[sim, mais um poema do meu irmão Cid Justen Santana (1971-2014), escrito em homenagem a seus professores, quando o Cid fazia a oitava série e tinha 13 para 14 anos de idade -- esse texto não foi selecionado para nenhuma premiação, mas fica aqui registrado a quem possa emocionar]
I
Tu, que trabalhas arduamente,
fazendo plantas e esquemas
de construção simples mas engenhosa,
engenheiro da mente humana.
Tens nas tuas rédeas,
tens nas tuas mãos
olhinhos agressivos e espertos
ou olhares reprovadores e radicais.
Que levas e mais levas!
(quase não acabam mais)
Se dormes, é tarde da noite,
Se não, são planejamentos que fazes,
planejamentos audazes,
planejamentos tenazes,
pra conter na tua mão
o que às vezes numa sala não cabe.
II
Carregas em teu nome
tua dura vida
com centenas de alunos
-- um pai com centenas de filhos.
É duro não ser perfeito.
É duro nem sempre acertar,
pois tuas palavras de titânio
consolidam mil caracteres,
pois em tuas mãos
formas as existências.
O que disseres, o que fizeres
vai comandar o futuro.
És o elo entre antes e depois:
quanto mais passares adiante
e quanto menos segurares
mais razão teve a tua vida.
Sem exagero, pode-se dizer:
-- Sublime tarefa de amor.
Vida doada ao futuro,
vida doada à esperança!
És os olhos do mundo
modelando teus alunos.
És os olhos dos teus alunos
olhando corretamente o mundo.
[Curitiba, 7 de outubro de 1985]
...
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2 comentários:
puxa, soube só agora que vc perdeu seu irmão, ivan.
sinto muito.
a vida é mesmo esta tempestade tentando apagar uma vela...
meus mais profundos sentimentos, ivan. fique em paz.
abçs,
r.m.
ps - os poemas são ótimos para alguém de 14, 15 anos...
Pois então, Rodrigo -- deixo registrado aqui um agradecimento pelo seu comentário --
e realmente, o meu irmão mostrou cedo uma capacidade poética que ele poderia ter desenvolvido ainda mais, se tivesse enveredado (como eu tenho tentado) pelas artes verbais -- há pelo menos mais um texto dele que eu quero postar aqui, e farei isso antes de terminar esse primeiro mês da morte --
valeu de novo --
Ivan
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