domingo, setembro 19, 2004

AR ACNE FOBIA

Meus cabelos estão fugindo da cabeça.
E quem é ninguém pra censurá-los?:
é a atitude que se toma quando
o barco está afundando.

Minha garganta espectora
um plasma mais sólido,
mais escuro agora,
que sai na tosse como um bólido,
sem controle.

Sem noção.
São assim agora todas as minhas faculdades,
ações e atitudes:
gasto o dinheiro que não tenho
com estupefacientes e estúpidos entes.

Estou doente do pé:
unha e encravada
e fungo preto.

Sentimento pra mim é “sem ti”,
redução que tenta expressar o que senti
e sinto por estar longe de quem eu amo,
ou devo amar, ou acho que amo, ou...

Não sei.
É revoltante pra quem me conhece
ver essa carcaça ambulante,
que um dia já chegou perto de ser elegante,
galante, interessante
(isso ninguém deixa de ser, mas...),
e agora este doente:
QI de 140, mestre em literatura,
ganhando salário de lixeiro,
tropeçando a pé pela cidade,
só botando banca nesse baile de máscaras chamado internet.

Ontem foi o dia da última pessoa que faltava
me dizer umas verdades
sobre mim.

Depois de rechaçar e desapontar minha família,
negligenciar os amigos e o emprego
e ficar espalhando autopiedade,
agora o serviço está completo:
todo mundo vê a merda que eu estou fazendo
comigo mesmo,
mas pouca gente perde seu tempo me alertando:
e quando alguém o faz
(geralmente é minha mãe ou minha avó)
eu finjo que não é comigo
e me desculpo pensando que elas não sabem
toda a verdade.
Como se eu soubesse.
E agora ela também já “chaiben”.

Opa, ato falho, desculpem a nossa fale-a

(já dizia uma pessoa: falhei em tudo).

E no entanto hão pessoas
(é tão bonito errar assim,
agora estou achando tão bonito ser feio...)
e eu ia dizendo:
hão pessoas que ainda enganadas
me admiram graças
às minhas trapaças.
E ora vejam só que ditas coincidências:
duas delas aniversariam no mesmo dia
(próxima terça)
quando vou levar meu circo de horrores poético
a público, aqui no memorial dessa cidade cu-
riosa.
Isso sim é poesia a toda prosa.

E por falar em prosa, basta.

Eu ia falar também da agrura principal:
a coisa mais horrível que está acontecendo comigo
é superficial:
acne.
Mas não vou entrar nos detalhes mais sórdidos:
fica pra próxima postagem antinarcisista.

No próximo bloco:
poesia felina,
de novo e sempre.

2 comentários:

Priscila Manhães disse...

Enganada?!
It's a mistake! ;)
Kisses

Anônimo disse...

back in those days
thought you'd be a square
i apologize if it was unfair
what its been said probably forgotten, rotten, gone
anyway
take care