segunda-feira, agosto 13, 2007

DREAM LIFE

VIDA DE SONHO

As if you descended in each night’s sleep
Into your father’s grave
You seemed afraid to look, or to remember next morning
What you had seen. When you did remember
Your dreams were of a sea clogged with corpses,
Death-camp atrocities, mass amputations.
Como se você descesse a cada noite de sono
Para dentro da sepultura do seu pai
Você parecia ter medo de ver, ou de lembrar na manhã seguinte
O que tinha visto. Quando você conseguia lembrar
Seus sonhos eram de um mar coagulado de cadáveres,
Atrocidades de campo de morte, amputações em massa.

Your sleep was a bloody shrine, it seemed.
And the sacred relic of it
Your father’s gangrenous, cut-off leg.
No wonder you feared sleep.
No wonder you woke, saying: ‘No dreams.’
Seu sono era um santuário sangrento, ao que parecia.
E a relíquia sagrada dele
A perna gangrenada e mutilada do seu pai.
Não espanta que você temesse o sono.
Não espanta que você acordasse, dizendo: “Sem sonhos.”

What was the liturgy
Of that nightly service, that cult
Where you were the priestess?
Were those poems your salvaged fragments of it?
Qual era a liturgia
Daquela missa noturna, aquele culto
Do qual você era a sacerdotisa?
Aqueles poemas eram seus fragmentos salvos dele?

Your day-waking was a harrowed safety
You tried to cling to – not knowing
What had frightened you
Or where your poetry followed you from
With its blood-sticky feet. Each night
I hypnotized calm into you.
Courage, understanding and calm.
Did it help? Each night you descended again
Into the temple-crypt,
That private, primal cave
Under the public dome of father-worship.
All night you lolled unconscious
Over the crevasse
Inhaling the oracle
That spoke only conclusions.
Seu dia acordada era uma segurança atormentada
À qual você se agarrava – sem saber
O que havia lhe assustado
Ou a partir de onde a sua poesia seguia você
Com seus pés sanguigrudentos. A cada noite
Eu hipnotizava calma em você.
Coragem, compreensão e calma.
Ajudava? A cada noite você descia novamente
Para dentro daquele templo-cripta,
Aquela privativa caverna primal
Sob a abóbada pública da adoração-ao-pai.
A noite toda você se debruçava inconsciente
Sobre a fenda
Inalando o oráculo
Que falava apenas conclusões.

Hackings-off of real limbs,
Smoke of the hospital incinerator,
Carnival beggars on stumps,
The gas-chamber and the oven
Of the camera’s war – all this
Was the anatomy of your God of Sleep,
His blue eyes – the sleepless electrodes
In your temples

Pedaços decepados de membros reais,
Fumaça do incinerador do hospital,
Mendigos carnavalescos em cotos,
A câmara de gás e o forno
Da guerra da câmera – tudo isso
Era a anatomia do seu Deus do Sono,
Os olhos azuis dele – os eletrodos insones
Nas suas têmporas

Preparing his Feast of Atonement.
Preparando o Bacanal de Redenção dele.

Ted Hughes
Ivan Justen Santana

7 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, gostei pra kramba! Parabéns, adoro teu blog! dez d+++

bjos

Priscila Manhães disse...

"Each night
I hypnotized calm into you."

Sinto falta. E do meu pai.

Mais de 70 horas sem dormir.

Este poema...

...

Postei o Rossetti, obrigada.

...

*muito triste*

Ivan disse...

Agora me toquei que o último verso deveria ser mais específico na tradução também:

Preparando o Bacanal de Redenção dele

Ivan disse...

Vou editar.

Giuliano Gimenez disse...

cacete de poema, ivan. não vou comentar a tradução porque não manjo o inglês, mas sei que a tradução é de gabarito. gabaritar em curitiba.

vou ler esse poema pra uma turma do 3 anos. foda!!!!

Giuliano Gimenez disse...

caoticidade, meu caro ivan, faz parte da dialética, da polifonia caótica urbana. é um confronto de contradições enriquecedoras.
bah! verdade!

Anônimo disse...

Teu blog também é muito fino e tem ótimas traduções. Agora também está nos meus favoritos. Vou escrever o mesmo que no blog da Pri, obrigada pela aula.
Abraço, Valquíria.