Ajusta as tuas letras e os acentos, ao menos, meu amigo, pois, por certo, noventa e nove ponto três por cento das tuas rimas não terão conserto. Percebe, ó cego, a terna rima interna que no deserto prima em ser oásis, e vendo além do umbigo da caverna, darás aos teus leitores mais que fezes, pois decerto são fezes o que fazes.
Felizes teus leitões(!), pois capaz és de entupi-los co’a bosta que tu trazes, os levas passear à beira-foz: os porcos e o pastor (um impostor) libam no esgoto o desgosto do star.
Tá: na paz, rapaz Bocágil, foste ágil - versos válidos, metálicos, des(co)medidos - entretanto, bem que ágil, foste frágil: no final que não ficou tão natural - embolou, descoloriu-se um pouco e naufragou: e assim, pois, depois de dribles e jogadas geniais, pela zaga, meia cancha e meia lua, passado o guarda-redes, meta nua, teu avante titubeou e errou o gol...
Mas time bom não vive de um só lance! E se a jogada foi frustrada mesmo, como quer o locutor em transe, a minha voz, que nunca urra a esmo, vai te narrar agora, num relance, o gol mais breve do futebolismo. (Existe entre os dois times um abismo, o meu persiste sempre, o teu se cansa.)
Já na defesa o meu zagueiro toma a bola e num só toque o contra-ataque é preparado. Em meio à redoma o meia dá uma meia-lua, é craque, e cruza a gorduchinha ao centro-avante, que faz co’a mão ligeira um gol pujante!
Eis então que se revela o poeta incauto, com histérica menção ao couto: um estádio que proclama-se por alto mas que oculta um parafuso solto...
Similar, o tal bocágil, no seu estro, a ninguém mesmerizado deixe: porque nota-se que em rimas não é destro - pela boca: é assim que morre o peixe...
Ao mesmo com o esmo só faltou o torresmo, e o futebolismo foi, enfim, pro abismo... Antes fosse "todo aquele ludopédio" o seu time cuja tônica é o tédio...
Mas o ato falho de fatal percepção, em rima mais simples que um palavrão, revela até onde estes atletas vão na busca eterna de um triunfo vão:
No futebol, se nota, eu sou mais ágil. Também nossa platéia já percebe que o verso que propões é mero plágio de um paulo mastigado pela plebe. Porém que siga a luta em que medimos gládios. É salutar que eu tire a máscara e decepe a língua de impostores, eu, Bocágil, a quem os grandes brandem o seu quepe.
Joguemos nossa sorte na sinuca, esporte que faz par com a cerveja. Cuidemos que te enfrento ali no Torto: as bolas minhas entram bem na boca, às tuas, confundidas, tu praguejas: te restam quatro! E agora já ‘stás morto.
(- Próximo!, eu exclamo, Que venha alguém que agüente!)
eu que venho de fora e não sou dessa terra gelada não gosto de futebol, embora torça pro são paulo mas com a faca fria entro na peleja como um gaiato solto e sem rima meu fôlego é pouco para quem atira no entanto, quando é bang bang lá torto? e olha que sou bom de sinuca e costumo deixar o adversário dentro do esquadro
Bocágil, derrotado no futeba, resolve recorrer às vãs caçapas: das quais, após perder, ó vil pereba, a qual desporto pensas tu que escapas?
Ao menos melhoraste algumas rimas, mas pesa a fraca acusação de plágio - cuidado, que Leminski, o de obras primas, quem sabe a venha te cobrar com ágio...
Na história entrou também um tal qg, que afirma não gostar de futebol - pra qual time torce ele, bem se vê, embora curta aqui um duelo ao sol...
No entanto, vou deixando este combate - bocágil e qg me desgastaram, aos dois já aplicado o xeque-mate, somente rimas pobres me sobraram...
Não são acusações, meu caro Ivan. Sabe que confundiste a reverência ao haicaísta com subserviência, por isso o teu talento foi-se em vão. Em vão se foi, porque da geração a que pertences, cá nesta província friolenta, foste a esperança de ação, e agora apenas és fracasso e ausência. Paciência, os covardes partem cedo, escondem-se na saia da mamãe.
Assusta-te Ivan Justen o amanhã lotado de lembranças de um degredo auto-imposto? O evidente e triste medo de nunca ver a estrela da manhã?
(Bocágil espera que Ivan recupere as forças e proponha revanche, e já alerta que já tem outro impostor em mira. Qual será?)
Constato, bocejando, que esperneia bocágil, sempre agindo no seu nível - pobreza de um estilo defectível com um teor fiado em mesma teia: nas rimas, o "manhã" com "amanhã", no ritmo, o mal jambrado enjambement...
Atroz, retira trépido um ataque, trocando o "plágio" pela "subserviência" - tal troca foi de um peido por um traque, em reduções que traem inconsciência: Leminski foi bem mais que "haicaísta", como o chama bocágil, que despista...
Por fim, quem tenta me acusar covarde? Um "ágil" lento, oculto em anonímia - a soprar: "ataco outro..." - Já vais tarde! Meu verso disparou-te a língua nímia: "ausência" é tua ausência que te espelha - "fracasso" é meu barulho em tua orelha.
Três lições num soneto, que te dou: Primeiro, poetinha de terceira, vá desmembrando o enjambement, qual queiras!, e logo já verás do que soltou que ali reside o verso livre. Estou a te ensinar aqui a verdadeira origem dessa forma, que tu, queiras ou não queiras, praticas. Mestre sou-te.
Segundo, o pau que pagas a teu Paulo é comovente sim, mas mais que tudo, mais que loas ou que plágio, te é jaula.
Terceira aula. Antes sejas mudo a bocejante.
E os olhos à manhã os abre, pois me mama (a tua mãe, a tua mina e) a tua irmã.
