(João da Cruz e Sousa)
Alma ferida pelas negras lanças
Da Desgraça, ferida do Destino,
Alma, de que a amargura tece o hino
Sombrio das cruéis desesperanças,
Não desças, Alma feita das heranças
Da Dor, não desças do teu céu divino.
Cintila como o espelho cristalino
Das sagradas, serenas esperanças.
Mesmo na Dor espera com clemência
E sobe à sideral resplandecência,
Longe de um mundo que só tem peçonha.
Das ruínas de tudo ergue-te pura
E eternamente, na suprema altura,
Suspira, sofre, cisma, sente, sonha!
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