Depois duma viagem a Londrina
(fui pro Londrix, festar literatura),
me animo a fazer uso da terzina –
talvez eu ilumine a mina escura
na qual chafurda um “vate” possuído
pela nhaca macaca da chatura.
Tal “vate” se acha o máximo: embebido
nos mucos e melecas do seu ego,
surgiu regurgitando por aqui. Do
pico da sua empáfia expressou: “pego
as fezes que tu fazes, Ivan Justen,
e faço delas peças do meu lego”.
Por mais que tais peçonhas não se ajustem
ao ovo de colombo (um simples tema:
não foi composto a fim de que se assustem),
o “vate” despertou ao som de: “gema”.
E então começa um desafio de verve:
eu, questionando as rimas, o problema
do gol de mão, o ritmo que não serve
no metro de arranjos mal ajambrados,
enquanto o sangue corre, queima, ferve;
e o “vate”, inflando, aprimora os brados,
afia as garras nos meus gumes, sobe
a aposta, cria um blogue. Desdobrados
os comentários, outras vozes sobre
as obras tentam provocar mais briga.
O “vate” atinge um tom que se quer “nobre”,
mostrando até que ponto ele se obriga
em sua “primeira grande resposta” –
pra mim, o desgraçado duma figa
tinha feito assim uma grande bosta.
Com três haicais soltei-lhe um peteleco,
e, em sacrifício, pus minha alma exposta –
fantasma irônico, rimando em eco:
achei sinistro o alerta de soberba,
talvez porque eu também sinta que peco...
A coisa ficou toda mais acerba,
perdi minha paciência com uns danos
a versos pro Batista: pô, que merda!
– são versos que já têm mais de dez anos...
Agora o “vate” investe em dois pseudônimos,
mira Thadeu e Béco: cai de enganos –
fascina-se por elogios anônimos?
Fácil, bem fácil: quer fazer “faxina
em Curitiba” o tonto com os encômios!
Porém, na fúria fútil e assassina
mancha a cidade em vez de celebrá-la,
sucumbe a um sádico prazer, e mina
as próprias fontes, paladino mala!
Vieste aqui celebrar meu enterro,
mas minha voz, mesmo em surto, não cala:
Bocágil, tu és o tolo, teu é o erro:
acuso os golpes – mas naquela terza rima
(à qual reconheceram: obra-prima)
a certa altura a tua voz ficou serena -
e a minha, agora, já largando a forma fixa,
pela emoção que sempre triunfa nas arenas,
propõe-te a trégua das sublimes canções líricas...
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14 comentários:
Perfeito! Restou ao Bocágil, a lição de humildade, reconhecer os poetas da cidade. Se bem que, certeza, ao nos provocar já nos concede a realeza.
Gregório de Campos
Ivan, rimar é fácil, rimar no metro é que é difícil. A maioria vc engana, mas não todo mundo. Esses versos tão capengas, tem de 9, tem de 10, tem de 11 e até de 12. Melhor é dar uma revisadinha...
Otávioi.
sem pianos de borracha
giulianquase.
Isso aí meu gato, manda bala, você é ótimo!
Bisou, G.
Ivan, uma coisa é certa, o cara te fez escrever como vc nunca escreveu...
S.N.
Otávioi:
rimei no metro até o arremate, no qual a emoção provoca a quebra da forma fixa - e os versos vazam para mais sílabas -
nenhum verso tem 9.
Melhor é dar uma revisadinha na sua avaliação capenga, que se detém na questão da forma.
caro amigo ivan, sequer suponho os motivos da briga aqui do meu quarto tão ensolarado na manhãs e não menos gelado ao entardecer, mas não posso permitir que passe batido poema assim perfeito formalmente e diverdito em seu tema, que delícia ler em voz alta deixando a língua sapatear nas sílabas tônicas e nas rimas bem achadas, sem contar a elegância dos versos finais, vai o forte abraço do leprevost.
Realmente este poema ficou genial.
Cara, você é foda!
Abrax,
Agradeço ao Lepre e ao Giuliano -
curtiram e apoiaram: valeu!
Quanto ao comentário de S.N. (Sem Nome?) - é só dar uma olhada nos meus arquivos - especialmente Abril 2008 - tem uma terzina por lá, e o Otávioi pode ir conferir o metro e as rimas daquela também...
Já a G. não vai perder por aguardar as próximas postagens...
ei, ivan, é sempre uma honra e um aprendizado passar por aqui.
giulianoquase.
Mal posso esperar para receber
seus lindos poemas líricos...
Bisous (mordre), G.
salve poeta!!
puxa, ivan, incrível!
os três versos finais são o que há.
e danem-se esses caras que ficam SÓ contando sílabas. o metro, o metro. porra, são compradores de tecido por acaso?
abç,
rodrigo madeira.
Olá, alguém assinou "otávioi" aí,
e como eu já tinha comentado neste blog (q acompanho) antes, quero dizer q não sou eu. Apesar de eu não ser o único "otávio" no mundo, e da pessoa ter assinado com um "i" no final, resolvi - num momento de egocentrismo talvez - resguardar a minha integridade.
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