[ Três lições num soneto, que te dou: Primeiro, poetinha de terceira, vá desmembrando o enjambement, qual queiras!, e logo já verás do que soltou que ali reside o verso livre. Estou a te ensinar aqui a verdadeira origem dessa forma, que tu, queiras ou não queiras, praticas. Mestre sou-te.
Segundo, o pau que pagas a teu Paulo é comovente sim, mas mais que tudo, mais que loas ou que plágio, te é jaula.
Terceira aula. Antes sejas mudo a bocejante. E os olhos à manhã os abre, pois me mama (a tua mãe, a tua mina e) a tua irmã. ]
Repórter de campo literário: Ivan, os comentaristas estão dizendo que você pegou muito pesado nessa última sátira, e alguns chegaram a criticar sua métrica de pés quebrados...
Pés quebrados foi a equipe adversária que chegou usando: aí resolvi devolver de bate pronto - vou lá caprichar muito na métrica contra essa renca de beques de fazenda?
Elementar, meu caros, pra ser poeta tem que estudar um muito.
A nossa poética, ou seja, a poética luso-brasileira, tem origem na poética greco-latina. Em sentido amplo, Poética é a ciência que estuda a Poesia. Em sentido restrito, refere-se apenas ao estudo filosófico da Poesia, designando-se melhor como Poemática a observação estrutural e técnica do Poema. E Poesia? Poesia é, antes de tudo, um acontecimento, uma visão que prescinde dos olhos, mas também prescinde do Espiritismo; uma organização harmoniosa ou não de componentes físicos e/ou metafísicos que existe no tempo, e pode ou não ser encontrada pelo homem, do mesmo modo que a escultura já existe embutida na pedra, cabendo ao escultor apenas encontrá-la, descobri-la, tirando-lhe as "sobras", a falsa moldura. A arte de escrever em versos, ou, aquilo que desperta o sentimento do belo. Para Ezra Pound, Poesia é Música, e não Literatura. Os simbolistas já antegozavam essa visão. Para o poeta e teórico T.S. Eliot "toda verdadeira poesia é uma visão do mundo". Para Carlos Buosoño "Poesia é, antes de tudo, comunicação, efetuada por palavras, apenas, de um conteúdo psíquico (afetivo-sensório-conceitual) aceito pelo espírito como um todo, uma síntese. Nesse conteúdo anímico predominará às vezes, o sensório, outras o conceitual, pois o poeta, ao expressar-se, nunca transmite puros conceitos, conceitos sem mescla de sensorialidade ou sentimentalidade". Para os dicionaristas, em geral, Poesia é a obra literária escrita em versos. Vamos a eles. Verso - A linha escrita, de sentido completo ou fragmentário, que se caracteriza pela obediência a determinados preceitos rítmicos, fônicos, ou meramente gráficos, pelos quais difere das linhas da Prosa. O verso, para gregos e latinos, em seu significado original, era o sulco, a linha aberta no campo pelo boi que puxava o arado. Linhas que iam e voltavam, vendo os gregos aí, um paralelo com a sua escrita, da direita para a esquerda, e voltando desta para a outra, e assim por diante. O estudo do verso nos leva aos conceitos de cadência, ritmo, metro, rima e figuras de estilo.
Metro - Diz respeito ao ritmo do verso, que era comumente formado por determinados acentos e cadências, tendo por base o número de sílabas. A métrica é a medida do verso, e metrificação sua aplicação prática. Para que um metro seja considerado como tal, é preciso mais que a devida contagem de sílabas fortes (tônicas), criando a cadência, o ritmo, termos correlatos. A rigor, cadência é o esquema acentual obrigatório de certos tipos de verso; e ritmo, a seqüência de sílabas fortes e fracas segundo a pronúncia normal das palavras. Rima - É a concordância de sons, finais ou internos, entre um verso e outro no corpo do mesmo verso. Tem importante atuação na construção tanto da cadência quanto do ritmo.
Tipos de verso - Há versos brancos (sem rima), livres (sem metro), e há a classificação segundo o número de sílabas poéticas e suas tônicas. A redondilha menor, a redondilha maior, o decassílabo e o alexandrino são os versos mais usados, segundo o número de sílabas poéticas.
Redondilha menor e maior - A primeira é formada de cinco sílabas poéticas, e a segunda, sete sílabas poéticas. Ex.:
Menor: "Corrija-me agora o pouco de amor mas vem sem demora por mim, por favor".
Maior: "És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho, tempo, tempo, tempo, tempo."
Decassílabo - O mais cultuado dos versos de forma fixa. Pode ser sáfico, quando os ictos caem sobre a quarta e a oitava sílaba, ou o heróico, quando o único icto cai, primorosamente, sobre a sexta sílaba. Ex.:
De tudo ao meu aMOR serei atento, antes, e com tal ZElo e sempre e tanto, que mesmo em FAce do maiOR encanto, dele se encante MAIS meu pensamento.
Alexandrino - Considerado Verso de Arte Maior, o Alexandrino tem doze sílabas, com cesura obrigatória na sexta sílaba, criando uma pausa sensível entre dois hemistíquios. Ex.:
Dava-lhe a custo a sombra escassa e pequenina
Faz-se importante deixar claro que a distribuição das tônicas é que faz o verso, o metro, mais que a contagem das sílabas. Portanto, se um verso tem dez sílabas mas não é sáfico ou heróico ele não é um decassílabo, mas um verso de dez sílabas. O alexandrino, por sua vez, será considerado como tal se registrar a obrigatória cesura. Do contrário, não passará de um verso de 12 sílabas.
Dentro das chamadas formas fixas da Poesia, há aquelas que atravessaram anos, séculos, milênios, sendo cultivadas e cultuadas ainda hoje, em todo o mundo. Vamos a elas.
