(poema de Cid Justen Santana, meu irmão, falecido neste dia 6 de abril de 2014, aos 42 anos de idade; o poema foi premiado no décimo Concurso Literário Palavra Viva, promovido pela Sociedade Educacional Positivo, em 1986, quando o Cid contava 15 anos de idade)
Mudanças.
A vida está cheia delas.
Depois de amores e procelas,
coisas feias e belas,
que resta para o Homem?
Apenas o nome.
Quando se é criança,
moleque, se é tratado pelo nome
mais um "inho" e apenas.
Doce vida a das crianças pequenas...
Depois vem a idade adulta
(daí o tratamento é mudado).
É "senhor" ou "senhora" e o nome.
É duro sustentar os alicerces desse mundo avacalhado.
Então vem a velhice:
"vô", "vó" e o nome; é só.
Vibração microscópica no silêncio
ostracístico da solidão do pó.
Causa, procedimento, conseqüência.
Estudo por estudo, vida do Homem,
chega-se à conclusão de que
o tempo muda e tudo consome.
É distância impercorrível que fica
da pureza do parto à morte do Homem.
Vai ficando embrutecido pelo mundo
e só permanece... inalterado... o nome.
Cid Justen Santana
...
domingo, abril 06, 2014
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3 comentários:
Lamento sua perda.
Dividi moradia com o Cid em São Bernardo do Campo durante quase dois anos, enquanto cursei filosofia na Metodista. Grande homem, aprendi algumas coisas com ele. Lá na república, chegou a ser chamado de cidpédia por uns tempos. Sabia muito, estava sempre de bom humor e conversava como ninguém.
Obrigado por publicar este poema.
Grande abraço!
Que poema maduro... as crianças e os jovens eram mais maturos antigamente.
Bela homenagem, Ivan!
Um dia todos nos encontraremos do lado de lá. Será que ainda nos restará um nome?
Bjos
Bela reflexão sobre a vida e a morte.
Lamento muito pela despedida antecipada.
Abraço!
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