessa não fazer
E mesmo assim arriscando a nem sequer

Ser ou não ser ouvido ou levado a sério
E servir na gente o capuz de
Beletrista enquanto o horizonte de

Expectativas é restrito mesmo a
Porra da boceta da caralha da
Máquina do cu do mundo me disse

Isso mesmo melhor seria eu nem não
Me meter a besta de escrever sem freio
E contextualizar mal e porcamente dessa

Forma datando poema com referências
Imediatas mas ficar só assim fazendo
Embaixadinhas com rimas e métricas e

A porra toda da poesia (des)compro(omissada)
Mas já passou da hora e do limite de atenção
De quem está lendo que nem vê aonde quero

Chegar ao mencionar por exemplo o poema da Marília
Kubota no livro da Bienal (Fantasma Civil) que
Nesse ela conclui falando do cu do

Vácuo e esse cu desse vácuo desse
Nosso cu diário de mundo de máquinas
Somos nozes cegos que fazemos também

Merdas sem nem prestar atenção e
O fôlego vai acabando e
Nem pude tramar mesmo o que

Eu queria e esperava pra honrar a
Camisa da poesia que no fundo
Mal se espreme e mal se exprime

Pra sacudir e esculachar ainda que
Com o calão e os palavrões essa porra
Toda que nos transforma e conforma e transtorna

Em todos membros dessa máquina
Desse cu
Desse mundo

Enfim: foda-se e agora está é será com vocês


ijs

____

4 comentários:

Marilia Kubota disse...

Em japonês, ku é nove.

rafael walter disse...

Puta retrato da triste realidade

rafael walter disse...

Puta retrato da realidade.

rodrigo madeira disse...

e apesar disso tudo, ivan, apesar de escrevermos todos desde o coração nervoso desta máquina do cu-do-mundo, a gente continua...
apesar dos coronas, dos caronas e de nossas coronárias entupidas de mel e fel e melopeias, a gente simplesmente continua...


DIALETO DO LODO


p. ivan justen


é mesmo possível que
os pulsos cortados da chuva
ou um sol suicida
nos mofem a língua e
apenas permitam,
em meio ao delírio,
à preguiça das flores,
o dialeto do lodo.

mas é certo que ainda,
à noite em veredas,
empiolhados de estrelas,
nós cantaremos:

como não canta o pássaro,
como não canta a máquina,
como não canta a morte,
nós cantaremos.

ainda que a vida seja apenas
merda e mofa e nojo,
nós cantaremos.

e de novo.

como só canta o Tempo
e no Tempo o fogo,

o barítono brutal
que há no fogo.



* [por ex.: como canta ao meio-dia meia dúzia de moscas.]