Soneto - É o tipo de poema mais cultivado, entretanto o mais desencorajador, dentre todos os tipos de poemas populares. Tornou-se prova para poetas, castigo para poetastros. Sua estrutura é um universo em si, perfeita, plena, absoluta. Composição poética constituída de 14 versos divididos em quatro estâncias: dois quartetos e dois tercetos, e cuja tradição pede que seu desfecho tenha "chave de ouro", ou seja, que seu último verso possa representar todo o poema, numa espécie de epílogo, ou título final.
Oitava italiana - Forma criada pelos italianos para a estrofe de oito versos decassílabos, com rima aguda no quarto e no último, podendo ser brancos o primeiro e o quinto, e não havendo especificações quanto aos demais.
Terça Rima - Tipo de poema estrófico usado por Dante na Divina Comédia, e constituído por uma série de tercetos cujos versos primeiro e terceiro rimam entre si e com o segundo da estrofe anterior.
Haicai - Tipo de poema japonês de forma fixa, formado de 17 sílabas distribuídas em três versos (5-7-5) sem rima, como toda a poesia nipônica. O gênero foi imortalizado pelo grande poeta Matsuo Bashô, do século XVIII. Para se chegar ao limite da beleza e sonoridade de um haicai é desejável criar uma espécie de cascata rítmica perpetrada pela sonoridade interna, que pode ser conseguida com versos leoninos. Ex.:
Uma folha morta, Um galho no céu grisalho, Fecho a minha porta.
Sobre palavras agudas, graves e esdrúxulas Aguda é a palavra oxítona. Grave é a palavra paroxítona, e esdrúxula, as proparoxítonas. Diz-se de um verso agudo, grave ou esdrúxulo se terminado com um desses tipos de palavras.
Tipos de rima Basicamente, quanto ao som, podem ser as rimas consoantes, quando rimam a última vogal tônica e todos os sons ou letras que se lhe seguem no final do verso; e toantes, quando rimam apenas as últimas vogais tônicas.
Quanto à arrumação na estrofe, podem ser emparelhadas, feitas em pares de versos consecutivos, ou cruzadas, no esquema abab, na estrofe de quatro versos.
Há uma porção de gêneros e expressões que ficaram de fora desse "Elementares", por me parecer desnecessário ao iniciante, mostrando-se mais interessante ao simples olhar ou ouvido curioso. Uma vez apreendido o que aqui foi registrado, pode o neófito buscar mais informações na grande quantidade de livros e tratados de versificação portuguesa.
Sugestão de Leitura
Pequeno Dicionário de Arte Poética - Geir Campos Tratado de Versificação - Olavo Bilac e Guimarães Passos Vocabulário de Poesia - Raul Xavier] ABC da Poesia - Ezra Pound Nova Gramática do Português Contemporâneo - Celso Cunha e Lindley Cintra O que é poesia - Fernando Paixão.
Pela simplicidade, cadência e clareza. Os poetas aqui, por ordem de técnica, domínio e inspiração, são em primeiro Gregório de Campos, depois Ivan e em último o Bocágil, que tem muito a aprender.
ivan, seria bem interessante um duelo seu com o sonetista lambedor de pé. com licença poética de um bom leitor-espectador-virtual, vou enviar um desses seus poemas.
Ivan, não convenceu. Levanta o nível, meu. O cara escreve um poemaço e vc me vem com isso?!. (E ainda compara o cara com Dante sem que ele tivesse se comparado!!!)Porra! PQP. Olha, tô esperando ainda...
que presumo ser uma Larissa - assim como presume-se que "bocágil" é um "cara" (por detrás do pseudônimo, vai que não é uma sapata?) -
o que você chama de poemaço é um semi-canto, semi-tonante - que nem comparei com Dante...
O "cara" se queixa dos meus socos e vai nos dele, aos solavancos...
Além disso, enche-se de auto-elogios - "elogio em boca própria é vitupério"... Assim, o "cara" é um caso sério da chamada egolatria - isso já não é mistério pra nenhuma psiquiatria...
Eu fiquei até contente pela atenção dispensada - faço até mais uns versinhos pra que a nossa piazada dance em torno de bocágil, enquanto gagueja os ictos que à Larissa são convictos:
o bocógio quando nasce vem dobrar-se ao ivanzinho: bocoginho-nho-nho dimirou-se-se com pedrinhas (com pedrinhas) com pedrinhas no caminho (uau!)
Interessante (e mais desavisado) é o caso do Gregório de Campos - similar ao de bocógio em seu início: polemiza a qualquer preço (será mais um que mereço?)
Enfim, Lari, todos andam atrás da poesia - sabe alguém onde ela está? Hoje eu achei que sabia:
soneto só e tão somente para dizer adeus ao bocágil e que, por ser frágil e frouxa a maioria de seus versos, mesmo assim não lhe quero mal, mas espero dias melhores e melhores tratos aos seus saberes.
do ivan, espero menos menosprezo ao adversário que se apresente, pois poeta, por mais fraco que seja, é um elo da nossa mesma corrente. a propósito, ivan, ele não é o inimigo. quem é o inimigo? quem é bocágil, quem é você?
obrigado, mas não precisam me responder.
boca do purgatório
não fale, justo ivan, meu nome em vão, desavisado é quem, sem nem saber do que se trata, põe-se a não caber em si e intitular-se sabichão...
tão nobre, o infeliz, de pés no chão, com a bunda de fora, diz o quê? como um reles dândi, o “lavoisier dos versos” descobriu que a combustão
se dá quando o inflamável ao oxigênio faz contato e, então, ateia às vestes o fogo da imodéstia e se acha: “gênio!”
diz mais: “em curitiba treze pestes há, que me contaminam, vou varrê-los e nem ao menos despenteio os cabelos!”
Gregório de Campos
por favor, ivan, apague as 3 postagens anteriores. deixe somente esta última se assim o quiser.
kkkkkkkkkk Não acreditei no que li. Ivan e Bocágil acho que tem algo melhor na parada. Ouçam o conselho do boca do purgatório: dêem-se as mãos e aprendam com quem sabe se é que ser poeta é o que vocês dois querem.
