Edilson Del Grossi é talvez o mais marginal de nós marginais, e nunca chegou a publicar um livro-solo de poemas. Ele costumava compor em parceria, especialmente com o Antonio Thadeu Wojciechowski, o Sérgio Viralobos, o Chico "Capetão" Cardoso, o Edson de Vulcanis, entre outros meliantes que ainda não perderam seu latim.
Então aqui estão dois poemas excepcionalmente compostos a apenas duas mãos pelo Edilson, e que merecem entrar em qualquer antologia da poesia curitibana, paranaense, brasileira e intergalática (completa ou incompleta:)
POETA LAVANDO ROUPA
O tanque e o poeta
saíram pra conversar.
Um falando de guerra,
o outro falido de amar.
Quando as explosões começaram
o poeta fingiu de morto.
O tanque, muito vivo,
pensava só em seu corpo.
Um indiferente:
tanto faz morrer ou matar.
O outro segue em frente:
o mundo é pra passear.
Edilson Del Grossi
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DEZ MIL ANOS EM BUSCA DO AMOR
Dez mil anos anos em busca do amor
que nos redimisse.
O poeta, mais que todos,
vem sofrendo dessa tolice.
O poeta, mais que todos,
vem sofrendo dessa tolice.
Como é esquisito
ver um homem bonito,
forte, inteligente,
forte, inteligente,
consumir-se nessa patetice!?
Como se no país das maravilhas
só existisse ele,
e não Alice.
Edilson Del Grossi
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