sábado, dezembro 21, 2013

VOLTAR AQUI (PARA AQUELA QUE ESTÁ LÁ)

a FFR

Depois de tanto ti-ti-ti.
Depois de muito blablablá.
Eu não me canso e fico aqui
só esperando você voltar.

O mundo arrota e faz xixi.
A lua nem diz sai pra lá.
E ainda assim eu sigo aqui
só esperando você voltar.

Existe um sol além de si.
Existe um chão no fim do mar.
Portanto ainda existo aqui
só esperando você voltar.

Se descobriu-se o colibri,
se o sabiá sobrou sem par,
sobrei também trilando aqui
só esperando você voltar.

Talvez seja algo eterno (um pi).
Talvez já feche (feito um bar).
Talvez alguém (tipo eu) aqui
só esperando você voltar.

E que moleza, hein, nisso aí,
versinhos de nunca acabar...
Mas é isso mesmo: eu, aqui,
só esperando você voltar.

ijs

quarta-feira, dezembro 18, 2013

CURRICULUM VITAE

Dorothy Parker

Se atirar da ponte é piada
e cortar os pulsos dói.
Drogas? Não garantem nada.
Ácido mancha e corrói.
Pistolas? Muito barulho.
Forcas? Podem se romper...
Gases provocam engulho.
Não dá na mesma viver?

versão brasileira:
Ivan Justen Santana

clique aqui para o texto original

domingo, dezembro 15, 2013

CARTA A MEU CARO MARCOS PRADO, EM MAIS UM SEU ANIVERSÁRIO

*
Pois é, meu caro Marcos Prado:
é mais um teu aniversário
e Curitiba segue a mesma,
talvez até um pouco diversa
se vai envelhecendo a turma
enquanto inauguram de novo
a nossa tradição nenhuma –

pois sim, meu caro Marcos Prado:
foi minha vez de recordar o
festejo na data querida
e ainda aqui rimar com vida
em mais outra menção honrosa
ao que é poesia a todo povo,
se hoje tanto se aposta em prosa –

pois não, meu caro Marcos Prado:
não vamos mais recriminar o
cabuloso estado de coisas
das gentes velhas e das moças
enquanto seguem consumindo
um sempre mais dum outro corvo
embranquecido e mais que lindo –

pois é, meu caro Marcos Prado:
até que vale ter passado
algumas noites e alguns dias
nas boas e más companhias
do nosso seleto pessoal –
e com água brindo este estorvo
duns poucos versos. Sem mais, tchau.
*

quarta-feira, dezembro 04, 2013

ENQUANTO TEU

a FFR
*
Todas as paranoias estão vendo
com olhinhos e linguinhas de naja
e o teu nojo nem chega a ser horrendo
enquanto teu amor viaja.

A língua portuguesa é culta e feia
feito as frases dum gajo à sua gaja
e o símbolo é fatal a quem não leia
enquanto teu amor viaja.

Se tudo valeu o que nem te contem
na selva selvagem desnuda maja
e o totem de hoje foi o mesmo de ontem
enquanto teu amor viaja,

eu sei: ninguém entende e que se lasque:
uma mossa ou amolgadura é uma jaja.
Importa que ela entenda e siga em paz que
enquanto teu, teu amor viaja.

E lage continua sendo laja
enquanto teu amor viaja.

*