Me passaram o link desse combate que, sei lá, parece briga de (trans)viados. Ponto para o Boca de Purgatório, seja ele, o juiz da porfia, o fiel da balança, pelo menos esse tem senso e como poeta dá dó dos dois. Mas, por favor, deixem de lado os ataques pessoais e vão firme, com o porrete na mão, sobre os versos um do outro. Afinal, isto é ou não é, um desafio? Li tudo. O Bocágil está perdendo e o Ivan está devendo. Sábio, o Gregório, apontou o caminho. Então vamos lá, meninos!
Rodrigo Madeira me parece um poeta dos bons. Rodrigo, não sei se já viu, cito trechos do teu poema na reportagem que escrevi na Folha de Londrina: http://materiaspublicadas.blogspot.com/2008/06/aos-ps-da-catedral.html
este otávio aí tb não sou eu, não há nenhum problema em alguém se chamar otávio além de mim, mas quero deixar claro q eu sou apenas este q abre para o endereço do blogspot e q ainda está protegido por senha. Nunca posto comentários anônimos.
52 comentários:
hum...
belas rimas.
G.M
fodástico
mas como minha razão anda bem desautomatizada, avistei um navio cheio de loucos
giuliano
ó lá, na paz hein:
À estrela-guia de Colombo
Ajusta as tuas letras e os acentos,
ao menos, meu amigo, pois, por certo,
noventa e nove ponto três por cento
das tuas rimas não terão conserto.
Percebe, ó cego, a terna rima interna
que no deserto prima em ser oásis,
e vendo além do umbigo da caverna,
darás aos teus leitores mais que fezes,
pois decerto são fezes o que fazes.
Felizes teus leitões(!), pois capaz és
de entupi-los co’a bosta que tu trazes,
os levas passear à beira-foz:
os porcos e o pastor (um impostor)
libam no esgoto o desgosto do star.
Bocágil
Tá:
na paz,
rapaz Bocágil,
foste ágil -
versos válidos,
metálicos,
des(co)medidos -
entretanto,
bem que ágil,
foste frágil:
no final
que não ficou
tão natural -
embolou,
descoloriu-se um pouco
e naufragou:
e assim, pois,
depois de dribles
e jogadas geniais,
pela zaga, meia cancha e meia lua,
passado o guarda-redes,
meta nua,
teu avante titubeou
e errou o gol...
*urros da torcida*
Com mão ligeira
Mas time bom não vive de um só lance!
E se a jogada foi frustrada mesmo,
como quer o locutor em transe,
a minha voz, que nunca urra a esmo,
vai te narrar agora, num relance,
o gol mais breve do futebolismo.
(Existe entre os dois times um abismo,
o meu persiste sempre, o teu se cansa.)
Já na defesa o meu zagueiro toma
a bola e num só toque o contra-ataque
é preparado. Em meio à redoma
o meia dá uma meia-lua, é craque,
e cruza a gorduchinha ao centro-avante,
que faz co’a mão ligeira um gol pujante!
(E os gritos lá no Couto se escutam cá de casa)
Bocágil
Eis então que se revela o poeta incauto,
com histérica menção ao couto:
um estádio que proclama-se por alto
mas que oculta um parafuso solto...
Similar, o tal bocágil, no seu estro,
a ninguém mesmerizado deixe:
porque nota-se que em rimas não é destro -
pela boca: é assim que morre o peixe...
Ao mesmo com o esmo só faltou o torresmo,
e o futebolismo foi, enfim, pro abismo...
Antes fosse "todo aquele ludopédio"
o seu time cuja tônica é o tédio...
Mas o ato falho de fatal percepção,
em rima mais simples que um palavrão,
revela até onde estes atletas vão
na busca eterna de um triunfo vão:
tentam assinalar o tento com a mão...
*ferve e treme o Caldeirão*
Em qualquer desporto eu venço
No futebol, se nota, eu sou mais ágil.
Também nossa platéia já percebe
que o verso que propões é mero plágio
de um paulo mastigado pela plebe.
Porém que siga a luta em que medimos gládios.
É salutar que eu tire a máscara e decepe
a língua de impostores, eu, Bocágil,
a quem os grandes brandem o seu quepe.
Joguemos nossa sorte na sinuca,
esporte que faz par com a cerveja.
Cuidemos que te enfrento ali no Torto:
as bolas minhas entram bem na boca,
às tuas, confundidas, tu praguejas:
te restam quatro! E agora já ‘stás morto.
(- Próximo!, eu exclamo, Que venha alguém que agüente!)
Bocágil
eu que venho de fora e não sou dessa terra gelada
não gosto de futebol, embora torça pro são paulo
mas com a faca fria entro na peleja
como um gaiato solto e sem rima
meu fôlego é pouco para quem atira
no entanto, quando é bang bang lá torto?
e olha que sou bom de sinuca e costumo deixar o adversário dentro do esquadro
qg
Bocágil, derrotado no futeba,
resolve recorrer às vãs caçapas:
das quais, após perder, ó vil pereba,
a qual desporto pensas tu que escapas?
Ao menos melhoraste algumas rimas,
mas pesa a fraca acusação de plágio -
cuidado, que Leminski, o de obras primas,
quem sabe a venha te cobrar com ágio...
Na história entrou também um tal qg,
que afirma não gostar de futebol -
pra qual time torce ele, bem se vê,
embora curta aqui um duelo ao sol...
No entanto, vou deixando este combate -
bocágil e qg me desgastaram,
aos dois já aplicado o xeque-mate,
somente rimas pobres me sobraram...
Perguntas ao poeta num domingo gélido
Não são acusações, meu caro Ivan.
Sabe que confundiste a reverência
ao haicaísta com subserviência,
por isso o teu talento foi-se em vão.
