sexta-feira, outubro 31, 2008

Outubro acabando

Não são só todas as festas de ontem
que você já perdeu e fim de conversa,
não é só a sua inteligência
virando indigência,
nem apenas o amor que você quer
e precisa sentir e não sente,
ou o advérbio dementemente
que ocorreu agora, por inadvertência -
não é só a sua falta de comando
de qualquer rima chegando em bando:
além disso tudo
é o mês de outubro
que sem escrúpulo está acabando.

7 comentários:

Zoe de Camaris disse...

Adorei o poema. Escutei sua voz em cada verso.

Zoe de Camaris disse...

Adorei o poema. Escutei sua voz em cada verso.

Anônimo disse...

como sempre
ivan

refinadíssimo

evoé
giulianoquase

tecatatau disse...

pô ivan, você anda um tanto improdutivo.

Anônimo disse...

outubro já acabou, novembro está e as construções permanecem iguais, até o próximo desmoronamento.

Curitiba é um copo vazio cheio de frio disse...

Salve, Ivan

Resolvi te mandar este
vendo novembro caminhar

Eterno

As janelas mudaram de cor e ainda são incompreensíveis os ventos que sopram os nimbos nos últimos seis meses. Faz frio e as tormentas são noturnas. Um entrecortado de vazios entorpece e como que pára este tempo. Lugar de sombras ou de profundo amor. Ponta de precipício ou beirada de túmulo. Flores murchas e o odor úmido do decompor atravessam as horas presas nas carnes quase usufruídas como prostituição, puramente. Arremetidas. Retido. Flores fadadas à secura e à escuridão segundo grita um oco lá do infinito das gavetas de memórias e instintos. Embora felizes com as passagens velozes de quase amor, os dias de ausência cobrem as pernas de veias. O envoltório da Alma repetirá o destino destas murchas e ensimesmadas pétalas de mãos dadas. As pequeninas, por não poderem andar, restarão presas ao vaso mal cuidado, sua terra velha semi-árida e as beiras com lascas adquiridas ao longo dos tratos. Flores e Alma a sentirem o aroma da morte. Sem pernas na beirada de um túmulo, murcharão, por destino, inevitavelmente, jazendo simplesmente como margaridas esquecidas que são. O corpo, em pó esmaecido, padecerá do suplício eterno da constatação de que quanto mais antigo o túmulo, mais sozinho.

Bárbara Kirchner

Anônimo disse...

outubro já acabou gatão, dias novos!
Σε αγαπώ