quinta-feira, julho 28, 2005

Vale por sete postagens

já que meus versinhos não estão emplacando, vou postar uma pá deles, pelo menos os que eu lembrar agora, hipomaníaco com o massacre perpetrado por nosso time herói: 7 x 2 no vasco da gama (time que já ganhou invicto a libertadores, admita-se essa lembrança...)

***

a poesia

hoje em dia

é assim:


não vale nada pra ninguém

vale muito pra você

mas vale mais

pra mim


***

TRATADO COMPLETO DE MÉTRICA HAIKU


cinco no primeiro

no segundo sete sílabas

cinco no terceiro


***


quem ontem agia

que monte magia



***


somos de tudo um pouco

somos de nada muito



***

rápido:
me traga
outro trago

aproxima de mim
esse cálice sagrado

já bebi litros
mas não me sinto
diferente:

o peso líqüido do meu corpo
não foi suficiente


***

quando anoitece
a noite tece
sete setas
e descem
dezessete ratos
pelas quatro
rotas retas

boi morto
ruminando
rumo incerto
pasta solto
no deserto

renê descarta
uma canastra real:
espanto
parto
pranto
ponto final

domingo, julho 24, 2005

Psicose Maníaco-Futebolística

Bem, então tá: vamos lá, blogar com mais gusto: ontem, jogando num charco (a autêntica várzea), nosso time herói afundou novamente nos pântanos da derrota:

este é um time putanheiro mesmo: já está querendo voltar pra zona.

Estes tempos li num diário mínimo de Umberto Eco o horror que este sentia por gente (especialmente taxistas) que vai falando de futebol com você como se todo mundo se interessasse e soubesse tudo a respeito (na Itália como no Brasil).

Já que o time perdeu, era melhor nem ter mencionado nada, postando logo o poema feito neste domingo de manhã:


com afeto e com afinco
fiz o amor e a amargura
fiz as hastes da tua astúcia
e das tuas artes veio a argúcia
que de abraços foi segura
por teu urso de pelúcia
com afinco e com afeto
fiz tua rumba preferida
fiz os haustos dos teus claustros
e dos rastros caíram astros
que pisavas distraída
com afeto e com afinco
com efeito e bem de fianco
fiz do fim da morte vida
e do seu vazio repleto
com afinco e com afeto

quinta-feira, julho 21, 2005

Sobre o jogo de ontem à noite

Onze mil fiéis na Arena:

tinha uns cem torcedores adversários,

dum timinho carioca aí chamado fluminense,

momentaneamente nas cabeças da tabela...


Nosso time herói, surtado como sempre:

tomamos o primeiro gol e viramos pra 2 x 1

ainda no primeiro tempo:

na segunda etapa do prélio,

sofremos o empate e marcamos o tento da vitória:

3 x 2

saindo da zona do rebaixamento:

foi bom pra você também?

domingo, julho 17, 2005

bouncing back

depois do pesadelo de quinta-feira, hoje ricocheteamos, como bom time bipolar: derrotamos o galo no mineirão por 3 x 2, deixando imediatamente a lanterna ali em BH.

É emocionalmente desgastante postar com o time: eu preciso saber evitar: mas como?

O sentimento diagonal não me deixa quieto: vamos ouvir aquela novamente?

sexta-feira, julho 15, 2005

o eterno se

se tivéssemos jogado a primeira partida em casa...

se Lima tivesse batido o pênalti...

se Dago não estivesse contundido...

se Jadson e Washington ainda jogassem no time...

se Fabrício não estivesse numa noite tão infeliz...

se a realidade fosse mesmo melhor que a ficção...


outrossim, confirma-se a vocação bambi do time sãopaulino: choraram na comemoração dos gols (um deles impedido) e só faltou fazerem aquele bolinho de gente pra meterem o dedo uns nos outros (devem ter deixado isso para o vestiário, junto com aquele médico boiola...)

Bem: o bom é que derrubamos o muro e ano que vem a Arena estará finalmente pronta: neste ano, o negócio é evitar a queda pra segundona e surrar de novo os coxinhas no brasileiro, agora no chiqueiro deles...

O drama virou tragédia, mas nosso time herói é brasileiro, e não desiste nunca.

quinta-feira, julho 14, 2005

hoje é o dia:

aniversário da queda da bastilha:

logo mais nosso time herói vai tentar derrubar outro estado de coisas:

o terceiro, o quarto e (quiçá) o quinto e o sexto atos desse drama estão prestes a se desenrolar...


meu coração está que é uma bola de sangue...

domingo, julho 10, 2005

amores gris

meus atletibas ultimamente andam meio grenais:

este 1 x 0 foi pouco, mesmo com o time reserva:

o fato é que recentemente jogamos "em casa" no beira rio,

e desta feita o público total foi só de 16.344 criaturas

(numa arena que agora comporta 41 mil...)


mas como eu não fui, não posso reclamar:


e hoje não foi um dia triste,

mas foi um dia frio,

e toda fragilidade incidiu,

e o pensamento era um lá

(às vezes maior, ora menor)

e tudo me dividiu

e eu esperava com a força do pensamento

criar a luz pros meus amores gris

(que rimam com _ _ _ _)


* chute uma letra...

quarta-feira, julho 06, 2005

O drama se adensa:

nosso time fez mais um gol no segundo tempo:

pena que foi contra:

Atlético 1 x 1 são paulo

O terceiro ato promete...