Em vão se foi, porque da geração
a que pertences, cá nesta província
friolenta, foste a esperança de ação,
e agora apenas és fracasso e ausência.
Paciência, os covardes partem cedo,
escondem-se na saia da mamãe.
Assusta-te Ivan Justen o amanhã
lotado de lembranças de um degredo
auto-imposto? O evidente e triste medo
de nunca ver a estrela da manhã?
(Bocágil espera que Ivan recupere as forças e proponha revanche, e já alerta que já tem outro impostor em mira. Qual será?)
Constato, bocejando, que esperneia
bocágil, sempre agindo no seu nível -
pobreza de um estilo defectível
com um teor fiado em mesma teia:
nas rimas, o "manhã" com "amanhã",
no ritmo, o mal jambrado enjambement...
Atroz, retira trépido um ataque,
trocando o "plágio" pela "subserviência" -
tal troca foi de um peido por um traque,
em reduções que traem inconsciência:
Leminski foi bem mais que "haicaísta",
como o chama bocágil, que despista...
Por fim, quem tenta me acusar covarde?
Um "ágil" lento, oculto em anonímia -
a soprar: "ataco outro..." - Já vais tarde!
Meu verso disparou-te a língua nímia:
"ausência" é tua ausência que te espelha -
"fracasso" é meu barulho em tua orelha.
4x1 pro Bocágil.
ups:
Soneto das três lições e uma malcriação
Três lições num soneto, que te dou:
Primeiro,
poetinha de terceira,
vá desmembrando o enjambement,
qual queiras!,
e logo já verás do que soltou
que ali reside o verso livre.
Estou a te ensinar aqui
a verdadeira origem dessa forma,
que tu, queiras ou não queiras, praticas.
Mestre sou-te.
Segundo,
o pau que pagas a teu Paulo é comovente sim,
mas mais que tudo, mais que loas ou que plágio,
te é jaula.
Terceira aula.
Antes sejas mudo a bocejante.
E os olhos à manhã os abre,
pois me mama (a tua mãe, a tua mina e) a tua irmã.
[
Três lições num soneto, que te dou:
Primeiro, poetinha de terceira,
vá desmembrando o enjambement, qual queiras!,
e logo já verás do que soltou
que ali reside o verso livre. Estou
a te ensinar aqui a verdadeira
origem dessa forma, que tu, queiras
ou não queiras, praticas. Mestre sou-te.
Segundo, o pau que pagas a teu Paulo
é comovente sim, mas mais que tudo,
mais que loas ou que plágio, te é jaula.
Terceira aula. Antes sejas mudo
a bocejante. E os olhos à manhã
os abre, pois me mama (a tua mãe, a tua mina e) a tua irmã.
]
Primeiro veio se mijando -
dizendo "na paz", com receio.
O poema até que ia, quando
descambou depois do meio...
Tomou-lhe um pitaco breve,
mas não ficou satisfeito:
à réplica o reles se atreve
em rimas pobres sem efeito...
Desta feita, crescendo, o patético
tomou uma chapuletada mais forte -
mas apenas tremeu, epilético:
não, ainda não era a morte...
Resolve apelar pra sinuca,
em delírios de grandeza:
brandem-lhe o quepe na cuca,
cresce debaixo da mesa...
Diz que pago pau, e paga pra mim,
passando a noite a ajuntar
versinhos mal medidos que no fim
nem merecem o seu lugar:
o tipo se acha algum mestre
por detrás do nome eqüestre -
faltou que alguém lhe palestre
a ser mais ou menos pedestre?
Não lhe falta quem lhe frustre,
mas, gabando-se de ilustre,
pendura-se igual a um lustre
de seu tom quase palustre...
Além de lelé, o carente
quer mamar mulher alheia -
assim, triste, faz patente
que a mulher (se a tem) é feia...
A cada golpe que leva
este notável otário
(néscio, imerso na treva)
tem que ir ao dicionário:
prossiga, primaz pascácio -
sinta o olor da flor do lácio:
um dia inda aprende o negócio
e transcende seu ócio e bócio...
Residiu num verso livre?
Soube escandir um soneto?
Deste mundo um grilo te livre
e torne o pinóquio ao gepeto.
E agora, no placar:
Ivan: "trocentos..." x 4,75 bocágil
Repórter de campo literário:
Ivan, os comentaristas estão dizendo que você pegou muito pesado nessa última sátira, e alguns chegaram a criticar sua métrica de pés quebrados...
Pés quebrados foi a equipe adversária que chegou usando: aí resolvi devolver de bate pronto - vou lá caprichar muito na métrica contra essa renca de beques de fazenda?
vc é muito polido, meu caro ivan.
te conheço de outros carnavais.
A primeira grande resposta
Pois bem, vou lecionar-te em terça rima,
visto que as aulas que demais precisas
são tantas que não cabem na suprema
obra prima, o soneto. Sopras brisa?
Eu sou tormenta: - As tuas dez quadrinhas
parecem mais uma marchinha cinza,
uma ciranda pra ninar as criancinhas.
O teu leitor já te imagina rouco,
cantando, tonto e louco, a ‘batatinha
quando nasce” ou qualquer outro descoco
ao nível de teus versos infantis.
Patati patatá, teu ritmo a soco
tampouco me convence. E consoante
ao principiante passo de teus pés
estão as tuas rimas hesitantes
e barrocas, tal como se paetês
e lantejoulas fossem preferíveis
à nudez da mulher. Um tolo és,
um tolo e nada mais. E as sofríveis
tentativas de esconder a covardia?
O medo (o calcanhar) e as ilegíveis
invectivas vãs à forma - arredia
às tuas mãos impróprias? Mais te vale,
Ivan, eu te repito neste dia
grave, que vale mais que tu te cales
a que te afogues em palavras pobres
dispostas em sentenças podres. Cale-se
a boca torpe e ascenda-se por sobre
toda a cidade a boca ágil, viva,
de um ser que pisa a Quinze como um nobre,
com pés malandros e alma combativa.
