quinta-feira, setembro 16, 2004

o eterno retorno do discípulo mestre

estivemos fora do ar
por motivos de ordem técnica

voltamos agora
com nossa programação normal

eu queria voltar contudo
(contudo, notaram? assim como
mas, no entanto, embora, entretanto, porém)

contudo o mundo vai rodando,
muitos e muitas à minha volta
vão escrevendo cada vez melhor
e mais, e mais, e

minha cabeça roda

eu volto
nessa poesia espontânea
e nem tão improvisada quanto eu queria


quanto eu queria
e quanto nada há que eu quero

então vou voltar às regras estabelecidas
e transformar isso aqui no bom e velho
querido diário virtual

lá vai


Querido diário virtual:

hoje já é quinta-feira, e agora eu te começo:
tenho que te contar que ontem fui a um show punk
com os replicantes, acid eaters e beijo AA força:
puxa, poguei tanto com os camarada e as minhas amiguinhas punk...

foi coisa de mosher mesmo: o pessoal até se cumprimentava
e quando um bebum caía muitas mãos o levantavam

fiquei triste e injuriado quando minha amiguinha mais querida
me derrubou do palco, lá pela altura do quarto mosh
sendo que o sexto e último foi o mais animal
animalesco

definitivamente
eu não cresço, meu caro e já velho diário.

Nunca mais cresço nessa vida,
enquanto isso faço e vivo poesia
só pra disfarçar:
se tem gente que gosta
então não é meramente uma bosta

mera mente bosta

ei, meu velho diário
não fique chateado, eu sei, era pra ser prosa
eu estou contudo não estou prosa
estou mais pra grosa
rosa
e goza

desculpe de novo, diário, se eu te maltrato
se não te escrevo bem é porque
não escrevo pra você
meu prezado diário
mas sim pra todo mundo
que pode me ler

Ah, voltando ao show punk:
eu caí seco de costas do palco pro chão
graças às mãozinhas e às garras
da minha amiguinha taninha
que estava bebinha
e se fez de desentendida
sorrindo

hoje ela nem se lembra mais
e eu também estava bem jonson

pra que remoer isso?

Eu te perdôo, amiguinha,
você tomou medidas disciplinares
adequadas:
eu precisava daquela queda

até o segurança agiu bem
deixando a turma subir e pular
à vontade...

a noite foi virando dia numa caminhada escura
de volta para a casa de recuperação

todas as recuperações que eu não fiz na escola
estou fazendo agora
e penso que ainda tenho alguns serviços militares nas costas
pra prestar

só que deve dar pra notar,
meu amado diário,
que o que eu gosto de escrever (você)
ninguém consegue me pagar
sai de graça

então entrego de graça
minha alma e sentidos
e espero não machucar muitos ouvidos

“muitos são os silêncios
poucos serão ouvidos”

aí sim: eduquei meu ouvido
no silêncio eterno dos versos
que nunca vou traduzir

ou não

***

esta era pra ser uma postagem prosaica
mas como de praxe fugiu do controle
transformando-se numa série de versos
além de qualquer freio

continuamos passando por
dificuldades
de ordem técnica

aguarde
enquanto consertamos nosso reator
você poderá fazer as seguintes conexões
adestramento de sensibilidade com
a professora mídia

*buzinada de alerta*

ah, sim
desculpem a nossa falha
voltaremos com nossa programação normal

dentro

de

instantes

2 comentários:

Ratapulgo disse...

"eu estou contudo não estou prosa"
ahahahah

Voltou contudo, hein?

de volta à programação, anormal!

:)

Priscila Manhães disse...

Ei, Ivan...
Dois em um, tá? ;)

Morte: Gostei da poesia espontânea, :)
Gostei de vir aqui e ler, ler, ler, escreveu bastante hein? Aliás, é bom ter ver aqui, moço. ;)
Ando a escrever assim, minha loucura indômita e muito dark.

Íntima: Gostei do sotaque carioca, hahahha.
Pego carona e respondo assim "Aí Ivan, my Brother, carinha bacana, qual prêmio seria melhor que os tais beijos...?" :)))) O que achou da resposta? heheheh.

Agora, muito obrigada. Fiquei super-hiper-feliz com seu comentário.

Beijo, beijo, beijo.