Final

do primeiro ato:

o drama vai se desenrolando:

Atlético 1 x 0

gira o placar no beira rio...

Chove em Porto Alegre:

o Furacão ainda nem passou.

glosando um mote ludopédico com um soneto escataclético

Tudo que eu sempre quis te dizer:
O jeito exato com que eu te amo,
Tua maneira de me dar prazer
E toda a gama que gamo gamo:

Todos os fogos que me botam frio,
A tragédia coríntia na qual me abismo,
O fluido flamívomo que eu arrepio,
As graduações grenás do cataclismo,

Tudo, tudo mesmo, tudo tudo:
Os mas, os entretanto e os contudo
Que eu quis tirar do fundo-coração:

Toda essa beleza ora jaz congelada
Porque tudo no futebol vira nada
E daqui a pouquinho começa o jogão.

domingo, julho 03, 2005

ROTEIRO LITERÁRIO DESTE DOMINGO À TARDE

“Os mensageiros do amor deviam ser os pensamentos”.

If the dull substance of my flesh were thought,
Se a minha carne fosse pensamento
Injurious distance should not stop my way;
A distância jamais me reteria;
For then, despite of space, I would be brought,
Que apesar dos espaços, num momento,
From limits far remote where thou dost stay.
E de bem longe, a ti eu chegaria.
No matter then although my foot did stand
Que importa onde o meu pé pudesse estar,
Upon the farthest earth removed from thee;
Em que terra de ti tão afastada?
For nimble thought can jump both sea and land,
O pensamento salta terra e mar
As soon as think the place where he would be.
Só de pensar na terra desejada.
But, ah! Thought kills me that I am not thought,
Morro ao pensar que não sou pensamento,
To leap large lengths of miles when thou art gone,
E que sonhar distâncias não consiga;
But that, so much of earth and water wrought,
Sou feito de água e terra, os elementos
I must attend time´s leisure with my moan;
Que ao tempo ocioso e à minha dor me obrigam.
__Receiving nought by elements so slow
__
De lentos elementos me resigno
­__But heavy tears, badges of either´s woe.
__
A ter somente as lágrimas, seus signos.


The other two, slight air and purging fire,
Os outros dois, ar leve e fogo puro,
Are both with thee, wherever I abide:
Onde quer que eu esteja, estão contigo:
The first my thought, the other my desire,
Um, meu pensar, outro a paixão que apuro,
These present-absent with swift motion slide.
Presente-ausentes, deslizando ambíguos.
For when these quicker elements are gone
Quando esses ágeis elementos vão
In tender embassy of love to thee,
– Terna embaixada que o amor transporte –
My life, being made of four, with two alone
Minha quádrupla vida (em dois, então)
Sinks down to death, oppressed with melancholy.
Melancólica afunda até a morte.
Until life´s composition be recured
E até que a vida em mim se recomponha,
By those swift messengers returned from thee,
Retornados de ti os mensageiros,
Who even but now come back again, assured
Espero – e que as notícias mais risonhas
Of thy fair health, recounting it to me:
Tragam de ti e eu me refaça inteiro.
__This told, I joy: but then no longer glad,
__
Aí me alegro; mas torno ao começo,
__I send them back again, and straight go sad.
__
Que os comando de volta e me entristeço.

William Shakespeare (1564-1616)
Sonetos 44 e 45 (1609)

Tradução de Jorge Wanderley (1991)

seleção textual (terra),
digitação (ar),
arte (fogo)
situação (água)

e autoria espúria:

Ivan Justen Santana

sábado, julho 02, 2005

DEZ MOTIVOS PRA FICAR IRRACIONAL JUNTO CONTIGO

– Porque nunca falou quem não queria;
– Porque sempre sofreu quem não sabia;
– Porque um belo dia chegou quem não devia;
– Porque a sala nunca está meio cheia nem meio vazia;
– Porque as sereias são quentes mesmo na água fria
– Porque teve até uma noite em que eu dormi na pia;
– Porque o teu silêncio é a alga da minha algaravia;
– Mas sobre tudo por dois motivos:
a minha prosa

e tua poesia.

sexta-feira, julho 01, 2005

Solte o grito na garganta

e confira comigo no replay:

depois dum primeiro tempo bisonho, quando por meio triz não tomamos mais dois gols além do tento assinalado, sobrevivemos, atleticanos e fagueiros, conferindo duas vezes a rede mexicana (tradução: chivas guadalajara 2 x 2 Atlético Paranaense: estamos na final do torneio continental mais importante das américas: as postagens anteriores foram proféticas: eu já sabia que eu já sabia).

Quanto a este blog, o Delírio morreu: as tatuagens de acne continuam gravadas na minha pele, mas agora vamos a uma fase de relaxamento: ranja os dentes e feche os olhos...