Já basta de impostores perspicazes.
Esta cidade, a minha Curitiba,
possui a sua voz nativa, e quase,
se te crê, e nos teus treze comparsas,
a troca por bocejos frágeis; quase
troca a boca maldita pela farsa
de uma língua medíocre, ilusionista.
Já nada mais agora te disfarça,
arranca o véu que te mascara e, triste,
escuta o canto que o poeta canta
co’a maestria de um supremo artista:
as flores dos ipês, como uma manta,
estão ao pé das árvores na praça.
Hoje começa a primavera, e encanta
a todos. E é bem bom que se desfaça
o frio e a paz se faça, como se um rio
corresse sempre à foz que nos congraça.
A paz que te propus é como um fio
que liga um peito ao outro, mas é frágil.
Lá atrás eu te propus, porque confio
que o duelo em palavras é um estágio
pra chegar-se ao silêncio, ao bem oculto.
Mas se te apraz negar-me, a mim Bocágil,
a paz gentil, capaz ao homem culto,
não há problema, não temo teus poemas,
pois sob a flor do ipê já estás sepulto.
uau!
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O prazer ao seu lado
Definitivamente, boquinha, vc é foda!
Lari.
O Bocágil é um poeta
De mão fácil e ligeira
Presto a falar besteira
Tem estro escrito na testa
Ivan Justen é um gênio
Inventivo e combativo
Se escapar Bocágil vivo
Dou-lhe um balão de oxigênio
Na peleia de dois mestres
Nunca há um vencedor
Se um dá, mais o outro é doador
Vai-se um ano em dois semestres
Vai-se a dia e vem a noite
E um poeta ainda espia
Culpa que cada um expia
Solução é meu açoite
Diz que em briga de aprendiz
O infeliz faz só ofensa
Dá cabeça e recompensa
Pensa que do outro é juiz!
Vou parando por aqui
Vou deixando os dois a sós
De minha musa ouço a voz
Mas gostei do que já li.
Gregório de Campos
Boa, Gregório!
Simples, claro e fatal.
Mostra pra eles como é que se escreve.
Nancy Lopes
Poeta
Elementar, meu caros, pra ser poeta tem que estudar um muito.
A nossa poética, ou seja, a poética luso-brasileira, tem origem na poética greco-latina. Em sentido amplo, Poética é a ciência que estuda a Poesia. Em sentido restrito, refere-se apenas ao estudo filosófico da Poesia, designando-se melhor como Poemática a observação estrutural e técnica do Poema.
E Poesia? Poesia é, antes de tudo, um acontecimento, uma visão que prescinde dos olhos, mas também prescinde do Espiritismo; uma organização harmoniosa ou não de componentes físicos e/ou metafísicos que existe no tempo, e pode ou não ser encontrada pelo homem, do mesmo modo que a escultura já existe embutida na pedra, cabendo ao escultor apenas encontrá-la, descobri-la, tirando-lhe as "sobras", a falsa moldura. A arte de escrever em versos, ou, aquilo que desperta o sentimento do belo. Para Ezra Pound, Poesia é Música, e não Literatura. Os simbolistas já antegozavam essa visão. Para o poeta e teórico T.S. Eliot "toda verdadeira poesia é uma visão do mundo". Para Carlos Buosoño "Poesia é, antes de tudo, comunicação, efetuada por palavras, apenas, de um conteúdo psíquico (afetivo-sensório-conceitual) aceito pelo espírito como um todo, uma síntese. Nesse conteúdo anímico predominará às vezes, o sensório, outras o conceitual, pois o poeta, ao expressar-se, nunca transmite puros conceitos, conceitos sem mescla de sensorialidade ou sentimentalidade". Para os dicionaristas, em geral, Poesia é a obra literária escrita em versos. Vamos a eles.
Verso - A linha escrita, de sentido completo ou fragmentário, que se caracteriza pela obediência a determinados preceitos rítmicos, fônicos, ou meramente gráficos, pelos quais difere das linhas da Prosa. O verso, para gregos e latinos, em seu significado original, era o sulco, a linha aberta no campo pelo boi que puxava o arado. Linhas que iam e voltavam, vendo os gregos aí, um paralelo com a sua escrita, da direita para a esquerda, e voltando desta para a outra, e assim por diante. O estudo do verso nos leva aos conceitos de cadência, ritmo, metro, rima e figuras de estilo.
Metro - Diz respeito ao ritmo do verso, que era comumente formado por determinados acentos e cadências, tendo por base o número de sílabas. A métrica é a medida do verso, e metrificação sua aplicação prática. Para que um metro seja considerado como tal, é preciso mais que a devida contagem de sílabas fortes (tônicas), criando a cadência, o ritmo, termos correlatos. A rigor, cadência é o esquema acentual obrigatório de certos tipos de verso; e ritmo, a seqüência de sílabas fortes e fracas segundo a pronúncia normal das palavras.
Rima - É a concordância de sons, finais ou internos, entre um verso e outro no corpo do mesmo verso. Tem importante atuação na construção tanto da cadência quanto do ritmo.
Tipos de verso - Há versos brancos (sem rima), livres (sem metro), e há a classificação segundo o número de sílabas poéticas e suas tônicas. A redondilha menor, a redondilha maior, o decassílabo e o alexandrino são os versos mais usados, segundo o número de sílabas poéticas.
Redondilha menor e maior - A primeira é formada de cinco sílabas poéticas, e a segunda, sete sílabas poéticas.
Ex.:
Menor: "Corrija-me agora
o pouco de amor
mas vem sem demora
por mim, por favor".
Maior: "És um senhor tão bonito
quanto a cara do meu filho,
tempo, tempo, tempo, tempo."
