quinta-feira, julho 22, 2010

Abrindo a mão a um amigo

Hoje meu prezado camarada Felipe Arruda me mandou o seguinte poema, que traduzi e posto (com ó de admiração...).
Para mais informações sobre a autora, clique aqui.


Fechando o Punho
(Making a Fist, by Naomi Shihab Nye)

Pela primeira vez, na estrada norte de Tampico,
eu senti a vida deslizando para fora de mim,
um tambor no deserto, cada vez mais difícil de ouvir.
Eu tinha sete, deitada no carro, assistindo às palmeiras
trançarem um padrão enjoativo pelo vidro.
Meu estômago, um melão rachado dentro da minha pele.

“Como a gente sabe se já está morrendo?”
supliquei para minha mãe.
Viajávamos havia dias.
Com estranha confiança, ela respondeu:
“Quando a gente não consegue mais fechar o punho.”

Anos depois, eu sorrio ao pensar naquela viagem,
nas fronteiras que temos de cruzar separadamente,
estampadas com nossas aflições irrespondíveis.
Eu, que não morri, que ainda vivo,
ainda deitada no banco de trás das minhas perguntas,
cerrando e abrindo uma pequena mão.


Versão brasileira: Ivan Justen Santana

5 comentários:

Otto disse...

Que poema lindo, Ivan. Na veia.

Felipe disse...

Ficou ótimo, Ivan! Eu ia mesmo sugerir que você traduzisse, mas fiquei com vergonha! haha Muito legal, vou divulgar no Twitter. :-)

MV disse...

Sensacional.
Grato por compartilhar conosco.

um abraço.

Getulio Guerra disse...

Cara, eu senti, mas pô. Eu não uso chapéu, deixo barba, tiro, uso boina, ora boné, ora touca... Gostei da sensação de um intruso desconhecido anônimo asduhsdahusdas

PS: Genial... “Quando a gente não consegue mais fechar o punho. #Morte"

Getulio Guerra disse...

Ah, "Superpoderes" fiz pro meu bom filho =) Especial.