No meio do caminho da poesia
as formas ondulantes voltam como
sempre. A vontade brilhante e sombria
é refazer quem, quando, por que, como.
Onde encontrar a velha vaca fria?
Qual será a língua da vaca sagrada?
As antas e os tatus de antologia
vazam do mato que a ninguém agrada.
E você, o que quer, meu caro Ivan?
Tanta firula e nada de chutar?
Empacou na quadra quadrada e vã
ou vai enfim chegar nalgum lugar?
Bom, o que eu queria, queria muito,
muito bastante mesmo (gaguejando)
era que, mais que um blábláblá fortuito,
meu verso tivesse poder de mando.
Primeiro, pra mandar os meus amigos
largarem mão de brigas por bobeira,
erguendo os olhos longe dos umbigos
(essa foi pro Renato e pro Ferreira).
Segundo, não sei. Era isso que estava
sujando a minha veia de poeta:
venenos agindo na vida brava
e eu só versando feito um mero esteta.
Quero influir na vida de verdade
e, mais que rimas ricas e solenes,
conseguir resgatar uma amizade,
reconciliando a banda dos Marlenes.
Se meus amigos têm que tomar algo,
eu resolvi tomar uma atitude:
o resto é com vocês. Agora eu salgo
essa sopinha e fim – fiz o que pude.
sexta-feira, outubro 23, 2009
terça-feira, outubro 06, 2009
AO LONGO DA TORRE DE CONTROLE
– Tem que ter uma saída de emergência –
Disse o coringa para o ladrão,
– Eu já não acho mais paciência
No meio de tanta confusão.
Peões cavam no meu cercado,
Empresários bebem o meu vinho,
Mas ninguém sabe o valor estimado
Duma pedra no meio do caminho.
– Não adianta ficar nervoso –
Disse o ladrão, em tom bondoso.
– Muitos de nós têm a ideia engraçada
Que a vida não passa duma piada.
Mas eu e você já passamos por essa
E não fazemos mais fé em promessa,
Então vamos deixar de falsidade
Porque o tempo já vai tarde.
Ao longo da torre de controle
O Príncipe vigiava atentamente,
Iam e vinham as mulheres da corte
E os pés descalços da sua gente.
Lá fora, na distância gelada,
Um gato selvagem rompeu a rosnar,
Dois cavaleiros se aproximavam
E o vento inventava de uivar.
Versão brasileira feita por este que vos escreve - quem comentar respondendo de quem é o "texto original" e acertar, ganhará três links de presente...
Disse o coringa para o ladrão,
– Eu já não acho mais paciência
No meio de tanta confusão.
Peões cavam no meu cercado,
Empresários bebem o meu vinho,
Mas ninguém sabe o valor estimado
Duma pedra no meio do caminho.
– Não adianta ficar nervoso –
Disse o ladrão, em tom bondoso.
– Muitos de nós têm a ideia engraçada
Que a vida não passa duma piada.
Mas eu e você já passamos por essa
E não fazemos mais fé em promessa,
Então vamos deixar de falsidade
Porque o tempo já vai tarde.
Ao longo da torre de controle
O Príncipe vigiava atentamente,
Iam e vinham as mulheres da corte
E os pés descalços da sua gente.
Lá fora, na distância gelada,
Um gato selvagem rompeu a rosnar,
Dois cavaleiros se aproximavam
E o vento inventava de uivar.
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