Decassílabo - O mais cultuado dos versos de forma fixa. Pode ser sáfico, quando os ictos caem sobre a quarta e a oitava sílaba, ou o heróico, quando o único icto cai, primorosamente, sobre a sexta sílaba. Ex.:
De tudo ao meu aMOR serei atento,
antes, e com tal ZElo e sempre e tanto,
que mesmo em FAce do maiOR encanto,
dele se encante MAIS meu pensamento.
Alexandrino - Considerado Verso de Arte Maior, o Alexandrino tem doze sílabas, com cesura obrigatória na sexta sílaba, criando uma pausa sensível entre dois hemistíquios. Ex.:
Dava-lhe a custo a sombra escassa e pequenina
Faz-se importante deixar claro que a distribuição das tônicas é que faz o verso, o metro, mais que a contagem das sílabas. Portanto, se um verso tem dez sílabas mas não é sáfico ou heróico ele não é um decassílabo, mas um verso de dez sílabas. O alexandrino, por sua vez, será considerado como tal se registrar a obrigatória cesura. Do contrário, não passará de um verso de 12 sílabas.
Dentro das chamadas formas fixas da Poesia, há aquelas que atravessaram anos, séculos, milênios, sendo cultivadas e cultuadas ainda hoje, em todo o mundo. Vamos a elas.
Soneto - É o tipo de poema mais cultivado, entretanto o mais desencorajador, dentre todos os tipos de poemas populares. Tornou-se prova para poetas, castigo para poetastros. Sua estrutura é um universo em si, perfeita, plena, absoluta. Composição poética constituída de 14 versos divididos em quatro estâncias: dois quartetos e dois tercetos, e cuja tradição pede que seu desfecho tenha "chave de ouro", ou seja, que seu último verso possa representar todo o poema, numa espécie de epílogo, ou título final.
Oitava italiana - Forma criada pelos italianos para a estrofe de oito versos decassílabos, com rima aguda no quarto e no último, podendo ser brancos o primeiro e o quinto, e não havendo especificações quanto aos demais.
Terça Rima - Tipo de poema estrófico usado por Dante na Divina Comédia, e constituído por uma série de tercetos cujos versos primeiro e terceiro rimam entre si e com o segundo da estrofe anterior.
Haicai - Tipo de poema japonês de forma fixa, formado de 17 sílabas distribuídas em três versos (5-7-5) sem rima, como toda a poesia nipônica. O gênero foi imortalizado pelo grande poeta Matsuo Bashô, do século XVIII. Para se chegar ao limite da beleza e sonoridade de um haicai é desejável criar uma espécie de cascata rítmica perpetrada pela sonoridade interna, que pode ser conseguida com versos leoninos. Ex.:
Uma folha morta,
Um galho no céu grisalho,
Fecho a minha porta.
Sobre palavras agudas, graves e esdrúxulas
Aguda é a palavra oxítona. Grave é a palavra paroxítona, e esdrúxula, as proparoxítonas. Diz-se de um verso agudo, grave ou esdrúxulo se terminado com um desses tipos de palavras.
Tipos de rima
Basicamente, quanto ao som, podem ser as rimas consoantes, quando rimam a última vogal tônica e todos os sons ou letras que se lhe seguem no final do verso; e toantes, quando rimam apenas as últimas vogais tônicas.
Quanto à arrumação na estrofe, podem ser emparelhadas, feitas em pares de versos consecutivos, ou cruzadas, no esquema abab, na estrofe de quatro versos.
Há uma porção de gêneros e expressões que ficaram de fora desse "Elementares", por me parecer desnecessário ao iniciante, mostrando-se mais interessante ao simples olhar ou ouvido curioso. Uma vez apreendido o que aqui foi registrado, pode o neófito buscar mais informações na grande quantidade de livros e tratados de versificação portuguesa.
Sugestão de Leitura
Pequeno Dicionário de Arte Poética - Geir Campos
Tratado de Versificação - Olavo Bilac e Guimarães Passos
Vocabulário de Poesia - Raul Xavier]
ABC da Poesia - Ezra Pound
Nova Gramática do Português Contemporâneo - Celso Cunha e Lindley Cintra
O que é poesia - Fernando Paixão.
Pela simplicidade, cadência e clareza. Os poetas aqui, por ordem de técnica, domínio e inspiração, são em primeiro Gregório de Campos, depois Ivan e em último o Bocágil, que tem muito a aprender.
Régis Bonvicino
Se vcs não tem o que fazer por não vão trabalhar?
Sérgio Viralobos
se não temos nada a fazer pelo não, não nos resta trabalhar.
êita, a arte de copiar e colar não cola, Régis!
Tô esperando o Ivan...
Lari
Já que a platéia me reclama...
bocágil - gentil?
amansou com as pancadas:
sua voz em funil,
agora adoçada,
celebra esta primavera,
porém tende ao nada -
se mais ele espera,
dou-lhe um leve piparote -
que medo da fera...
Do "sepulcro" debaixo das flores de ipê, o espírito de Ivan ergue-se e adverte:
"bocágil... pobre ignorante...
pensas ser um novo Dante -
com teu verso redundante...
toma tento, e não se mije,
que o soberbo só se aflige
lá nos pântanos do Estige..."
ivan,
seria bem interessante um duelo seu com o sonetista lambedor de pé.
com licença poética de um bom leitor-espectador-virtual, vou enviar um desses seus poemas.
Ivan, não convenceu. Levanta o nível, meu. O cara escreve um poemaço e vc me vem com isso?!. (E ainda compara o cara com Dante sem que ele tivesse se comparado!!!)Porra! PQP.
Olha, tô esperando ainda...
Lari.
não sei quem é lari
mas pelo que já vi
é um cabeça de bagre
e a alma de lambari
se não se convenceu
diante ao novo milagre
e chama de poemaço
ao que pego e amasso
do ivan não foi em vão
do bocágil, bobão,
pra fazer um então
precisa de um montão
tá bão?
