quarta-feira, abril 08, 2015

Um pouco de prosa e três repostagens praticamente a propósito

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Nesta segunda-feira passada completou-se um ano desde a morte do meu irmão mais velho, Cid Justen Santana. Quando eu completar 43 anos, no ano que vem (pretendo viver pelo menos até lá...), tornar-me-ei (a mesóclise é sinal da idade) mais velho do que meu irmão mais velho.

Praticamente a propósito da passagem deste último seis de abril, reposto três poemas que já figuraram aqui. O primeiro é uma parceria com Plínio Gonzaga, feita em 2006, relembrando o poeta curitibano Marcos Prado (1961-1996). O segundo é um poema que escrevi ao meu irmão durante a fase terminal dele. E o terceiro é um poema do próprio Cid, escrito quando ele tinha 14 anos.


A CAVERNA DO BURACO NEGRO
[Ivan Justen Santana & Plínio Gonzaga]

Prados, colinas e ravinas,
penhascos, depressões, vales,
cidades, maremotos, ruínas,
montes, montes e montes –
todos os lugares de relevo
não mexem um pelo da minha sina,
todas as montanhas de nervos
e os intensos rios de lava
não valem um cabelo que resvala –
eu não celebro aniversários de morte,
a vida é que deve a essa descida –
dobrei todas as esquinas,
me perdi em todas as propostas
e agora até as frentes frias
me deram as costas.

***

O MEU IRMÃO ENQUANTO INSPIRAÇÃO
[Ivan Justen Santana]

Ao Cid Justen Santana

O meu irmão enquanto inspiração
é tanto o que não fez e o que tentou
porém também tanto o que fez, na ação
de ser, mesmo no ser que não chegou.

O meu irmão enquanto aspiração
prossegue sendo esse desenrolar
das coisas que inda não são mas serão
e no que ele tentar bolar colar

e até no medo que me dói de assim
o transformar em futura canção,
considerando um não qual sim e em mim
o meu irmão enquanto inspiração.

***

SONETO DA FELICIDADE

A felicidade não é grande nem azul.
A felicidade não é o norte nem o sul.
Não tem mapa nem direção.
É frágil e de curta duração.

Para que nela caiba toda tua vida
procura em todos os momentos a alegria escondida.
Usa cada tristeza tua como uma lição.
Usa cada alegria como impulsão.

A busca da felicidade é uma estrada
por selvas cercada e por pedras barrada:
remove-as sem levantar para não ser derrubado.

Não as empurres que o tesouro será esmagado.
Verte-as apenas para o lado, de mansinho
e terás aberto o caminho.

Cid Justen Santana (1971-2014)

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terça-feira, abril 07, 2015

MINHA LEITURA SUBCONSCIENTE DA PRIMEIRA EDIÇÃO DO CATATAU DE PAULO LEMINSKI

*
não erro o mance
nem sei se conto:
o livro

até
contém
uma panapaná
de exclamações
sem ponto


ijs
...

POR UM PERHAPPINESS DIÁRIO

... [em parceria não solicitada com Paulo de Toledo]


À cata de um tau:
um tao que não te i-ching
amarra a barata.

ijs

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quinta-feira, abril 02, 2015

Porque esse fez 96 anos de idade uns dias atrás...


LOUD PRAYER

Let us pray
Our father whose art’s in heaven
Hollow be thy name
Unless things change
Thy wigdom come and gone
Thy will will be undone
On earth, as it isn’t heaven
Give us this day our daily dread
At least three times a day
And forgive us our trespasses
On love’s territory
For thine is the wigdom and power and glory
Oh, man

Lawrence Ferlinghetti
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PAI NOSSA

oremos:

Pai nossa que arte hás no céu
Sem significado seja o vosso nome
Caso a coisa não mude
Venha e volte o vosso treino
Seja desfeita a vossa vontarde
Assim na terra como no seu
O não nosso de cada dia
Nos dai hoje pelo menos três vezes
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós nos temos comido
E não nos deixeis cair sem tentação
Mas livrai-nos do normal
Há zen: amem


versão brasileira: ijs

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