Gregório de Campos
a propósito, bocágil
quem dá vez ao ego
até em terra de olho
acaba ficando cego
menos, meu jovem
tens talento e estro
devagar vá já polindo
o canhoto não é destro
não é feio ser tão lindo
poetas, tudo podem
mas que tal, pra não começar mal
dar uma revisada gramatical?
Gregório de Campos
Lari, lari,
que presumo ser uma Larissa -
assim como presume-se
que "bocágil" é um "cara"
(por detrás do pseudônimo,
vai que não é uma sapata?) -
o que você chama de poemaço
é um semi-canto, semi-tonante -
que nem comparei com Dante...
O "cara" se queixa dos meus socos
e vai nos dele, aos solavancos...
Além disso,
enche-se de auto-elogios -
"elogio em boca própria é vitupério"...
Assim, o "cara" é um caso sério
da chamada egolatria -
isso já não é mistério
pra nenhuma psiquiatria...
Eu fiquei até contente
pela atenção dispensada -
faço até mais uns versinhos
pra que a nossa piazada
dance em torno de bocágil,
enquanto gagueja os ictos
que à Larissa são convictos:
o bocógio quando nasce
vem dobrar-se ao ivanzinho:
bocoginho-nho-nho
dimirou-se-se
com pedrinhas (com pedrinhas)
com pedrinhas no caminho
(uau!)
Interessante (e mais desavisado)
é o caso do Gregório de Campos -
similar ao de bocógio em seu início:
polemiza a qualquer preço
(será mais um que mereço?)
Enfim, Lari,
todos andam atrás da poesia -
sabe alguém onde ela está?
Hoje eu achei que sabia:
lá-lari-lari-lará...
a Larissa é chata e não sabe de nada.
Ivanzinho meu caro,
Até quanto este medo
De entrar pelo ralo
E não ter sossego?
Prefere senão assim:
Sentir que apetece
Com poeminha chinfrim,
A quem não conhece
Não sabe se cisca ou vale um vintém,
Se em pé ou de quatro anda,
Mas se assim a coragem te vem,
Vá em frente e aproveite a demanda.
Gabi Fonseca (a sua)
soneto só e tão somente para dizer adeus ao bocágil e que, por ser frágil e frouxa a maioria de seus versos, mesmo assim não lhe quero mal, mas espero dias melhores e melhores tratos aos seus saberes.
do ivan, espero menos menosprezo ao adversário que se apresente, pois poeta, por mais fraco que seja, é um elo da nossa mesma corrente. a propósito, ivan, ele não é o inimigo. quem é o inimigo? quem é bocágil, quem é você?
obrigado, mas não precisam me responder.
boca do purgatório
não fale, justo ivan, meu nome em vão,
desavisado é quem, sem nem saber
do que se trata, põe-se a não caber
em si e intitular-se sabichão...
tão nobre, o infeliz, de pés no chão,
com a bunda de fora, diz o quê?
como um reles dândi, o “lavoisier
dos versos” descobriu que a combustão
se dá quando o inflamável ao oxigênio
faz contato e, então, ateia às vestes
o fogo da imodéstia e se acha: “gênio!”
diz mais: “em curitiba treze pestes
há, que me contaminam, vou varrê-los
e nem ao menos despenteio os cabelos!”
Gregório de Campos
por favor, ivan, apague as 3 postagens anteriores. deixe somente esta última se assim o quiser.
Gregório de Campos
kkkkkkkkkk
Não acreditei no que li.
Ivan e Bocágil acho que tem algo melhor na parada.
Ouçam o conselho do boca do purgatório:
dêem-se as mãos
e aprendam com quem sabe
se é que ser poeta
é o que vocês dois querem.
Um abraço aos três
do Beto Ribeiro
Tô gostando de ver, boca do purgatório, um pouco de bom senso a esses rapazes tão talentosos e tão bocudos não vai lhes fazer mal nenhum.
Abraço
Fernando Kahal
Me passaram o link desse combate que, sei lá, parece briga de (trans)viados. Ponto para o Boca de Purgatório, seja ele, o juiz da porfia, o fiel da balança, pelo menos esse tem senso e como poeta dá dó dos dois. Mas, por favor, deixem de lado os ataques pessoais e vão firme, com o porrete na mão, sobre os versos um do outro. Afinal, isto é ou não é, um desafio? Li tudo. O Bocágil está perdendo e o Ivan está devendo. Sábio, o Gregório, apontou o caminho. Então vamos lá, meninos!
Fábio Campana
uma bosta de comentário
As mensagens da Lari são ruins.
Ivan: To devendo um ataque.
Chico
Eles são amigos e tudo isso é combinado
Não sejam burros
Otávio.
mais do que amigos. irmãos, caimitas.
POR UM MOTIVO MELHOR QUE O MIJO EM DISTÂNCIA
como podes malbaratar assim
(e tão de mal) teu fôlego de vida,
invés de qual gregório, "contra vim"...,
lanhar os reis balofos da política?
não entendo este afago fratricida.
pra sujar o gesso das quatro patas?
entendo o golpe mas não quem vergastas.
não sabes que poetas, em curitiba
nem se fala, são como que chacretes,
mais "démodés" que afiadores de faca?
corona, justen, tu (bocágil) e eu,
pobres coitados e dignos da pena,
cisma do que não fomos pois não deu,
condenados a curitiba eterna
…"infamia non est medicamen in hortis"
r.m.
Rodrigo Madeira me parece um poeta dos bons. Rodrigo, não sei se já viu, cito trechos do teu poema na reportagem que escrevi na Folha de Londrina: http://materiaspublicadas.blogspot.com/2008/06/aos-ps-da-catedral.html
este otávio aí tb não sou eu,
não há nenhum problema em alguém se chamar otávio além de mim, mas quero deixar claro q eu sou apenas este q abre para o endereço do blogspot e q ainda está protegido por senha. Nunca posto comentários anônimos.
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